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segunda-feira, maio 31, 2010

PALPOS DE ARANHA.

cesarbernardosouza@bol.com.br


Do ponto P ao ponto B o PT do Amapá pode estar botando o pés na estrada mais longa e tortuosa de sua existência pós oposição no estado. Refiro-me à decisão do PT (ou de patê significativa dele) de deixar o bloco do PP, abraçando-se (de novo) ao PSB, em busca de “resultados” nas duas próximas eleições: majoritária e proporcional.

Pode, o PT, tropeçar na própria historia que o fez sempre vice do PSB no Amapá, ora com Hildegardo ora com Dalva. Num caso, o do Hildegardo, o PT não se viu além de uma espécie de “câmara de eco” do PSB em seu fabuloso discurso pró-desenvolvimento sustentável – o PDSA de antão. Hildegardo se colocou como um “notável” neo petista: distante do trabalhador, mas qualificado interprete e difusor das teses “sustentáveis” que a notabilíssima Mary Alegrette fazia o governo ouvir, decorar e espalhar.

Nesses termos Hildegardo não foi nada importante para o PT, em mesma proporção que o PT nada representou no projeto de poder do PSB. Contudo, à época, o PT já significava números eleitorais imprescindíveis ao projeto de reeleição do PSB, razão pela qual o partido seguiria “dono” da vice governadoria. Mas não mais com a parcimônia do insípido Hildegardo, pois que a Professora Dalva seria a “mudança” do PT na continuidade do governo Capiberibe do PSB, ou do PSB do Capiberibe – como queiram. E o foi!

Dalva assumiu a vice governadoria com um discurso petista muito evidente: reforçar a “política” de formação de quadros do seu partido. Não se afastou dessa “linha” de pensamento até assumir o governo estadual por nove meses, substituição constitucional ao governador renunciante do PSB que saia para disputar uma vaga no Senado Federal. Dalva governadora mostrou capacidade e liderança política em geral... mas foi abandonada pelo PSB. Perdeu a eleição que disputou no governo para o governo abraçada pelo PMDB formal representado pelo senador Gilvam, também em campanha para sua reeleição

Depois em nova eleição Dalva se elegeu deputada federal e, assim, líder petista ( Dalvinha de Lula) negociou espaço para o PT no governo do PDT/PP, de Waldez e P. Paulo. Agora, na extensão do mesmo governo, Dalva quis mostrar-se coerente mantendo o PT no palanque do governador Pedro Paulo. Um bloco refletor: PP/PDT/PT/PC do B/PR. Fortissimo bloco eleitoral.

Em mesma circunstancia que Pedro Paulo ela foi governadora e candidata a governadora sabe, portanto, supõe-se, como montar um bom cenário eleitoral para casos como o seu e do governador. Ou seja, “algo” estaria a lhe dizer que PSB não é a melhor moldura para dar contorno definido às fotografias desse cenário.

E não só por coisas assim que Dalva poderia estar resistindo em levar “seu” PT para as raias do PSB. Ela também não teria como redigir o e-mail que leve ao presidente Lula e à pré candidata Dilma Rousseffe do PT a noticia de que espera-os e a Sarney e Gilvam, ninguém menos que os Capiberibe. E que ela, Dalva e companheiros, querem os quatro (Lula- Dilma- Sarney- Gilvam) entre aplausos e aclamações, erguendo os punhos dos três Capiberibe pedindo votos ao povo para Camilo governador, João Alberto senador, Janete deputada federal.

Muito me engano ou a Dalva está realmente em palpos de aranha. Ainda tem o Temer.

Nota: Muito importante e empolgante a pré candidatura da Dep. Est. Francisca Favacho, do PMDB, a Vice governadora na chapa do também Dep. Est. Jorge Amanajás, do PSDB. Animou-me a oferecer meu nome ao PMDB para disputar a vaga deixada pela deputada no Parlamento.  

TEMPO DE CAMPANHA ELEITORAL - TEMPO DE REFLEXÃO

Sinto vergonha de mim - Poema erroneamente atribuído a Ruy Barbosa recebe correção de autoria na declamação Rolando Boldrin.






" De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)" (® http://www.paralerepensar.com.br)



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O que houve foi um mal entendido.

O texto "Sinto Vergonha de Mim" é de autoria da poetisa Cleide Canton.

A citação, que corretamente aparece entre aspas, é de Ruy Barbosa.

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"Sinto Vergonha de Mim"

(Cleide Canton)

Sinto vergonha de mim…

por ter sido educador de parte desse povo,

por ter batalhado sempre pela justiça,

por compactuar com a honestidade,

por primar pela verdade

e por ver este povo já chamado varonil

enveredar pelo caminho da desonra.



Sinto vergonha de mim

por ter feito parte de uma era

que lutou pela democracia,

pela liberdade de ser

e ter que entregar aos meus filhos,

simples e abominavelmente,

a derrota das virtudes pelos vícios,

a ausência da sensatez

no julgamento da verdade,

a negligência com a família,

célula-mater da sociedade,

a demasiada preocupação

com o “eu” feliz a qualquer custo,

buscando a tal “felicidade”

em caminhos eivados de desrespeito

para com o seu próximo.



Tenho vergonha de mim

pela passividade em ouvir,

sem despejar meu verbo,

a tantas desculpas ditadas

pelo orgulho e vaidade,

a tanta falta de humildade

para reconhecer um erro cometido,

a tantos “floreios” para justificar

atos criminosos,

a tanta relutância

em esquecer a antiga posição

de sempre “contestar”,

voltar atrás

e mudar o futuro.



Tenho vergonha de mim

pois faço parte de um povo que não reconheço,

enveredando por caminhos

que não quero percorrer…



Tenho vergonha da minha impotência,

da minha falta de garra,

das minhas desilusões

e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir

pois amo este meu chão,

vibro ao ouvir meu Hino

e jamais usei a minha Bandeira

para enxugar o meu suor

ou enrolar meu corpo

na pecaminosa manifestação de nacionalidade.



Ao lado da vergonha de mim,

tenho tanta pena de ti,

povo brasileiro !



***



” De tanto ver triunfar as nulidades,

de tanto ver prosperar a desonra,

de tanto ver crescer a injustiça,

de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,

o homem chega a desanimar da virtude,

a rir-se da honra,

a ter vergonha de ser honesto “.



(Rui Barbosa)

segunda-feira, maio 24, 2010

NADA DE NOVO OUTRA VEZ.




