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quinta-feira, junho 24, 2010

MADIBA MANDELA - PRINCESA ISABEL

PRONTO PARA VIVER.


cesarbernardosouza@bol.com.br



Amanheci a 5ª feira, creio, como a maioria dos brasileiros: esperando ansiosamente pelo show de abertura da Copa do Mundo de 2010 – a 15ª da minha vida.

Um pouco antes do inicio da festa assistia a um capitulo da novela Sinhá Moça, reprisada pela Tv Globo. Essa excelente novela, como se sabe, mostra a saga dos negros escravos no Brasil bem no auge do movimento abolicionista e republicano que logo terminaria com a escravidão no país.

Por uma dessas grandes coincidências que marcam a vida, no capitulo dessa quinta-feira o negro Bastião é brutalmente chicoteado pelo também “negro” capitão-do-mato, por ordem presencial do barão de Araruna. Quase ao mesmo tempo, na África, no grande país africano do sul milhões de negros ancestrais dos que escravizamos aqui explodiam nossos corações com generosas manifestações livres de bem-querer a todos os povos do mundo, presentes lá ou ligados neles pela televisão.

Livremente tomaram a nossa bandeira e nomes de nossos jogadores para saudar o povo brasileiro. Absolutamente livres como agora o são ousaram botar seus bafana-bafana nas mãos do brasileiro Carlos Alberto Parreira.

Não cultivaram ódio e nem pensam em ajuste de contas, apenas trocaram os gritos das senzalas e dos guetos pelos decibéis da vuvuzela. E pensar que o povo negro africano do sul esteve escravizado até dias atrás em seu próprio país esperando Mandela como aqui esperamos Isabel. Lá Madiba aqui princesa.

A África do Sul que estamos vendo agora é nova, conquistada por Rolihlahia Mandela (depois Nelson e agora Madiba Mandela) pela via da satyagraha, mas com a inspiração da “democracia fundada na igualdade, pluralismo e multietnicidade”, e a determinação do estou preparado para morrer: “Ao longo da minha vida me dediquei à luta do povo africano. Lutei contra o domínio branco e lutei contra o domínio negro. Cultivei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual todas as pessoas possam viver juntas, em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer”.

Bom, a festa é do futebol: todos iguais perante a bola, oportunidades iguais para todos os competidores segundo as regras do jogo. Nossa pátria se transferiu para os campos africanos do sul... de chuteiras.

Assistamos, portanto, as partidas de futebol segundo os nossos costumes, mas tentemos ver a essência do negro que ontem escravizamos. Queiramos ver-lhes a alma que anos e anos negamos ao negro tê-la.

Madiba Mandela fará 92 anos no dia 18 de julho de 2010, ao invés de ganhar deu-nos seu país de presente. Eis porque, agora sim, o líder está pronto para viver em cada um de nós.



Notas: ¹-O governo do estado está de parabéns por encarar o problema habitacional. Mas pode se juntar à Prefeitura no proveito da emenda do Senador José Sarney liberada para habitação e urbanização de orla. ²- A Prefeitura de Macapá, por sua vez, está de parabéns pela fiscalização e notificação que vem fazendo sobre terrenos baldios na cidade. Finalmente!!!!!

DIÁRIO DO AMAPÁ - 26 DE JUNHO

APANHAR PARA CRESCER.

cesarbernardosouza@bol.com.br


Época de campanha eleitoral é também tempo de espancar o PMDB. Não faltam jornalistas se divertindo enquanto malham o partido de Ulysses Guimarães. Há os que até se empolgam quando solicitados a “analisar” o “comportamento” peemedebista. Diz, por exemplo, a consagrada Lucia Hippolito, da CBN: “O PMDB está onde sempre esteve: um pé no governo outro na oposição”.

Explicam mas não convencem porque deixam seus argumentos pela metade, coisas do tipo: “O PMDB vai mais uma vez rachado para essas eleições”. Melhor se dissessem que o PMDB não encabresta seus lideres, antes pratica a democracia partidária. Dizem: “O PMDB é adepto do fisiologismo de poder”. Mas poderiam dizer que o partido é muitíssimo bem administrado, razão pela qual elege sempre mais senadores, governadores, deputados federais e estaduais, mais prefeitos e vereadores.

Esses jornalistas até se esforçam para transformar essa (recorrente) realidade do PMDB em “defeito” político mesmo que aqui e ali digam e escrevam loas aos bons resultados até aqui obtidos nas urnas pelo partido. Não gostam, mas poderiam dizer que o PMDB vale pelos seus resultados, ou seja: tem força porque tem votos, tem votos porque tem força.

