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terça-feira, maio 19, 2015

CELEBRIDADES: QUEM VALE O QUÊ?


Sou dos que defendem os políticos, não os que se valem dos mandatos e mesmo da política para roubalheiras, negociatas, tráfico de influência, etc. Já houve um tempo em que a carteirada tinha, praticamente, força de lei - mais do que o “sabe com quem está falando”? Ainda que em menor proporção, esse tipo de coisa ainda funciona apesar de mais e maior dificuldade de disfarçar, negar, esconder – o celular vigia e enuncia tudo.
O caso do juiz, no Rio de Janeiro, primeiro carteirando e depois mostrando com quem a Agente de Transito estava falando talvez concorra para o fim desses arbítrios no Brasil: ele, o juiz “deus” não apresentou a habilitação para dirigir carros; ela, a Agente de Transito não cometeu erro algum cobrando a habilitação e afirmando que ele não era deus. Acabou condenada a pagar indenização ao juiz, dessa forma confirmado pelo “sistema” como deus.
Também sou daqueles que entendem que o proceder político não demanda ou se refere apenas àqueles que disputaram e conquistaram um mandato eletivo, e no Brasil o exerce sob execração pública. A composição dos tribunais também é política, embora devesse fundamentar-se mais no notório saber, na ficha limpa, etc. Os comandos militares, dos ministérios, das estatais, das autarquias, também não se estabelecem sem, pelo menos, o acordo político.
Via de regra o julgamento popular desses entes políticos entra na descendente quando a alguns deles se atribui ganhos excessivos, manipulação de poder, malversação de todas as ordens, vantagens indevidas, remunerações várias até legais, mas imorais.
Mas, viva o poeta: “a mão que afaga é a mesma que apedreja”. A crítica popular não refuta ou não condena outros ganhos legais, imorais ou no mínimo escandalosos fora do ambiente público administrativo.
Por exemplo? Artistas em profusão estão aí “trabalhando” algumas horas de alguns dias em troca de milhões de reais por mês. Dão de si e em troca lições de liberdade de expressão (ainda bem), talento e cultura em profusão. Não se discute que entregam a muitos o benefício desse trabalho.
Mas, para mim, é mais imediato para o povo o bom trabalho político.
Não é preciso citar nomes de artistas e desportistas e executivos regiamente remunerados pelos seus serviços (numericamente são muito mais que os bons políticos), mas para o caso do trabalho político produtivo vou citar José Sarney.
Cito-o por sabe-lo muito criticado e até odiado por milhões de brasileiros, muitas vezes à revelia do usufruto de benefícios decorrentes de algum trabalho político que ele realizou para a coletividade, a saber: Quotas para minorias negras. Lei Sarney para cultura (trocaram para Lei Rouanet). Vale-alimentação. Vale-transporte.
 Impenhorabilidade da casa própria (que não pode mais ser tomada por dívida). Dispensa de IPI para aquisição do automóvel do taxista, máquina da costureira, computador de trabalho...  Farmácia básica. Aposentadoria do trabalhador rural. Cota a deficiente. Extensão dos benefícios da previdência ao trabalhador do campo. Décimo terceiro​ salário para o funcionalismo público civil e militar. Correção do salário mínimo acima da inflação. Legalização dos partidos tidos como clandestinos. Anistia aos líderes sindicais. Liberdade sindical. Programa do leite (considerado pela Unesco o melhor combate à fome do mundo). Acesso à energia no interior (atual Luz para Todos). Seguro desemprego. Distribuição gratuita do coquetel que detém a Aids (considerado o melhor programa do mundo contra essa terrível epidemia).
É muito, dirão uns, pouco ou nada dirão outros conforme seus apanhados sobre a vida política, e até particular, de José Sarney. Mas, aí estão fatos!
De trinta anos para cá o Brasil voltou a ser espaço democrático para a livre expressão e manifestação – diz-se e pensa-se o que quer. Talvez não em mesma medida, mas o país vai deixando de ser lugar fértil da dissimulação na política, e fora dela.
Segundo o escritor americano Nathaniel Hawthorne, ninguém pode, por muito tempo, ter um rosto para si mesmo e outro para a multidão sem ao final confundir qual deles é o verdadeiro.
Vivi 38 anos da minha vida filiado a um único partido político, militando pragmaticamente nesse partido e na política. Porém, antes, durante e depois nunca deixei de cuidar do meu quinhão cultural e intelectual que me ajudam a compreender o que podem realizar as celebridades nacionais.  
Todas podem e devem dar mais para o país, na política, nas artes, nos negócios, etc, como fizeram e fazem alguns nos seus misteres.