Político em campanha eleitoral normalmente fala em Deus, mas Marina, Serra e Dilma não. Desenvolvimento, crescimento, emprego, renda, inclusão social e digital, bolsas sociais... tudo com “sustentabilidade”. É a pregação deles enquanto caminham para a posse no palácio presidencial. Mas, certamente, não estão esquecidos da narrativa da criação segundo a qual “Deus viu tudo que fez e achou que era bom” (Gen 1,31). Compreendem, certamente, que o Brasil se afastou muito do “paraíso” terrestre descrito por Vaz Caminha em sua carta de sessenta e duas laudas enviada daqui ao seu rei, em Portugal – 15000.

Admitem eles, certamente, que éramos felizes naquele Brasil contemplativo e não sabíamos. Contudo, sabem eles que não nos darão o novo Brasil que prometem sem pelo menos uma passagenzinha pelo “hino” de São Francisco: se der recebe.

É sabido que Marina, Dilma e Serra são pessoas de largo conhecimento do mundo, dia sim dia não nos acenam através de câmeras de televisão que os monitoram mundo à fora. A duvida que nos assalta é saber se eles conhecem a historia da humanidade, se sabem o que fazer com isso, se querem mudá-la ou ao mundo. Até agora parecem prometer o obvio em suas primeiras falas publicas como candidatos presidenciais: repetir e em alguns casos aprimorar o que realizou ou prometeu realizar o governo Lula.

Da idade media para cá a humanidade usou o vento para tocar moinhos e embarcações, depois a água para mover maquinas cada vez mais pesadas. Queimando florestas passou-se a tocar embarcações, moinhos e maquinas com vapor d’água. Novas e muitas maquinas, moinhos e embarcações levaram ao uso industrial do fogo: recorreu-se ao carvão e ao ferro. Com isso, mais energia.

Daí o mais de tudo que acabou nos levando a locomotivas e consequentemente ao transporte de massas mais rápido e com mais distancia entre saída e chegada. O cavalo e o braço humano foram saindo de cena em nome do lucro e da produtividade.

Basicamente vem daí o desequilíbrio ecológico que agora tem que fazer parte do discurso de Dilma, Serra e Marina. É que vapor, ferro fundido, carvão, maquinas e motores serviram ao homem segundo modelos poluidores da água e do ar por causa de resíduos sólidos e gases efluentes mal cheirosos e nocivos à saúde do homem e da atmosfera.

Ao carvão soma-se o petróleo, cujo produto final é o CO², em toneladas. Ainda inventou-se a motosserra, inchou-se as cidades, multiplicou-se as frotas à razão de milhares de veículos por dia, desmatou-se, aqueceu-se o ar, acumulou-se toneladas de lixo, chegou-se a endemias transformadas em pandemias.

No entanto, Serra, Marina e Dilma estão falando de “sustentabilidade transversal” prevista em todos os seus projetos e programas de governo – vá lá que seja eles são “os caras”.

Em vidas passadas podem ter sidos deuses ou no mínimo gregos palacianos (mitologia é mãe generosa dos nossos silêncios)., na vida real, no entanto, foram ministros de pastas importantes no contexto federativo brasileiro. Poderiam, nesses caso, combinar um cabeçalho para os seus “diferentes” discursos, escrevendo a seis mãos: “Vemos tudo o que fizemos e achamos que não vamos repetir”.

Nota: A Prefeitura de Macapá tem todas as credenciais ara receber e aplicar os 10 milhões de reais da emenda do Senador Sarney, na urbanização da orla e habitação popular. É conveniente olhar com mais objetividade para o Aturiá/Pedrinhas e, no contexto, a Avenida Equatorial enquanto extensão da Linha do Equador até “tocar” o Rio Amazonas. Os poetas e compositores já fizeram sua parte.