Nada mais obvio na política brasileira que um partido desse tamanho faça parcerias com os governos e com isso tenha espaços que se traduzam em muitos e importantes cargos na administração pública. O partido acha que é esse um caminho legitimo de conquistar o poder político num país presidencialista e democrático. Ou não é assim que a “banda toca”?Mais e melhor no caso do PMDB: primeiro o partido ganha nas urnas esse direito de negociação, de barganha política e só depois avalia as possibilidades.

De comum pergunta-se: Por que um partidão assim não prioriza a candidatura própria à presidência do país? Mas, por que não perguntar o que aconteceria (ou acontecerá) no país se um partido assim tão grande assumisse para valer uma postura oposicionista?

Não faltariam jornalistas dizendo, ou melhor, mal dizendo o “impatriotismo” do partido num momento tão bom do Brasil. Não faltariam os que dissessem: “o partido poderia votar favoravelmente nos projetos de interesse do país”. Mas, nesse caso qual o problema de o partido se aliar a governos que preponderantemente propõem bons projetos para o país?

A propósito, não teria sido o PMDB (através do presidente Itamar Franco) o formulador do bem-sucedido Plano Real? E não é a FHC que se dá tal crédito?

Ulysses Guimarães disse duas verdades redentoras a respeito do seu partido: “A democracia é o primeiro compromisso do PMDB”. Outra – “O PMDB é como massa de pão, quanto mais apanha mais cresce”.

Daqui uns dias veremos como o partido sairá das urnas no Amapá e no restante do país, maior ou menor conforme o voto do eleitor, que por sua vez pode sim se encaminhar para a cabina de votação com a opinião de algum jornalista na cabeça.

Mas, convenhamos que devidamente calculado não dar a César o que é de César tem lá suas vantagens, afinal quem não parece politicamente mais correto batendo no PMDB?



Notas: ¹-Vindo o Ficha Limpa vão os fichas sujas. ²-O Desembargador Presidente do TRE foi o primeiro Curador do Meio Ambiente no Amapá. Benedito Rabelo, Paulo Celso, Edmar, José de Assis França, Farias e eu estávamos ao lado dele, éramos o “suporte”. Foi daí que surgiu a CEMA, depois a SEMA e todo o sistema estadual de meio ambiente que hoje é destaque no âmbito dos estados brasileiros. ³-Hoje o PMDB convenciona coligar-se com o PSDB que convenciona coligar-se com o PMDB – formam uma força política eleitoral formidável.

SENADOR PAPALÉO PAES - ÓTIMO TEXTO

ELEIÇÕES E MOBILIZAÇÃO POPULAR


Papaléo Paes (*)

O movimento popular pela moralização da política, de que resultou a proposição conhecida como “Ficha Limpa” acaba de nos dar uma lição – a todos os políticos, principalmente – e de apontar para uma nova direção na participação ativa dos eleitores na política. Mais que somente comparecer, a cada pleito, às seções eleitorais, o brasileiro começa a manifestar ativamente sua preocupação com a lisura de comportamento de seus representantes.

A importância dessa mobilização, enfim vitoriosa com a aprovação da lei no Congresso Nacional e com a decisão do TSE de fazê-la vigorar já para o pleito deste ano, não deve ser diminuída pela atitude cínica dos que pensam que, no fundo, nada mudará. Foi vencida a interpretação, aliás reacionária, segundo a qual se está a perpetrar uma violação do princípio jurídico da não-retroação da lei contra o réu. Não somente se trata de legislação eleitoral, e não penal: a possibilidade da busca de abrigo na imunidade parlamentar – muitas vezes disfarce da impunidade parlamentar – e do foro especial constitui, na verdade, um abuso do direito de plena defesa. Uma forma espúria de protelar condenações e de achincalhar a moral política.

É até lugar-comum a noção de que o brasileiro “não sabe votar” e de que somente participa na urna, esquecendo-se, em seguida, até dos nomes que acabou de sufragar. De fato, por inúmeras razões, ligadas à nossa legislação eleitoral, a nossa ainda incipiente experiência democrática e ao nível de informação de parte de nossa população, a atividade política parece distanciada do cidadão-eleitor. Políticos se afiguram, para muitos brasileiros, como existindo apenas durante as campanhas eleitorais, quando fazem promessas e concedem pequenas benesses em troca dos votos. No interregno entre eleições, ao longo das legislaturas, quando são notícia, é de caráter negativo: corrupção, defesa de interesses pessoais ou corporativos, nepotismo.

A discussão das formas de se aperfeiçoar a representação constitui o debate interminável da “reforma político-eleitoral”, com que se gasta papel nas publicações e a voz nos parlamentos, sem avanço. Interesses contraditórios de partidos, regiões e de indivíduos impedem a obtenção de consenso entre os membros do Congresso Nacional. Por isso, é saudável que iniciativas como a do “Ficha Limpa” partam dos eleitores, dos cidadãos cujos impostos sustentam o Estado e cujos interesses maiores somos trazidos até aqui para defender.