        

 

segunda-feira, maio 11, 2015

MÃE QUE NÃO GEROU.


10 maio 2015
 
As festas para as mães, no segundo domingo de maio sempre a elas atribuído são bonitas, emocionantes e justas. Outra vez tive pequena participação numa dessas festas, e mais uma vez na igreja.
Tudo simples, desburocratizado, curto também. Maravilhoso ver uma mãe idosa conduzindo vagarosamente, com todo cuidado e carinho a sua mãe muito idosa à mesa da comunhão. Vi essa cena acontecendo na catedral São José, hoje.
Tenho minha mãe em Volta Grande-MG, décadas uma após outras que não estamos juntos num dia como esse, consagrado às mães. Mas temos nos visto uma vez por ano, dificilmente não nos falamos ao telefone pelo menos duas vezes ao mês. Tecnologias de comunicação tem me permitido vê-la, como dias atrás a vi num vídeo em que felicitava seu neto Danilo pela passagem de mais um aniversário aqui em casa.
Está envelhecida a minha mãe, fez diferença tê-la visto em 2014 e agora – fará 88 anos em julho. 
Tive e tenho mães por ai!  Em Volta Grande deixei algumas, a maioria já falecidas. Mas lá ainda está a “minha” mãe Dona Cidinha, já com mais de 90 anos, portanto, mais mãe que do que nunca. Rezei por todas elas hoje; como sempre fiz, agradeci a Deus por elas. 
A propósito dessa “minha” mãe Cidinha, por causa dela existiu outra, que não se casou, que não gerou: D. Estela. Ela e D. Cidinha eram o que só conseguimos explicar como “unha e cutícula”.
Lembro-me, brigavam muito. Mas não o suficiente para um dia sequer de afastamento uma da outra – o instinto materno as uniram por toda a vida.
O Lininho explicava essas brigas: “É assim que elas se entendem”.
Na seguinte medida D. Estela foi uma mãe como outra: Geisa era uma criança, caçula dos três filhos da D. Cidinha, e foi vitima de um trágico acidente automobilístico em que morreu a sua prima Myrian, e deixando a si com o fêmur fraturado.
Não chegávamos à Geisa sem passar pela D. Estela e só entravamos no quarto para ver a paciente depois da sua autorização. Não era excesso de zelo nem autoritarismo nem classificação das visitas, apenas decisões, gestos, olhares, coração de mãe que batia em seu peito.
Assim, desse jeito, D. Estela “adotou” muitos filhos... Deus a tenha também por isso.
Aqui tenho minhas ouras mães, professora Zaide é uma delas, dona Marina outra. Essa “minha” mãe Marina é de todas a mais comovente: vê em mim o filho quarentão que morreu anos atrás.
 O que eu sofro ela sofre, dói nela o que dói em mim, participo dos sonhos ou dos tormentos dela. Aos domingos, após a missa, que costumeiramente assistimos na Catedral São José, ela me abraça, chora, conta o que rezou e o que chorou por mim. Mas, eu sei, é por causa do filho que morreu e do seu coração que não quer deixa-lo morrer.
Já ficou muito para trás, mas lembro ainda com muita nitidez a singeleza de muitas homenagens que prestei às mães, especialmente com versinhos escritos e com algum enfeite que fizemos na escola. Particularmente lembro os que fiz para a minha mãe e para as minhas professoras mães. Até hoje vejo nisso imensa beleza e acho o máximo que as crianças ainda o façam para elas – as mães.       