FATOS DA NOSSA HISTÓRIA

Mazaganenses não descendem de Mouros



Profº. Nilson Montoril

Alguns estudantes universitários que buscavam subsídios para a ela-boração de um trabalho de conclusão de curso me perguntaram de que parte do mundo vieram as referências a respeito de seres encantados e das sereias. A indagação decorreu da crendice que muita gente ainda tem sobre criaturas fantásticas do folclore brasileiro. Duas das estudantes, descendentes de mazaganenses, me contaram que seus avós tinham o costume de narrar episódios que teriam ocorrido em Mazagão Velho e em lugares vizinhos daquela vila. Disse-lhe que estes conhecimentos chegaram à região com os ex-moradores do Castelo de Mazagão, no Marrocos, transferidos para a Amazônia por ordem do rei D. José I. Na bagagem cultural dos migrantes também vieram curiosas lendas muito difundidas pelos mouros. No decorrer de mais de duzentos anos os portugueses ocuparam marte do litoral do Marrocos e sustentaram diversas jornadas bélicas com os mouros e os berberes. Em algumas ocasiões os litigantes mantiveram relacionamento amistoso e isso rendeu a absorção de alguns costumes e crenças por parte dos lusitanos. Muitos dos portugueses que vieram para Nova Mazagão nasceram no Castelo de Mazagão, na África, mas isso não quer dizer que eles eram mouros ou berberes. Os migrantes que possuíam escravos negros os compram de mercadores, alguns deles de origem moura. É provável que os escravos tivessem o hábito de contar às crianças histórias fantásticas próprias da região da Mauritânia e do Marrocos. Entretanto, as lendas sobre cobra grande nos herdamos dos colonizadores portugueses. Eles levaram nossos índios a creditar na existência de seres sobrenaturais e a perpetuarem a crendice. Em diversas oportunidades ouvi umas histórias deveras interessantes que os moradores mais antigos de Mazagão contavam sobre "encantamentos" de jovens e belas mulheres. O encantamento era um castigo imposto por uma feiticeira ou bruxa a alguém da estima de seus desafetos, que poderia ser quebrado à conta de adivinhações ou realização de proezas. Aliás, em um livro denominado "Temas Culturais", impresso em Lisboa por Edições Panorama,em 1961, vários escritores tratam desse assunto. Curiosa é a lenda das mouras encantadas em forma de cobra que passam a ter figura humana na noite de São João. Almeida Garrett confirma esta tradição: "é crença popular entre nós que na noite de São João todos os encantamentos que ordinariàmente andam em figura de cobras, retomam nessa noite sua bela e natural presença e vão por-se ao pé das fontes, ou à borda dos regatos a pentear os seus cabelos de ouro". Martins Sarmento escreveu que "em Riba de Âncora uma rapariga viu uma moura em forma de cobra num sitio chamado Picoto dos Mouros. Aqueles que a viram, juram que ela tem cabelos como de mulher". Em Oliveira de Azemés, é voz corrente que na noite de São João, surgem ao pé das fontes e nos penedos bichas mouras com a forma de cobra e com cabelo. Consigliere Pedroso informa que elas seguram nas mãos tesouras de ouro e quando encontram alguma pessoa, perguntam: "que desejais de mim, os meus olhos ou as minhas tesoiras? Se a pessoa diz que prefere as tesouras de oiro, as bichas mouras retiram-se muito tristes. Se pelo contrário, a pessoa responde que deseja os olhos, elas de tão contentes que ficam desatam a dar-lhes beijos e assim quebram o encanto". Em Portugal, o povo chama as mouras encantadas de mourinhas, encantadas ou bichas mouras. Vale esclarecer que o vocábulo bicha vem do latim bestia, que quer dizer animal. É por isso que nos dizemos que os amarelões de ventre proeminente têm bicha na barriga, ou seja, possuem lombrigas.No caso das bichas mouras poder-se-ia muito bem dizer cobras mouras.Os interioranos não tem medo delas porque são de boa índole.Entre as criaturas encantadas mais famosas despontam as sereias, cujas hipóteses de origem inclinam-se para a origem grega ou para a origem fenícia. Em se tratando de encantamento, a versão fenícia, no sentido de canto, é a mais apropriada, haja vista que o fator gerador do encantamento era exatamente a voz maviosa das sereias. Além do mais, a sereia retratada pelos gregos era metade mulher e metade ave, como as harpias. Na lenda fenícia a sereia é metade mulher e metade peixe. Na parte mulher a pele é pálida, os olhos escuros e os cabelos compridos. "As sereias gregas teriam voz horripilante, primeiro como de pranto, depois como de riso e gargalhadas, semelhantes a clamores de um arraial em festa." As sereias gregas também são chamaras sirenas, expressão derivada de seirén. Daí vem o nome sirene, que identifica o som das ambulâncias, dos carros de bombeiros e dos avisos de ataque aéreo ou qualquer momento de perigo. Para Kastner, "a fábula das sereias foi imaginada para sob a forma poética indicar os perigos que esperam os navegadores sobre os mares, ou melhor, num sentido filosófico, os perigos que o homem neste mundo, encontra no seu caminho". No livro "Auto das Fadas", escrito por Gil Vicente, há uma interessante quadrinha onde as sereias são denominadas fadas:" Vai logo às ilhas perdidas/No mar das penas ouvinhas; Traze três fadas marinhas/ Que sejam mui escolhidas". O primeiro bispo de Goa, D. Gaspar Leão, no seu notável livro "Desencanto de Perdidos", diz que as "fábulas têm fundamento de algumas verdades e que se chamam sereias a estas mulheres, pelo atrevimento que fazem aos homens com a formosura, as palavras e artifícios do oficio, com os quais, convidados os homens se perdiam". A lenda das sereias fascinou os nossos índios ao ponto de gerar a Iara, a senhora dos rios. Na cultura negra a sereia é representada por Iemanjá, a rainha do mar. No folclore amapaense possuímos uma "mão-de-samba" inclusa nas cantigas que louvam Nossa Senhora da Piedade. O folguedo teve inicio na localidade de Ajudante, em Mazagão. Posteriormente foi levado para a posse Santa Bárbara, no Igarapé do Lago do Rio Vila Nova. Mão-de-samba é o nome que se dá ao canto do batuque de Nossa Senhora da Piedade. O ritmo é diferente do ladrão do marabaixo e assemelhado ao lundu. É famoso o verso de repercussão que fala da sereia: "Fui passear com a sereia/ bicho do fundo levou/ corre sangue pela veia/ no coração deixa dor". Segundo Fernando de Castro Lima, ilustre folclorista português, "as moiras ou mourinhas são boas e generosas. As sereias são prenúncio de perdição e desgraça Para o citado escritor, a mitologia é a poesia da História, e sem ela não se poderá escrever nada de belo, nem de grande, nem de imorredouro".

Ele também se reporta a lenda segundo a qual Ulisses, herói grego da guerra contra Tróia e rei de Ítaca, teria sido o verdadeiro fundador da cidade de Lisboa. Fez isso ao alcançar à costa portuguesa depois de seguir os conselhos da feiticeira Cirse e livrar-se dos encantamentos gerados pelo canto das sereias quando retornava para seu reino. Amarrado no mastro de seu navio foi o único membro da tripulação que ouviu o arrebatador canto das fadas do mar. Seus companheiros usaram cera nos ouvidos e nada escutaram. Os portugueses contestam a versão de que Ulisses fundou Lisboa. A versão mais aceita é de que essa ação coube aos fenícios. Descobriram-se ao longo da costa de Portugal vestígios/artefatos deixados pelos fenícios, experientes navegadores acostumados a percorrer o litoral europeu.





Coisas Nossas

DISSE O DR. WAGNER GOMES

Vale o Escrito - Aos companheiros do PT

Nesta ocasião, trago aos meus leitores a “Carta” escrita pelo ex-Deputado Federal e membro do PT (Partido dos Trabalhadores) Lourival Freitas, por entender que retrata o pensamento da maioria dos filiados do partido do Presidente Lula:

Considerações sobre as alianças no Amapá (2010)

Quando, no início de 2006, o PT decidiu participar do governo Waldez (PDT), escrevi minha opinião e enviei para vários companheiros no Amapá.

A participação no governo, ocupando alguns espaços nas secretarias e principalmente na CEA, significava tacitamente um apoio à reeleição do Waldez.

Aquela situação nos engessava e nos impedia de seguir outro rumo caso não fosse possível uma coligação formal com o PDT, devido as restrições da legislação eleitoral (verticalização). O meu temor era que o PT ficasse sem alternativa e tivesse que, de última hora, improvisar uma candidatura ou disputar apenas as eleições proporcionais.

De fato o PDT lançou Cristovam Buarque como candidato a presidente, portanto inviabilizando a coligação com PT, pois Lula era o nosso candidato.

Aconteceu pior do que eu temia. O PT, impedido de coligar com o PDT, mas já tendo o compromisso de apoiar o Waldez, resolveu de forma magistral lançar um candidato laranja chamado Erroflyn. Nem o verdadeiro astro conseguiria convencer a população da seriedade da sua candidatura. Ele fingia que era candidato enquanto a direção do partido e os ocupantes de cargos no governo, participavam dos eventos da campa-nha do Waldez.

O Erroflyn é o símbolo do papel secundário e subalterno que o PT começou a desempenhar desde a eleição de 2006.