Entretanto, a população não deve, agora, dormir sobre os louros dessa conquista. Ao contrário, é necessário que se mantenha mobilizada para fiscalizar tanto nossa atuação no Congresso quanto a lisura do processo eleitoral. Cobrar dos partidos o cumprimento da Lei e dos tribunais eleitorais a punição de seus eventuais violadores.

Mobilização popular significa manter-se atento aos crimes eleitorais e, mais importante, significa denunciar às autoridades qualquer irregularidade. Democracia significa a prevalência da vontade da maioria do povo. Por isso, o eleitor é, em princípio, o elo mais forte do Estado de Direito. Mas, para exercer sua soberania, o povo precisa se manifestar continuamente, cobrando de governantes e parlamentares uma atuação condizente com seu papel de gestores da coisa pública e de representantes da população; dos tribunais, o processo expedito. Não pode permanecer alheio ao que acontece nos gabinetes, plenários e salas de juízo. O abuso do poder econômico, seja oriundo do controle do erário pelos que estão em cargo executivo, seja das posses dos que detém fortuna pessoal, deve ser confrontado diuturnamente pela população.

Não tenho ilusões de que o exercício pleno da cidadania possa ser efetivado enquanto muitos eleitores brasileiros seguirem vivendo no limiar da pobreza ou da miséria, na dependência do assistencialismo do Estado ou de benfeitores mal-intencionados. Não tenho ilusões de que, sem uma educação e uma saúde pública de qualidade, essas populações mais desassistidas possam, efetivamente, se mobilizar pela moralização da atividade política. Mas o que o episódio do envio do Projeto “Ficha Limpa” demonstra – como antes sucedeu com o movimento das “diretas-já” –, é que uma parcela ampla da opinião pública, conscientizada, pode e deve, em seu nome e no das massas, dizer aos governantes que não aceitam mais abusos.

É extremamente importante convocar os tribunais eleitorais – os TREs das 27 Unidades Federadas e o TSE – para o exercício imparcial de seu papel de fiscal das eleições. O princípio da independência entre os Poderes adquire, por ocasião das eleições, talvez seu caráter mais necessário e urgente. Nada pode ser pior que tribunais eleitorais sobre os quais os ocupantes do executivo tenham alguma influência ou injunção.

Com eleitores e juízes atuantes, tenho a certeza de que teremos pleitos limpos e de que serão empossados governantes e parlamentares comprometidos com a moralidade política e com os interesses da população.



(*) Papaléo Paes é senador da República

quinta-feira, junho 03, 2010

AMIGO ADEUS - DR. EDUARDO COSTA LAMENTA

O meu amigo Odir Macêdo!

Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa* (eascosta@cardiol.br)



Hoje eu ia comentar “stress” ou em português “estresse”, mas minha vontade inicial foi comentar a respeito da vida de uma das pessoas que muitas vezes considerei como pai, e que já foi morar com Deus. Estou falando do Odir Macedo, meu amigo, que nestes anos de convívio muitas das vezes ocupou o lugar por algum momento do meu pai, nos conselhos, nas orientações, na ajuda do meu retorno para Macapá, me recebendo de braços abertos e dando a mão para meus sonhos e projetos. Não convivíamos diariamente, mas em todos os momentos em que estivemos juntos nesta vida, tive uma palavra amiga e uma proposta de apoio a todos os meus projetos, fossem eles de vida, de saúde ou mais recentemente políticos. Além da constante palavra amiga, o Odir se preocupava sempre com o futuro, tanto da sua família quando da minha, pois em suas últimas conversas comigo um dos assuntos e de suas preocupações foi a respeito do Diogo Henrique Costa, meu filho, Engenheiro Civil, que terminou o curso na Universidade do Porto em Portugal e está terminando o mestrado na USP-UFPA em estruturas da construções de edifícios altos e pontes, pois achava que pela necessidade de profissionais deste porte aqui, o mesmo, apesar dos constantes convites de trabalho, deveria iniciar suas atividades profissionais aqui em Macapá. O Odir amiúde me presenteava, todos os quadros com pinturas que tenho, foram seus presentes, tenho uma escultura no consultório, uma urna de índios, vários relógios e uma pasta para notebook, que é tão bonita que ele falou que ia me esperar no aeroporto para saber se eu estava usando. Quando o governo anterior me convidou para tomar conta da cardiologia, da hemodinâmica, da residência médica e do curso de medicina que seria implantado (projetos que nem iniciaram na época por razões da inércia política local), o Odir foi quem se preocupou em me proteger, no lado legal de tudo, para eu não ser exposto as falcatruas que são freqüentes nestas negociações de contratos. Antes da última eleição estávamos com vários conhecidos no seu aniversário de casamento, dentro do escritório em sua casa, quando alguém, sabendo que eu era candidato perguntou quanto eu tinha de dinheiro para distribuir na boca de urna, fato que dizem ser comum nas eleições; foi quando o Odir comentou que eu era o único candidato naquele momento que não precisava pagar ninguém, pois o meu eleitorado era formado de pessoas esclarecidas e inteligentes e que se ofenderiam com qualquer tipo de proposta desse tipo, e praticamente convenceu todos os seus pares da necessidade de inteligência política no estado. Enfim, este era para mim o meu amigo Odir, amizade que iniciou devido sua esposa, a Milnéia, que por ser assistente social encaminhava, amiúde, pacientes cardíacos daqui de Macapá para mim, que quando morava em São Paulo era médico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hospital São Paulo da Escola Paulista de Medicina, serviços públicos que recebiam pacientes de todo o Brasil, e o contato e os tratamentos eram comigo.