segunda-feira, maio 04, 2015

DESONRA: CAMINHO DO PODER.

c-bernardo2012@bol.com.br  
O que vai acontecer com o Brasil nos próximos cinco anos alguns sabem, a maioria dos brasileiros nem desconfia pela simples razão de também não se saber se os representantes e interpretes das leis nacionais querem ou não usa-las com rigor para dar um golpe de morte na corrupção igualmente nacional.
Com pequenos esgares de setores do judiciário federal o país ficou informado de que nunca se roubou tanto, se praticou tanto tráfico de influência, se pagou tanta propina, se atreveu tanto, empresários e prepostos do estado.
Nada disso é novo, sabe-se. Mas, inovadores são os meios técnicos, a tecnologia e o transito usados por corruptores e corruptos para transacionar tão facilmente e por longo tempo tantos bilhões de reais da nação.
Essa coisa vem de muito longe, mas há um período pré moderno a ser considerado. O governo Fernando Henrique começou em 1995, seus ministros não lembro mais a não ser um ou dois pelo que disseram como “pista” para que chegássemos aos dias de hoje: Luiz Carlos Mendonça de Barros e Sérgio Mota.
Mota no início deu o tom: “nosso (PSDB) projeto de poder é para 20, 30 anos”. O outro ministro, Mendonça de Barros, na passagem do governo FHC para Lula, manteve o discurso em pauta:  "(O PT) é o partido político cujos objetivos são: primeiro, tomar o poder; segundo, não sair mais do poder”. Em meio a esse requintado bate boca veio o instituto da reeleição – história requentada.
Mais tarde o Sr. José Dirceu apareceu para dizer: "Não aceito dizerem que nós tenhamos projeto para ficar 20 ou 30 anos no poder, nós temos um projeto democrático. Já demos prova de que podemos sair do governo e ir para a oposição com humildade. Prova disso foram as derrotas do PT."
Depois disso chegamos ao Dr. Joaquim Barbosa pautando o Supremo Tribunal Federal para tratar de uma das consequências daquele, digamos, diálogo –Mota-Barros-Dirceu: o mensalão. Tanto fez e tanto foi que viemos a saber de dois seguimentos de um mesmo mensalão – do PT e do PSDB.
Mais dias pós mensalão para lá e para cá na mídia veio a substitui-lo a “surpreendente” notícia de que o Dr. Joaquim Barbosa “optou” pela aposentadoria. O Brasil mais uma vez não se deu por achado pela turma que planejava assalta-lo e foi dormir ao embalo dos Embargos Infringentes.
Mas os malandros pra valer não tinham sono, lá dentro da Petrobrás (por enquanto) e cá fora no, “fórum” de grandes empreiteiras, estava em andamento o petrolão - um monstro imenso cuspindo fogo e sombra no pobre mensalão.
Mas, créditos divinos!, também lá na incógnita Curitiba mantinha-se acordado um Juiz Federal, até então um tal Dr. Sergio Moro. Como quem não quer nada levou para a cadeia um monte de “monstros sagrados” da corrupção nacional, deu conteúdo à mídia nacional, plantou tornozeleiras eletrônicas acima das plantas dos pés da fina flor dos empreiteiros.   
No mês de agosto de 2014 ele, Sergio Moro, deflagrou o combate mais mortífero empreendido até então pela Justiça brasileira ao crime organizado. Entre mortos e feridos ainda não podemos contar ninguém apesar de ano e qualquer coisa depois do combate deflagrado – já cuidam “aposentar” o Juiz Moro, que talvez tenha sido ingênuo em planejar ações curtas e vitoriosas contra a poderosa organização criminosa “sem chefe”.
Aliás, digo isso sem acreditar nisso. Sei que o Dr. Moro sempre teve e tem certeza e consciência de que o bom combate do estado contra seus grandes inimigos, não permite concessões de parte a parte – delação premiada é instrumento da boa lei.
Dr. Moro sabe que aqui fora a população está a seu favor aplaudindo seus questionamentos e trato com seus opositores. É assim porque essa população vê nele a autoridade que age em nome da ampla liberdade de imprensa e de manifestação, que são, no caso da “bomba atômica” que ele está manipulando, valores democráticos que lhe dão segurança e reforçam sua autoridade.
Petrolão é, digamos, privilégio do Brasil. Seus protagonistas, de cabo a rabo, sabem de máximas filosóficas tão importantes quanto os objetivos de cada um nessa história escabrosa: na guerra, qualquer guerra, a primeira vítima é a verdade, a segunda será, sempre, a democracia; e, os caminhos da glória levam apenas ao túmulo.  