É incompreensível que depois de elegermos os prefeitos de Macapá, Santana e Serra do Navio, em 2004, e ocuparmos um espaço importante na política local e nacional, fossemos obrigados a aceitar uma rendição do PT aos interesses pessoais de alguns mandatários que pensando no imediatismo de seus mandatos, condenaram o partido a um papel auxiliar dos interesses do PDT, comprometendo o futuro do Partido.

Este fato é a demonstração clara que passou a vigorar a lógica do salve-se quem puder, e como puder. Os interesses coletivos e partidários ficaram submetidos aos interesses individuais que, utilizando-se dos espaços no governo trabalharam apenas para a obtenção de um mandato, desvinculado de qualquer projeto coletivo e partidário. De fato, em 2006 redu-zimos a nossa bancada a apenas um deputado estadual e uma deputada federal.

O desempenho pífio da candidatura do PT (Dalva) na eleição municipal de 2008, grande parte é reflexo do efeito Erroflyn. Muitas vezes fui questionado se a Dalva não seria o Erroflyn II. Será que ela não vai desistir para apoiar o Roberto? Se todos fazem parte do governo só podem estar fingindo ser candidatos, mas no final estarão todos do mesmo lado.

Na realidade o que a população percebeu era que o governo tinha 4 candidatos. O Roberto Góes era o principal e os demais coadjuvantes.

Como a eleição em Macapá historicamente sempre é polarizada entre um candidato do governo e um da oposição, o resultado não poderia ser diferente: o candidato Camilo Capiberibe, do PSB, disputou o segundo turno contra o candidato do governo Roberto Góes.

O apoio do PT ao candidato do governo, Roberto Góes, no segundo turno, só confirmou aquilo que a população já desconfiava, mostrou a impotência do PT e escancarou a nossa submissão a um projeto de poder dos deputados que comandam a Assembléia Legislativa do Estado.

Mesmo perdendo a prefeitura da capital, o PT ainda tem força em Santana, a segunda maior cidade do Estado, Serra do Navio e Ferreira Gomes. Este capital político não pode estar a serviço da reedição do papel lamentável que desempenhamos em 2006 e em 2008. Ou reagíamos agora ou estaremos condenados a ver um novo Erroflynn ( O retorno ) em 2010.

Participando de um bloco de aliança com o PDT e PP, ao PT estará reservado um papel subalterno na política local. Parece que nos contentamos apenas com os cargos que ocupamos na máquina estatal como se isto fosse a garantia de reeleger nossos dois parlamentares (Dalva e Joel). Não temos nenhuma referência de política pública que possamos demonstrar ao eleitorado como uma marca de nossa admi-nistração. Ao contrário, as referências que se fazem às administrações petistas são negativas.

A nossa política de aliança neste ano de 2010, não pode e não deve, se resumir a um ato de desespero para salvar os dois únicos mandatos parlamentares que nos restam. Sei que é cômodo para os detentores de mandatos parlamentares, ficarem quietos com os seus espaços no governo e apoiar o candidato que nos dá esta benesse. É tudo que nos resta?

Acredito que ainda temos força para buscar uma alternativa. Não acredito que nossos dirigentes estejam satisfeitos com a avaliação que se faz deste governo e com o resultado do nosso próprio trabalho participando desta administração. Quais os resultados que temos para mostrar para a população que justifiquem defender a continuidade deste governo?

Se quisermos recuperar o espaço e a importância política que já tivemos no Amapá, é preciso acreditar na nossa potencialidade, deixar de lado os ressentimentos e a tolice, e saber negociar com independência e altivez um papel mais digno e condizente com a nossa força e trajetória política, baseado num programa de desenvolvimento para o Amapá.”.



Wagner Gomes

wagnergomesadvocacia@uol.com.br

wg_ed.wagneradv@hotmail.com

PALAVRA DO PASTOR

O príncipe e o mendigo


Dom Pedro José Conti

Da equipe de articulistas



Um príncipe, saindo um dia a passeio, passou bem perto de um mendigo que lhe pediu uma esmola dizendo:

- Faça a caridade a um pobre irmão.

O príncipe parou, olhou o pobre e disse: - Eu não tenho irmãos pobres.

O mendigo replicou: - Nós somos todos irmãos em Jesus Cristo. O príncipe lhe deu uma moeda de ouro. E assim fez por dez dias em seguida. No décimo primeiro dia, o príncipe resolveu disfarçar-se de mendigo e passando perto do outro lhe disse:

- Faça a caridade a um pobre irmão.

O verdadeiro mendigo respondeu com raiva: - Eu não te-nho irmãos. Então o príncipe se revelou como tal e respondeu: - Entendi; você é irmão só de príncipes. E pegou de volta as dez moedas.

No Dia de Pentecostes refletimos sobre o dom do Espírito Santo que Jesus deixou para os seus amigos. O Divino Espírito Santo é, podemos dizer assim, o “dom dos dons” ou, se preferirmos, o dom que dá sentido e força a todos os ou-tros dons. Hoje se fala muito dos dons do Espírito Santo, também conhecidos como “carismas”. São Paulo, nas suas cartas, fez muitas listas desses dons; nós poderíamos também juntar outros. Não porque inventamos esses dons, mas simplesmente porque tudo o que nós temos recebido de qualidades e capacidades, a começar por nossa própria vida, pela fé e pelo amor, é algo que ganhamos de presente da bondade de Deus. Em outras palavras: se tudo o que temos e somos é dom de Deus, também tudo isso deveria ser colocado a serviço dos nossos irmãos. Deveríamos saber doar o que recebemos em dom. Afinal, fazer da nossa existência um dom “bom” para os outros é seguir, de perto, os passos do Mestre Jesus que não poupou a sua própria vida. Nós também deveríamos usar para o bem o que somos e temos.

Nem sempre é assim. Se usarmos dos dons recebidos exclusivamente para a nossa vantagem, ou para alguns esco-lhidos, estamos aproveitando somente parte das possibilidades que temos. Quanta inteligência é usada só para proveito próprio ou, muitas vezes, para enganar os outros menos espertos? Quanta bondade fica trancada entre as paredes de uma casa, pela incapacidade de sair para doá-la aos outros? Quantas vezes a nossa generosidade não consegue sair do nosso grupo, dos nossos amigos, dos que gostamos, como se os outros não existissem e não precisassem também ser amados? Somos bons, mas não amamos bastante. Selecionamos tanto os que decidimos amar que no fim reduzimos a quase nada o nosso amor. Desconfiança? Medo? Ou talvez porque não queremos doar um pouco do que recebemos. Ainda não entendemos a beleza e a riqueza do dar e receber por amor.