Um dia estávamos discutindo amizade, e alguém disse: - Pra qual dos teus amigos, quando um dia o teu carro entrar em pane três horas da manhã no meio da estrada você ligaria e saberia que ele iria te ajudar?...depois de pensar muito eu respondi: Alguns, mas o Odir Macedo com certeza.

É isso meu amigo, Deus te recebeu e se ele pudesse ter ou tiver alguma coisa meio desorganizada por certo você o estará ajudando, enquanto a gente aqui vai ficando órfão de gente como você. Você hoje faz parte dos nomes citados nas minhas orações e como cremos na vida eterna em algum tempo vamos continuar nossas conversas...

Semana que vem trato de estresse e do mingau de banana com tapioca da Deise, esposa do Nildo Leite, meu primo. Uma semana abençoada a todos.



* Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia

Professor Associado, Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) e

Coordenador da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará.

OLHO NELE: O DR. EDUARDO QUER SER DEPUTADO.

Amapá, o fantástico e eu político.

Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa. (ecosta@ufpa.br)

Eu ia começar este artigo na noite do domingo passado cobrando o desaparecimento do farol da fortaleza, isso em função do excesso de pedidos em e-mails para eu cobrar (estou começando a gostar deste sentimento de amapalidade!); mas quando o programa fantástico da rede globo acabou, comecei a receber uma grande quantidade de telefonemas a respeito da saúde no Amapá, visto que, como sempre falo em todos os lugares em que faço palestras e conferências que sou amapaense e moro em Macapá, sou conhecido fora daqui como o médico da região. Os questionamentos foram em cima do fato de eu morar aqui e aquela notícia ser daqui. Tive que ouvir comentários que sempre iniciavam com um elogio para depois, de imediato vir a cobrança, do tipo: “Eduardo você mora em Macapá!”, “Você é uma das maiores autoridades em saúde neste planeta!”, “Você é um professor de medicina”; “Você tem um dos maiores currículos universitário do país!”, seguida da cobrança “Como isso pode estar acontecendo na cidade onde você vive? E por que você não interfere nisso?”. Tive que ouvir estes comentários de diversos lugares do país e ficar calado ou simplesmente dizer que, no momento, não tenho como interferir, pois não faço parte da estrutura governamental e nem tenho poderes para tal, pois sou apenas um cientista da área de saúde, que moro em Macapá. Mas, outra vez devido a intensa cobrança, vou, de novo, me candidatar a político, pois existe um provérbio de que basta o “bem” não fazer nada para o “mal” prevalecer . E pela terceira vez, vou me expor a uma candidatura. Na primeira vez foi para ajudar o partido, na segunda, não estava programado, até eu ir assistir uma senhora com acidente vascular cerebral no hospital geral de Macapá, no dia que o estado financiou a escola de samba Beija-Flor, e naquela mesma noite não tinha o remédio “aspirina” no hospital, o que desencadeou a segunda candidatura, pois você não pode ficar assistindo a esses fatos, tendo saber e conhecimento para interferir, e não fazer nada. E este é o raciocínio lógico desta terceira candidatura, pois como nunca distribuí dinheiro em boca de urna, prática proibida pela lei e pelos meus princípios éticos, mas fato que dizem ser relativamente comum nas eleições daqui, só posso ir buscar meus votos nas pessoas inteligentes, esclarecidas e com boas intenções, e que não sejam analfabetos funcionais, pois este é aquela que sabe ler, escrever, fazer contas, mas não sabe pensar em prol de sua comunidade, e como estamos na Amazônia, em prol da humanidade. Um exemplo daquele que não pensa, é o que agradece ao deputado que colaborou para pagar o enterro do seu filho ou da sua mãe, mas esquece que o mesmo político não interferiu para que os seus filhos ou a sua mãe não morressem. Infelizmente uma parte do nosso povo foi aculturada corruptamente, e esperam a eleição como se fosse o dia de natal, para ganhar um presente, e a seguir passar mal por quatro anos, continuando a morar num acampamento, pois morar numa cidade que não tem esgoto, que metade não tem água encanada e que não tem internet, é morar num acampamento. Portanto, vou me candidatar de novo, e espero que todos aqueles que desejem transformar este nosso querido acampamento em cidade e que queiram um político com saber, conhecimento e autoridade para colaborar ou “bater de frente” se necessário, com o próximo governo, para estruturar principalmente a saúde e a educação do estado, avaliem em quem vão votar, pois somente políticos com autoridade naquilo que fazem podem mudar a história, pois vide a nossa e os nossos oito últimos anos aqui no Amapá, o que mudou pra melhor na sua vida? Pense!

