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segunda-feira, janeiro 27, 2014

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Carlos Bezerra – Gavetas Velhas – Diário do Amapá.

É urgente, a necessidade que a medicina, em conjunto com a ciência e a tecnologia reformulem a aplicabilidade dos órgãos e membros de tipos humanos específicos. A reformulação poderia começar pela boca. Uma urgente cirurgia emudecendo a classe política seria um alívio e tanto para os nossos poluídos ouvidos, desgastados pela verborragia sem fim e pelo festival de besteiras em que a classe especializou-se em produzir e transmitir na forma de sons. A maioria, absolutamente incompreensíveis.

O estômago do povo precisa de uma urgente adaptação a um novo estilo de digestão. Não aguentamos mais a quantidade de sapos que os poderosos nos obrigam a engolir. E a digerir, o que é pior
Os pés, bem que poderiam calçar botas eletrônicas de sete léguas. Com elas, quem sabe, poderíamos fugir para Pasárgada. Com duas vantagens. A primeira, ficaríamos bem distantes da miséria que nos assola. A segunda, em Pasárgada, todos são amigos do rei. Aqui não. Só os privilegiados do andar de cima, conseguem a façanha. E nem todos. Talvez isso tenha levado Millôr Fernandes dizer: “Ou restaure-se a moralidade, ou nos locupletemos todos”.
Mas, voltando ao admirável homem novo brotado das profundas da ciência, os olhos, inevitavelmente, teriam que ser substituídos. Ou os olhos ou a paisagem. Talvez seja mais fácil fabricar novos olhos que não vejam tanta corrupção, tanta decadência moral, tanta violência, tantos assaltos - às bolsas particulares e aos cofres públicos - tantos crimes, que não é possível sejamos feitos à imagem e semelhança de Deus. Nós, nossas atitudes e Ele, não temos nada a ver.
Mãos. Para que servem as mãos, perguntou o poeta. A resposta é fácil. Servem para acariciar, para trabalhar, para alimentar, para construir, para pintar, para embelezar, para escrever. Servem para unir-se em fervor de oração. Servem para abençoar, para purificar. Servem para clamar, estendidas aos céus, pedindo piedade para os que sofrem. Servem para curar. Deviam servir só para isso.
Mas servem também para empunhar a arma que mata, servem para estrangular, para ferir, para destruir, para enfear, para roubar. Servem para apedrejar. Servem para, punho cerrado, elevar-se aos céus pedindo - ou jurando - vingança. Não deviam servir para isso. Não deviam servir para isso e tantas coisas mais e más. Não deviam servir jamais, para roubar, assaltar, furtar. Também não deveriam servir para escrever o nome errado na cédula eleitoral.
Haverá em todo o Universo, a grande medicina que nos cure de todos esses males e que nos opere, criando homens verdadeiramente novos?
Há sim. É uma operação profunda, radical. Mas que não exige bisturis, tesouras, anestesias ou raios lasers. Só precisa de atenção, boa vontade e a crença inabalável de que a fé remove montanhas. Ah! E o fiel cumprimento de um código de postura simples e simplista. Atende pelo nome de Dez Mandamento.