Isso acontece também nas nossas paróquias, comunidades, grupos e movimentos. Se quiserem interpretá-lo assim, é um apelo que eu faço. Há muita bondade e muitas capacidades entre nós. Há criatividade, fartura de arte, de oração fraterna. Temos muitas ideias e propostas que, se fôssemos mais unidos, poderiam mudar ao menos alguma coisa ao nosso redor. Mas tudo isso não sai de nossa casa, do nosso grupo, do círculo fechado das mesmas pessoas. Quem tem algo bom deve saber doá-lo também aos outros. Deve aprender a caminhar junto com os outros, num intercâmbio de dons; no diálogo, na paciência, na comunhão. Não podemos nos fechar somente no nosso grupo de “amigos”, que pensam como nós, nos agradam e nos fazem sentir bem. Existem também os outros, com e para os quais vale o mesmo. Os dons crescem e se multiplicam quando são trocados. Dando bom exemplo estimulamos os outros. Oferecendo uma boa palavra enriquecemos quem estava precisando. Mas também escutando o que outros dizem e conhecendo o que os outros fazem, aprendemos sempre alguma coisa nova. Ficamos felizes com as coisas boas que sabemos fazer, porém deveríamos também nos alegrar com o bem que outros fazem.

É fácil ser amigo de príncipes para pedir ou exigir; devemos aprender a sermos amigos, também, dos ou-tros mendigos para dar e trocar um pouco do que recebemos. Com certeza descobriremos que todos nós somos mais ricos do que pensávamos e, ao mesmo tempo, sempre tão necessitados de aprender com os outros. Os dons oferecidos enriquecem a todos. Vamos ficar todos príncipes. Mendigo continua sendo aquele que não sabe doar nada, ou pouco demais.

Dom Pedro José Conti

Bispo de Macapá

VIAGEM MUITO PERIGOSA

Gilvam Borges


Da equipe de articulistas



Sábado, dia 15 de maio. Eram dez horas quando decolamos do aeroporto internacional de Macapá, com destino ao município de Amapá. Às onze já estávamos em uma voadeira, eu, o engenheiro Ozias, o projetista Carlos, o cinegrafista Leno e o prático João que pilotava a pequena lancha a caminho do Sucuriju. Cerca de três horas e meia depois, encalhamos em um banco de areia.

Já anoitecia, por volta das dezoito horas, quando a maré subiu. Vinte minutos depois a primeira onda da pororoca nos alcançou e na terceira, quando caía um temporal medonho, fomos arremessados, batendo em um tronco, e a voadeira afundou. Ao longe avistei uma luz e seguimos em direção a ela. Eram dois pescadores que nos socorreram. Ficamos na feitoria deles. Nuvens de insetos nos atacaram a noite toda, muriçocas, carapanãs, bijugós e outros que não sei o nome.

Os dois pescadores foram buscar ajuda no Sucuriju. Uma embarcação chegou ao meio dia e trinta, e nos le-vou para a vila.

Nessas atribulações onde quase perdi a vida, encontrei muito conforto no bem querer dos amigos, na solidariedade dos que mesmo não comungando do nosso dia a dia, oraram para que eu e todos que estavam comigo estívessemos bem, voltássemos vivos.

Para os que torceram pelo pior, tenho somente o perdão, palavra tão difícil de ser assimilada por muitos, mas que é uma constante na minha vida, graças a Deus e a fé que trago no peito. Talvez por isso que me sejam dadas tantas oportunidades, tantos caminhos a seguir.

Muitos pensam que tudo está às mil maravilhas no Sucuriju. É muito bom achar isso, quando se pode tomar uma chuveirada, beber água, lavar roupa, lavar o rosto, etc. Coisas da rotina de quem assiste aos problemas alheios pela televisão, sentado numa confortável poltrona ou num macio sofá. Mas não para quem foi lá, passou dias vivendo de igual para igual e quis contribuir para alterar o quadro atual. Mesmo porque é uma mudança possível. E não sou homem de lavar as mãos seja em água salgada ou doce, diante dos problemas.

Entre a vida e a morte há uma linha tênue. A coragem de ir sempre em busca do que parece impossível, é condição básica para os que acreditam na vida eterna. Não dá para ser diferente, pois se a morte é uma passagem, a vida torna-se um experimento constante desse grande self-service que é o mundo. E mesmo os melhores planos padecem da incerteza, pois tudo pode acontecer.

Só possui história quem experimenta para poder um dia contar aos seus descendentes que a vida é um constante dar e tirar. Assim temos que estar preparados para o desencarno, deixando essa matéria e seguindo rumo ao infinito.

Vi Ulisses Guimarães me acenando, para que eu pudesse integrar uma grande legião invisível mundo do além. Se nada se cria tudo se transforma, então nada morre para sempre, o que ocorre é somente uma transformação. Assim, em toda morte, deve haver uma nova vida. Esta é a esperança do ser humano que crê em Deus.

Tenho um bom humor nato e isso é bom porque acarreta a amenização das circunstâncias adversas. Fatos da vida são fatos da vida, o que vamos fazer? Melhor aproveitarmos as experiências vivenciadas e no balanço de perdas e ganhos coletar os saldos positivos. Neste caso, um saldo altamente positivo: todas as vidas foram preservadas, inclusive a minha. Agora temos que agradecer a Deus, sorrir e seguir em frente.



Gilvam Borges

Senador da República pelo PMDB-AP; coordenador da Bancada

Parlamentar Amapaense em Brasília

E-mail: senadorgilvam@gmail.com

quarta-feira, maio 12, 2010

DIA-A-DIA: FIQUE POR DENTRO

LEITURA DINÂMICA


(ANN – 12/05/10)



Erro da Câmara dos Deputados pode invalidar reajuste de 7,72% dos aposentados. Entidades sindicais prometem reagir com greves e paralisações.

- Brasil, reservas internacionais crescem 25% e chegam a US$ 250 bilhões.

- Fluminense, jogador Fred só deve voltar aos gramados em pelo menos duas semanas. Treinador acha que pode ajeitar o time.

- TSE, dificulta coligações nos Estados. Decisão de ontem, impede que partidos coliguem para governador, mas fiquem separados na eleição para o Senado.

- A Coréia do Norte, pela primeira vez, alcançou o processo total de fusão nuclear. Porta aberta para a fabricação de armas à base de plutônio.

- Ministério Público Federal do Pará, num comunicado divulgado ontem à tarde, alertou a população de que a água mineral vendida no Estado, não é mineral, é água potável comum. Dez empresas distribuidoras foram autuadas e o DNPM paraense, terá uma semana para oferecer explicações sobre os licenciamentos de lavra.