Eu comentei no artigo passado que só o que me deixava triste sobre Macapá é que trinta e sete anos depois, quando voltei, a cidade não mudou muito, pois o hospital onde nasci ainda é o único estadual na cidade. Uma semana abençoada à todos. Semana que vem volto a falar de Macapá e de saúde. Mas no final das contas, onde estará o farol da fortaleza?



* Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia

Professor Associado, Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) e

Coordenador da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará.

MINHA TERRA TEM AÇAIZEIRO ONDE CANTA O PAPIIM - DR. EDUARDO COSTA AFIRMA.

Macapá, o sapo, o farol e a gripe suína.

Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa* (ecosta@ufpa.br)



Confesso que não sabia o quanto eu era lido até o artigo da semana passada sobre minha infância em Macapá. Recebi vários e-mails e telefonemas a respeito, e até o Zezinho meu irmão, um dos grandes incentivadores em todos os meus projetos, e que sempre acha que cada texto que escrevo poderia ser um pouco melhor, gostou demais e até acrescentou a palavra “amapalidade” ao primeiro parágrafo. Muitas das correspondências eram de amigos de quarenta e poucos anos atrás que não foram citados e outros por terem sido lembrados, e um especial do Juarez Cabral sobre o comentário a respeito do seu irmão João, um dos meus melhores amigos daquela época, telefonema com elevado espírito de sentimento, respeito e saudade. Outros perguntando e levantando um questionamento antigo que eu desconhecia; “onde estão o sapo da Praça Barão do Rio Branco e o farol da fortaleza?”. Questionamento que acho que temos que aprofundar, a não ser que alguém nos informe a respeito do paradeiro dos mesmos. O Sr. Leitão, em frente da banca do Dorimar questionou eu não ter citado meus avós Adjuto, o materno e o Cazuza, o paterno; cujas presenças na minha vida ainda comentarei. De minhas professoras, minha memória lembrou da Edith, da Raquel, da Emília, da Terezinha, da Lucy e da Oneizinha, esta eu encontrei e dei um abraço numa dessas madrugadas de espera no aeroporto. De minhas Diretoras, a Olívia, a Quitéria e a Carmelita, esta no curso do exame de admissão. Mas prometi a todos que em cada artigo usarei um parágrafo para contar um pedacinho dos nossos bons tempos.