 

 

 

domingo, maio 03, 2015

A CRIMINALIZAÇÃO DO MENOR NO BRASIL


 c-bernardo2012@bol.com.br  – 12/03/2007.


Ao que parece o Brasil inteiro está envolvido nessa importante discussão sobre o envolvimento de menores na pratica de crimes, do mais cruel ao mais comum. Ainda bem, mas o assunto é controverso de alto a baixo, desde a manifesta opinião do cidadão comum até o posicionamento público da ministra presidente do Supremo Tribunal Federal, Helen Grace.
A ministra Helen é de opinião de que mexer na idade imputável não resolve nada. O presidente Lula já disse que se baixar hoje idade para dezesseis amanhã teremos trazê-la para os quatorze.
Em aparente contraponto está a opinião pública, pelo que se manifesta através das pesquisas rápidas de opinião que fazem as rádios e televisões. Aí, na maioria das vezes o resultado manifesto é pela redução da idade imputável de 18 para os dezesseis anos.
O que já se discutiu até agora a esse respeito não é muito não é nada, mas pelo menos oportunizou a construção de “teses” importantes sobre a recorrência desse tema-tabu.
Talvez não se possa dizer que o envolvimento de menores em crimes tenha sido a motivação principal e justificativa suficiente para o surgimento do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, mas a recorrência, certamente, pesou bastante a favor.
Sob o ponto de vista da história do Brasil, o ECA tem sido “letra morta” no cipoal de leis que assola o país. Vem daí grande parte do estimulo à (re)discussão sobre a infração juvenil cruenta que ora se estende para todo o Brasil, muito especialmente por causa da referência em que se transformou o caso João Hélio Fernandes, de 6 anos, morto arrastado por um carro em ruas do Rio de Janeiro - menor infrator no meio.
Como se vê, o assunto é mesmo controverso. Se dez pessoas vierem a ler este texto provavelmente estarão entre elas as que são a favor, contra e . . . tanto faz.
No entanto, está na Bíblia um bom encaminhamento para esse assunto, verdadeiramente atordoante. Jesus Cristo – está nos Evangelhos – contou a parábola da figueira para responder indagações que recebeu:
“Um proprietário de vinha tinha em seu campo uma figueira que, ao longo de três anos consecutivos não produziu figos. Mandou que o vinhateiro a cortasse. Esse hesitou e pediu ao proprietário que aguardasse um ano mais, dizendo: vou cuida-la e aduba-la melhor, se isso não ajudar então, corte-a. Nisso foi atendido pelo patrão”.
Aí está o que falta para auxiliar a melhor decisão a ser tomada sobre menores infratores no Brasil: dar a cada um o que as leis determinam, quere-los bem, esperar que a oportunidade oferecida produza mudanças comportamentais no jovem infrator.
Depois disso, especialmente para aqueles que não darão frutos, a sentença: ao fogo a arvore que não dá frutos.