- Cresce no Brasil o número de livros feitos de plástico. Governo federal estuda viabilidade de um projeto, baseado nesse produto inovador, que atinja todas as escolas do país, a curto e médio prazos.

- Paraná confirma 11 mortes por gripe. Segundo o governo daquele Estado, foram registrados 1.150 casos da doença, este ano.

- Uma seca persistente, está causando muitos problemas e falta de água potável na ilha do Marajó (PA). Governo federal prometeu ajudar prefeituras da região.

- ONU, erradicar trabalho infantil no mundo é meta impossível, até 2016, afirma relatório dessa entidade. O Brasil, juntamente com vários países africanos, vem sendo criticado nos organismos da ONU, pelo fato de não divulgar dados confiáveis sobre os programas de erradicação e controle do trabalho infantil.

- Jornal da BAND nacional, volta a sofrer problemas técnicos em S. Paulo e no rio de janeiro.

- STF, julga hoje ação que pode derrubar Lei de Improbidade Administrativa. Possibilidade de aprovação, foi considerada um “retrocesso” nas liberdades democráticas, pela CNBB.

- Queda de avião matou mais de cem pessoas na Líbia, na última madrugada.

- Lula chamou o ministro da Fazenda, Guido Mantega e o do Planejamento, Paulo Bernardo, para exigir cortes nos orçamentos de todos os Ministérios. Programas que não forem prioritários, devem ser desativados.

- Pode não ir ao ar, hoje, no horário bem no meio do Jornal Nacional, a peça em que o PT nacional exibe a candidata presidencial Dilma Rousseff. PSDB e DEM protocolaram ações. Acusando a candidata de propaganda eleitoral antecipada.

- João Pinheiro, candidato do PC do B à presidência da República, está em Macapá. Veio iniciar aqui a sua campanha e reunir a militância do partido.

- Governador do Estado, Pedro Paulo Dias, anunciou que o governo federal aprovou a liberação de R$ 43 milhões do PAC, para o Amapá.

FRASE DO DIA

“Amigo é amigo, filho da puta é filho da puta.”

(Roberto Requião (Paraná), em entrevista na TV, ontem)

-------------------------------------------------------------------------------------------MANCHETES DE HOJE

GLOBO – Acusado, Tuma Jr. Ignora ministro e sai só de férias. Ministro da Justiça diz que determnou, Tuma diz que pediu.

FOLHA – Reino Unido tem premiê conservador depois de 13 anos. Processo eleitoral por lá durou apenas 30 dias

ESTADÃO – Suspeito de elo com mafioso faz governo afastar Tuma júnior. Apesar de um dos grandes policiais brasileiros, Tuminha insiste em dizer que “não sabia de nada”.

JORNAL DO BRASIL – Agora é a China que assusta: em vinte dias seis ataques mortais a crianças dentro de pré-escolas.

CORREIO – Só resta torcer: a turma do Professor Dunga está convocada.

VALOR – Governo estimulará crédito privado para investimentos. Mas os juros estão com tendência de alta.

DIÁRIO DO AMAPÁ – Família é vítima de chacina no Jardim Equatorial: Macapá ainda não “estatura” para crimes assim.

JORNAL DO DIA – Corpo de Bombeiros diz que fiscaliza, mas 14 morreram no Amazonas. É lembrar que o belo rio é também o maior do mundo. O Rio-Mar.

(ANN) -----------------------------------------------------------------

segunda-feira, maio 03, 2010

PROFESSOR NILSON MONTORIL ESCREVEU...

Washington Elias dos Santos, herói de guerra








No dia 19 de janeiro de 1920, na Vila de Mazagão Velho, despontou para a vida Washington Elias dos Santos, filho do comerciante Inácio Elias dos Santos de da Professora Antônia Silva dos Santos. Seu torrão natal ti-nha perdido a prerrogativa de ser a sede do histórico Município de Mazagão devido ao estágio de decadência pelo qual passava. Desde 1915, a cidade de Mazaganópolis, a atual Mazagão Novo, tinha como Prefeito o Coronel da Guarda Nacional Alfredo Valente Pinto. O casal Inácio e Antônia jamais poderia imaginar que aquela criança sossegada um dia envergaria o uniforme do Exército do Brasil e fosse combater os nazistas e os fascistas em solo italiano. Para obter me-lhores lucros com o comércio, Inácio Elias dos Santos instalou um empreendimento na foz do Rio Furo Seco, tributário do Amazonas pela margem direita, na Ilha do Pará. Era praticamente vizinho de um amigo de velhas datas, Francisco Torquato de Araújo, dono da Casa Reduto do Furo Seco e padrinho de águas bentas de Washington. Por volta do ano de 1941, então com 21 anos de idade, o jovem mazaganense Washington Elias dos Santos embarcou para Belém a fim de prestar serviço militar. Tinha feito sua inscrição na Comissão de Alistamento Militar instalada na Prefeitura Municipal de Mazagão. Nesta época, a jurisdição administrativa e judiciária do Estado do Pará se estendia por toda a área do atual Estado do Amapá. O soldado Washington ainda estava na caserna quando teve inicio o recrutamento dos pracinhas que iriam fazer parte da Força Expedicionária Brasileira, criada e estruturada pela Portaria Ministerial Nº. 4.774 de 9 de agosto de 1943. À conta de um acordo firmado com os Estados Unidos, o Brasil deveria recrutar cem mil combatentes para parti-ciparem da II Guerra Mundial e combaterem os alemães em solo italiano. Entretanto, em decorrência da rígida inspeção de saúde apenas 25.334 indivíduos foram declarados aptos. Dia 15 de maio ocorreu a instalação do Estado Maior Especial da FEB. No dia 30 de junho, o General Mascarenhas de Morais, alguns oficiais e o 2º Pelotão da FEB composto por 5.075 embarcaram no navio norte-americano General Mann, que zarpou do Rio de Janeiro, com destino a Nápoles, na madrugada do dia 1º de julho. Os demais escalões seguiram nos navios General Mann e General Meighs, ambos da Marinha dos Estados Unidos. Convocado para a importante campa-nha bélica, o soldado Washington integrou o contingente amazônico da 8ª Região Militar. O transporte desse contingente foi realizado pelo navio General Meighs em dezembro de 1944. O relato que o ex-pracinha Washington me contou a respeito da participação do Brasil no conflito é fiel ao que se tem registrado nos anais do Exército Nacional. Uma viagem de navio entre o Rio de Janeiro e Nápoles durava cerca de 15 dias. O desconforto era enorme porque o calor no interior das cabines destinadas aos combatentes chegava aos 40 graus. A comida era feita por cozinheiros americanos e o balanço do navio provocava vômito nos nossos pracinhas. Washington contava que o desembarque em Nápoles já deixou muita gente apavorada, Em redor do porto havia inúmeras embarcações destruídas pelos ataques da aviação aliada. Após o desembarque, o regimento Amazônico foi transportado de trem para Tarquinia e daí para os acampamentos em Staffoli e Lucca. Fazia muito frio na Itália e a roupa usada pelos soldados não era suficiente para aquecê-los. No Brasil, antes da viagem, os pracinhas receberam o uniforme normal, uma túnica e um culote. Em solo italiano, depois que passaram a integrar o V Exército Americano, nossos soldados ganharam novo enxoval, incluindo roupas de baixo, japona, jaqueta, camiseta e cueca. Passaram por novos exames médicos, odontológicos e desinfecção. Cada barraca de lona abrigava dois soldados. Enquanto durou o inverno, os soldados dormiam com os cantis embaixo dos travesseiros para evitar que a água congelasse. A comida era enlatada (ração), distribuída a cada 12 horas. Pela manhã era servido mingau. Como os americanos distribuíam generosas porções de chiclete, chocolate e cigarro, muitos pracinhas que não fumavam negociavam o cigarro com os italianos. Também faziam escambo com as latas de ração ou distribuíam-nas entre as crianças, mulheres e homens idosos. Muitos soldados que não iam para a linha de fogo chegaram a convi-ver maritalmente com mulheres italianas. Os soldados eram distribuídos em grupos de 25 elementos nas instruções de tiro. A pontuação aceitável para um bom atirador ia até seis. Apenas os mais aptos, que obtinham esse índice seguiam para a frente de luta. Era difícil um pracinha ver um inimigo e ser visto por ele. As mortes decorreram mais dos bombardeios e das minas do que de tiro livre. Muitos padioleiros, enfermeiros, sapadores de trincheiras e condutores de veículos, que não usavam armas, morreram ao serem atingidos por estilhaços de granadas e bombas. O soldado Washington sempre respeitou o código de ética ao qual estão sujeitos os participantes de conflitos armados. Nunca contou bravatas. Todas as suas narrativas condizem com a verdade dos fatos. Instruído nas primeiras letras por sua mãe, a Professora Antônia Silva dos Santos, Vavá, como Washington era tratado por familiares e amigos, amealhou importantes conhecimentos ao longo de sua longa vida.