Mas vamos ao assunto de hoje, as informações a seguir são do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial de Saúde). A gripe suína, que é a influenza A (H1N1), doença respiratória aguda, causada pelo vírus pandêmico (H1N1) 2009. Este novo subtipo do vírus da influenza, vírus da gripe, do mesmo modo que os demais, é transmitido de pessoa a pessoa, principalmente por meio da tosse ou espirro e do contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas. As letras correspondem às duas proteínas da superficie do vírus: H: Hemaglobulina e N: Neuraminidase . O numero 1 corresponde a ordem em que cada uma das proteínas foi registrada, significando que ambas as proteínas tem semelhanças com os componentes do vírus que já circulou anteriormente, quando da pandemia de 1918-1919 na Europa. E qual a diferença entre a gripe comum e a influenza pandêmica (H1N1) 2009? Elas são causadas por diferentes subtipos do vírus influenza. Os sintomas são muito parecidos e se confundem: febre repentina, tosse, dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações e coriza. Por isso, ao apresentar estes sintomas, seja pela gripe comum ou pela nova gripe, deve-se procurar um médico ou um posto de saúde. Até o momento, o comportamento da nova gripe se assemelha ao da gripe comum. Ou seja, o vírus pandêmico (H1N1) 2009 não se apresentou mais violento ou mortal, na população geral. A maioria absoluta das pessoas que adoece, seja pela gripe comum, seja pela gripe pandêmica, desenvolvem formas leves da doença e se recuperam, mesmo sem uso de medicamentos. Para ambas as gripes pessoas com doenças crônica, gestantes e crianças menores de dois anos são mais vulneráveis. Mas quando consideramos a população jovem previamente saudável, este vírus tem um maior potencial de causar doença grave, quando comparado com o da gripe comum. Por outro lado, o vírus pandêmico tem acometido menos as pessoas maiores de 60 anos. Mas ainda são necessários estudos mais aprofundados que estão sendo realizados, em todo o mundo, para esclarecer o comportamento desse novo vírus. A vacina que estamos utilizando é segura e já está em uso em outros países. Não tem sido observada nesses paises uma relação entre o uso da vacina e a ocorrência de eventos adversos graves. A resposta máxima de anticorpos se observa entre o 14º e o 21º dia após a vacinação. O Ministério da Saúde adquiriu cerca de 113 milhões de doses, para administração da população em etapas distintas e tem por objetivos a proteção de alguns grupos de maior risco de desenvolver doença grave ou evoluir para morte durante a segunda onda da pandemia influenza H1N1 e também garantir o funcionamento dos serviços para atendimento ininterrupto dos casos suspeitos ou confirmados da Influenza H1N1, por meio da vacinação dos trabalhadores de saúde e nos grupos de maior risco, que são a população indígena; as gestantes; as pessoas portadoras de doenças crônicas; as crianças maiores de seis meses até os dois anos de idade e a população de 20 a 39 anos. Mas o Brasil decidiu ir mais além do que o recomendado pela OMS que era vacinar apenas os quatro grupos que apresentaram maior risco (trabalhadores de saúde, gestantes, população indígena e pessoas com doenças crônicas preexistentes) e ampliou o público alvo, incluindo grupos de pessoas saudáveis. Nas Américas, além do Brasil, apenas Estados Unidos e Canadá adotaram essa iniciativa, demonstrando assim, o esforço brasileiro em vacinar a maior quantidade de indivíduos com risco de desenvolver formas graves ou morrer por esta doença. Por conseguinte, vacine-se. O cronograma de vacinação nos grupos prioritários está na mídia diária e no site do Ministério da Saúde. Uma semana abençoada a todos. Semana que vem volto a falar de Macapá e de saúde.



* Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia

Professor Associado, Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) e

Coordenador da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará.

MÉDICO TAMBÉM TEM SAUDADE - DR. EDUARDO COSTA LEMBRA.

A minha Macapá.
Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa* (ecosta@ufpa.br)