Washington retornou ao Brasil em outubro de 1945. No inicio de novembro embarcou para Belém a bordo do navio Itaipé, um dos itas do Loyde Brasileiro. Aguardou sua dispensa do Exército para poder retornar ao lar, já desfalcado de seu pai Inácio Elias dos Santos. Veio para Macapá dia 2 de dezembro, a bordo de um avião dos Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, desembarcando Aeroporto da Panair do Brasil. Foi recepcionado por pelo Capitão Janary Gentil Nunes, Governador do Território Federal do Amapá, pelo Prefeito de Mazagão, Francisco Torquato de Araújo, autoridades e integrantes da Guarda Territorial. Nesse dia se realizava em todo o país as eleições para Presidente da República. O Capitão-Governador encarregou o Prefeito Francisco Torquato, a quem Washington tratava por "Tio Chico", para conduzir o bravo pracinha até Mazagão Velho e entregá-lo a sua genitora. A entrega aconteceu dia 5 de dezembro, em clima de profunda emoção. Como, por determinação do Presidente da República, Getúlio Vargas, os ex-combatentes deveriam ter preferência para ocupar cargos ou empregos públicos, Washington Elias dos Santos foi traba-lhar na Divisão de Segurança e Guarda, onde permaneceu até aposentar-se. Vavá casou com Maria Caçula Aires da Silva em 1949. Dessa união que durou 61 anos nasceram Maria José, Rachide Elias, Antônio Elias e Elias Inácio. Os fi-lhos geraram os netos de Vavá e Caçula, alguns dos quais, dia 27 de abril, carregaram o esquive do avô a sua última morada, no Cemitério São José. Wa-shington Elias dos Santos faleceu em Macapá dia 26 de abril de 2010, às 07h30minh, no Hospital São Camilo e São Luiz. Muito apegado às tradições de sua terra, Vavá narrava anualmente a cavalhada de São Tiago e participava dos eventos religiosos de Mazagão Velho. Diz o refrão da Canção do Expedicionário: "Por mais terra, que eu percorra/não permita Deus que eu morra/sem que volte para lá/sem que leve por divisa/esse v que simboliza a vitória que virá/nossa bata-lha final/ é a mira do meu fuzil/ a ração do meu bornal/ a água do meu cantil/ as asas do meu ideal/ a glória do meu Brasil". Ele felizmente voltou.





NILSON MONTORIL - Coisas Nossas

DR. WAGNER GOMES ESCREVEU...

Vale o Escrito - A Velha Contrabandista








SEste texto de Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo de Sérgio Marcus Rangel é de-dicado especialmente ao editor chefe deste jornal, o Jornalista Douglas Lima, fã incondicional daquele cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro:

"Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

- É areia!

Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhi-nha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no ou-tro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhi-nha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou:

- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

- Mas no saco só tem areia! - insistiu a ve-lhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a se-nhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.

- Juro - respondeu o fiscal.

- É lambreta".



Wagner Gomes

wagnergomesadvocacia@uol.com.br

wg_ed.wagneradv@hotmail.com





Wagner Gomes

PROFESSOR RAIMUNDO LOBO ESCREVEU...

Ecologia em gotas - O joio e o trigo








É comum se verem coisas que nascem com uma finalidade e, depois, ampliam-na, desvirtuam e até passam a ter outras, extremamente opostas àquela para que foram criadas ou inventadas. Se não, vejamos: o avião foi inventado para transportar pessoas, livros, jornais, e todo gênero de mercadorias. Depois passou a ser usado como arma de guerra, levando sob suas asas metralhadoras, canhões e foguetes. Por fim, transporta bombas atômicas, químicas e bacteriológicas. Já houve até avião-bomba usado pelos camicases na Segunda Guerra Mundial.

Milhões de carros, mototáxis, ônibus, trens, patróis, tratores, voadeiras, lanchas, barcos, balsas, navios, submarinos, porta-aviões, foguetes, milhões de motores com finalidades diversas poluem os rios, lagos, lagoas, baías, golfos, estreitos, canais, mares e oceanos. Lançam na atmosfera terrestre o dióxido de carbono, poluindo-a, causando o aquecimento global e alterações climáticas. Os agrotóxicos, com exceções, prestam um desserviço à humanidade, causando-lhe graves doenças e milhares de mortes.

O fogo foi descoberto e usado para assar ou cozinhar alimentos e queimar roçados. Depois deu origem à fusão dos metais, o que favoreceu o homem na fabricação de inúmeros artefatos. Mas, inegavelmente, é na guerra que ele teve o seu maior e mais poderoso emprego, ferindo e matando milhões de seres humanos.

O carro de linha vem prestando grandes serviços à população rural. Porém, a par com tudo isso, transporta também os instrumentos de devastação da nossa fauna: o sal, o gelo, a tarrafa, a malhadeira, o tramalho, o arpão, o tapuá, a lanterna, o farol de milha, a dinamite e as armas de fogo pesadas ou de alta precisão. Desses instrumentos de destruição da fauna, destacam-se o gelo, porque conserva os animais abatidos por tempo indeterminado, e o farol de milha tanto na caça quanto na pesca, pelo seu grande raio de ação e o poder de ofuscar a presa.

A cana-de-açúcar, a princípio, foi cultivada para produzir o açúcar, o mel e a rapadura. Contudo, alguém pensou em fabricar a cachaça, uma das maiores desgraças da humanidade, causadora de brigas violentas, problemas familiares, malquerenças entre amigos, colegas e vizinhos. A cachaça e as bebidas de alto teor alcoólico vêm causando ferimentos, aleijões, paralisias e um sem-número de mortes em todo o mundo.

A faca, ferramenta multiuso, talvez tenha sua origem nos estilhaços de sílex, à época dos trogloditas. Depois evoluiu para faca de alumínio, ferro, aço, etc. Só no Brasil, nos feriados de fim de semana, em que as bebidas alcoólicas e as drogas sobem o pódio, são milhares de pessoas vitimadas por faca e terçado.

Os países que mais pregam a paz, a ordem e a segurança são, exatamente, os que mais fomentam as guerras, fabricam e vendem armas.





Raimundo Lobo

OTON ALENCAR ESCEVEU

Elementos da Arqueologia Bíblica - II








Com as pesquisas arqueológicas, nos últimos 100 anos, nos é possível agora reconstruir, uma grande parte da geografia antiga. Conhecemos melhor os limites territoriais das nações nos vários períodos da história revelada no Novo Testamento. Já foram escavadas e identificadas muitas cidades, mencionadas na Bíblia, cuja localidade ficara desconhecida por séculos. Ur dos caldeus ( e dos sumerianos), Erech da Babilônia e muitas outras cidades antigas cedem os seus segredos e vem confirmando as narrativas bíblicas. A própria palestina com as suas muitas cidades e as condições sociais e religiosas do povo nos tempos antigos, bem como as tentações que lhe vieram no contato com os vizinhos, é muito melhor conhecida agora. Diz o dr. W.F. Alberight: " A pesquisa arqueológica na Palestina e nos países vizinhos, desde o século XIX, tem transformado completamente o fundo histórico e literário da Bíblia. Ela não aparece mais como um monumento absolutamente isolado do passado, ou como um fenômeno com relação ao seu ambiente. Toma agora o seu lugar no contexto que se torna melhor conhecido com o passar dos anos. Vista a Bíblia contra o fundo oriental, ficam esclarecidas inumeráveis obscuridades, e começamos a compreender o desenvolvimento orgânico da sociedade e cultura hebraica. A peculiaridade, todavia, da Bíblia, como obra prima da literatura e como documento religioso não se diminuiu porque não foi descoberta coisa alguma que tende a perturbar a fé do judeu ou do cristão.

Há naturalmente, limites quanto à possibilidade de reconstruir a história das civilizações antigas. Muitos problemas ficam para serem resolvidos. Não obstantes, porém, as muitas dificuldades que desafiam os eruditos, podem sincronizar melhor a história de Israel com a das nações contemporâneas e entendermos melhor o lugar que Israel ocupava entre os vizinhos.

Há várias ciências que oferecem o seu auxilio na interpretação da Bíblia, e o melhor intérprete utiliza-se do conhecimento de todas elas, como por exemplo, a geografia, a arqueologia a crítica literária, a antropologia e a filosofia.

A arqueologia e a crítica literária se completam na busca das provas de que a Bíblia fala a verdade.

A Arqueologia Bíblica, portanto, não é inimiga da Crítica Literária e vice-versa. O objetivo das duas ciências é comum; a compreensão da origem e da significação da Bíblia. As duas ciências se completam e serve de complemento uma a outra. Precisam cooperar na solução de muitos problemas bíblicos. Surgem, às vezes entre elas mal entendidos e reclamações injustificáveis.

A ciência da critica literária é mais antiga que a arqueologia e assumiu por algum tempo uma atitude um tanto antipática para com sua irmã mais nova. A Arqueologia, por sua parte, confiava às vezes demasiadamente nos resultados de seu método e da sua pesquisa. Ela tinha que lutar e ainda está lutando pelo privilégio de ser ouvida pelos críticos literários, na base de seu mérito.

Sir Charles Marston mostrou, na introdução de seus dois livros importantes, a relevância dos críticos no reconhecimento do valor da arqueologia: "Aqueles que seguem o método da crítica literária no estudo da Bíblia caíram no hábito de representar como muito prevenidas todas as pessoas que apresentam fatos contrários às teorias críticas...". Há dois séculos os homens começaram a usar o conhecimento utilizável na crítica do Antigo Testamento, e as gerações subsequentes seguiram métodos semelhantes. Podemos, portanto, examinar agora os esforços e as conclusões de várias gerações de críticos, conclusões baseadas inteiramente no conhecimento que possuíam.

"Uma ou duas gerações, depois do princípio do trabalho dos críticos, os arqueólogos começaram as escavações nas ruínas dos outeiros das terras bíblicas a fim de aprender algo sobre a história antiga. Assim a Arqueologia apresentou os seus dados e começou a desafiar a evidência oferecida pelas relíquias da civilização bíblica, sobre os seus respectivos períodos da história. Durante os últimos 200 anos foi-nos revelada uma compreensão mais clara do fundo histórico dos livros primitivos do Antigo Testamento. No entanto o progresso está sendo impedido por um resíduo de erudição já anulada - u'a massa de conclusões incipientes dos críticos, baseados originalmente em premissas incorretas que se tornaram obstáculos sérios para o reconhecimento da verdade.



* Professor, Especialista em Educação, bioquímico,

Advogado, Ouvidor Geral e Pastor Evangélico.

E-mail:otonaracy@uol.com.br





otonaracy@uol.com.br