Após três semanas ausente, devido viagem em função de doença em familiares, voltei. E dessa vez não tive tempo de escrever nem dentro dos aviões como de costume (para cumprir meu compromisso semanal com esta coluna), cheguei na quinta e fui tomar o café da tarde na Gazeta para me atualizar, e, na conversa de todos senti um grande sentimento de amapalidade em razão de comentário infeliz de um goiano a respeito da nossa terra. Comecei a pensar e voltei ao tempo de minha infância aqui, aí pensei, vou escrever sobre a minha cidade de Macapá e deixar a gripe suína para a semana que vem, sem antes avisar que todos devem ser vacinados, pois a doença é muito grave e mata. Bem, ao assunto, nasci como hoje em um dezoito de abril, no hospital geral. De minhas primeiras lembranças vem à memória o festejo da copa de 1958, pois a casa da vó Maria era no lado do café society, onda a vida acontecia naquela época. A outra vó, a Deolinda morava em frente da casa do Mestre Oscar. Lembro de brincar com o sapo da frente dos correios, de passar por debaixo da barriga dos leões do fórum, onde hoje é a OAB, de estudar na Escola Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no igarapé das mulheres das Deusas e Margaridas, dos colegas de infância da escola e do bairro, ainda sou capaz de lembrar alguns nomes, do João Cabral (que morreu servindo o exército num acidente na guerrilha do Araguaia), que era um super amigo e muito bom de bola, da mesma época, o Cristovão, a Lindalva, o Orlanil, o Zé Raimundo, a Bela, a Sônia, a Graciete, o Lindolfo, o Cazuza, o Bebé, a Maria José, a Iaraci, a Jurema, o Arigó, o meu primo Manoel, o Carlão, o Odilon, o Lelê, o Lúcio, o Romero e o Camarão que era mais velho e maior, sendo por isso o responsável por bater o sino da igreja. Na nossa rua tinha uma figura folclórica, o Rocky Lane (não sei seu verdadeiro nome), mas lembro de jogarmos bola na rua descalços e ele de meião e chuteiras, e indo assistir o filme do Zorro, vestido de Zorro. Naquela época íamos nos domingos para fora da cidade, tomar banho no pacoval, muito longe, pois a cidade acabava no campo do América, atrás da igreja de São Benedito, ou para o outro lado muito mais longe, a praia do Araxá; às vezes íamos tomar banho na prainha da Fortaleza, Fortaleza que tinha um farol e os baluartes eram cor de tijolo. Nas noites de lua vermelha e grande batíamos lata pro mundo não acabar e quando jogávamos futebol na praia do trapiche ninguém chegava perto da pedra do guindaste, hoje substituída por concreto onde está a estátua de São José, pois ela era encantada, quando a bola ia em sua direção íamos em grupo buscá-la, ninguém se aproximava sozinho. Nos domingos, depois da missa das oito, que disputávamos para ajudar como coroinhas, pois quase todos éramos coroinhas e/ou escoteiros, íamos ao cine João XXIII de manhã, que tinha sempre um seriado após o filme e ao cine Macapá à tarde, onde um dos rituais era a troca de gibis na porta. No futebol, tinha o Macapá, o Amapá Clube, o Cea, o Latitude Zéro, o América, o Santana, o Trem, mas o nosso sonho era jogar no Juventus, que tinha o Wanderley, o Magalhães e o Caboclinho, só de goleiros além do cracaço Orlando Torres. Nessa época o Alceu, que depois se transformou no super-zagueiro, era apenas escoteiro, e lembro que o maior buraco cavado para a construção da piscina da sede da Veiga Cabral foi feito por ele. E por falar em escoteiros, que até hoje é a maior escola de formação de caráter no mundo, depois da família; lembro de meus chefes, o Batintin, hoje meu paciente, o Mozart, o Silva Luz, o Clodoaldo, o Humberto, o Noventa e Um e o Zé Roberto, este foi meu chefe quando eu era lobinho e que já devia ser meu amigo, pois foi em sua bicicleta que dei minhas primeiras pedaladas. Os clubes sociais eram o Sacy e o Sayonara, este com o papai sendo um dos fundadores e primeiro presidente, e ontem de manhã, conversando no escritório do Zé da Mido, vi uma foto dele, Zé, em que está o Aristarco, que era o vice-presidente, disso eu lembro bem pois um dos lugares mais amiúde das festas era a minha casa. Ah, ia esquecendo das namoradinhas ou quase namoradinhas, aquelas primeiras que a gente nunca esquece, a Iza, a Nazaré e a Idá. Quando não íamos ao cinema no domingo de manhã, íamos todos para o programa de auditório na rádio difusora, o clube do guri, onde o super-músico Aymoré acompanhava a todas as tentativas de cantarmos ao microfone. Enfim essa era a minha Macapá; só espero que depois deste texto, ninguém mais me pergunte se sou amapaense, para novamente eu ter de responder quase decorado, sou, você conhece o Osmar Júnior, a mãe dele é irmã da minha mãe. Conhece a Patrícia Bastos, o nosso bisavô é o mesmo, sabe a Telma Duarte presidente da confraria Tucujú, é minha irmã, e sabe o Dorimar da banca de jornais, a Ana Maria, mulher dele é minha prima. É isso! Vou parar por aqui, pois se deixar minha mente divagar não caberá o texto no espaço da coluna. Só o que me deixa um pouco triste é que trinta e sete anos depois, quando voltei, a cidade não mudou muito, mas isso é o assunto de outro artigo; pois eu te amo Macapá. Uma semana abençoada à todos. Semana que vem volto a falar de Macapá e de saúde.



* Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia

Professor Associado, Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) e

Coordenador da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará.

JÁ MEDIU SUA GLICOSE HOJE? IOCHIDA E COSTA EXPLICAM.

Diabetes, um assunto nada doce...

Profa. Dra. Lucia Christina Iochida* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa** (ecosta@ufpa.br)




Há uma semana estava em São Paulo, participando de banca de tese de doutorado e aproveitei para fazer um curso sobre stents de última geração, quando encontrei a Profa. Dra. Lucia Christina Iochida, uma das médicas mais brilhantes com quem convivi na época da pós-graduação na UNIFESP, e além das qualidades profissionais ela tinha o mais belo par de pernas da escola paulista de medicina, naquela época. Agora, a bela é Professora Associada de Clinica Médica da mesma escola (professor associado, na carreira universitária, é a classe final para a qual passa o professor que tem doutorado, após oito anos de professor adjunto com produção científica); aproveitei o encontro pra discutir um caso de diabete recente na minha família e durante a conversa ela me contou que soube dos meus artigos na Gazeta, isto em razão de me procurar na internet pra me fazer um convite acadêmico. Conversei com a Lucinha (minha maneira carinhosa de tratá-la) a respeito de meus artigos e pedi para ela escrever alguma coisa para que todo mundo pudesse entender a doença diabete. Ontem, recebi por e-mail este primeiro texto:

A diabete é uma das doenças que mais tem crescido, e causado grande preocupação aos médicos de todo o mundo é o diabetes ou diabete. O nome da doença em latim é "diabetes mellitus", e foi chamada assim porque as pessoas doentes urinam muito (diabetes = sifão) e a urina é doce (mellitus= doce como mel). Esta doença é conhecida desde a antiguidade, mas seu aumento exagerado foi observado a partir do século XX, principalmente depois da II Guerra Mundial.

O que chama atenção no diabetes é o aumento das taxas de açúcar (glicose) no sangue, que ocorre em todos os tipos da doença. É importante notar que existem diversos tipos diferentes de diabetes, porém os mais importantes são o tipo 1, que aparece principalmente em crianças e adolescentes, e o tipo 2 que aparece com mais freqüência após os 40 anos de idade, principalmente em pessoas com excesso de peso. O diabetes tipo 1 exige o uso diário de injeções de insulina, e corresponde a cerca de 10% dos casos de diabetes. Os pouco mais de 90% de todos as pessoas com diabetes são do tipo 2, por isso comentaremos agora sobre ele.

No Brasil, estima-se que existam cerca de 10 milhões de pessoas com diabetes, e muitas delas nem sequer sabem que tem a doença. Isto porque, a maioria tem diabetes tipo 2, que é uma doença que provoca poucos ou até nenhum problema, durante muito tempo. Em outras palavras, muitas pessoas tem a doença e não sentem quase nada, ou nada mesmo. Isto não quer dizer que a doença não tem importância, ao contrário, durante todo o tempo em que a pessoa não sente nada, o excesso de açúcar no sangue vai causando estragos em todo o corpo, que mais tarde vão aparecer na forma de outras doenças, como por exemplo alterações na visão, acidentes vasculares cerebrais, infartos e outras doenças do coração, insuficiência vascular periférica que causa o pé diabético, doenças nos rins e várias outras.

É importante prestar mais atenção às informações sobre diabetes, e principalmente para os maiores de 40 anos, mais ainda para os que tem excesso de peso. Procurar o seu médico para perguntar sobre esta doença, e fazer um exame simples, para verificar a taxa de açúcar no sangue, pode hoje significar mais tempo de vida.

*Médica com Residência, Mestrado e Doutorado em Endocrinologia e Diabete

Profa. Associada de Disciplina de Clínica Médica da

Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo



**Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor Associado, Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) e Coordenador da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará.





Apenas “um pouco de açúcar no sangue”.

Profa. Dra. Lucia Christina Iochida* - Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa**
(ecosta@ufpa.br)


Continuando o assunto da semana passada, complemento hoje o artigo da Profa. Dra. Lúcia Iochida, professora de clínica médica da Escola Paulista de Medicina, sobre diabetes mellitus.

Para aqueles que já ouviram isto de alguém, como uma justificativa para ainda não começar a se cuidar, deixar para começar aquela dieta na próxima segunda-feira, vamos continuar falando um pouco mais de diabetes. O principal objetivo desta nossa conversa é chamar a atenção de todos para este gravíssimo problema, que vem se tornando cada vez mais comum, tanto no Brasil como em todo o mundo: o diabetes mellitus e suas complicações (doenças do coração, dos rins, pressão alta, “derrames” e outras).

Como falamos anteriormente, existem dois tipos principais de diabetes, o tipo 1, com início mais freqüente em jovens e crianças, e o tipo 2, com início mais freqüente após os 40 anos de idade. Existe também o diabetes gestacional, que aparece na gravidez, e que também está aumentando em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil.

E porque esse aumento generalizado no número de pessoas que se ficam diabéticas em toda parte? Principalmente por causa da mudança dos hábitos, do estilo de vida e de alimentação que ocorrem em praticamente todos os países. Até cerca da metade do século XX, ou para usar outro ponto de referência no tempo, até o final da II Guerra Mundial, a maior parte das pessoas no Brasil vivia na zona rural, e havia uma grande diferença entre o tipo de comida e a quantidade de esforço físico que faziam as pessoas que viviam na cidade e na zona rural. As diferenças entre os estilos de vida de pessoas que viviam em países diferentes, principalmente quando se comparavam países pobres e ricos, era muito maior do que a que temos hoje. Dentre os leitores mais “experientes” (com mais de 60-65 anos), quem se lembra de tomar coca-cola, ou qualquer refrigerante nas refeições, quando era criança ou mesmo adolescente? Hoje as crianças praticamente não bebem água, e entre seus pratos preferidos estão “hamburguer”, “hot-dog” batatas fritas de todos os tipos, acompanhados de “ketchup”, mostarda e outros molhos, além de chocolates, sorvetes e muitos doces. Mesmo quem não é grande adepto de “fast-food” pode observar que aumentou muito o consumo de comidas prontas (pizzas, enlatados, congelados), e também, não por coincidência, que as pessoas de todas as idades estão cada vez mais “gordinhas”. Isso acontece porque se come mais, comidas cada vez mais “calóricas”, isto é, com capacidade de fazer engordar, e se gasta cada vez menos energia: As pessoas usam o carro para tudo, até para ir até a padaria da esquina! Claro que o progresso traz vantagens, muitas coisas que exigiam muito esforço físico hoje são feitas por máquinas que facilitam o trabalho, mas deixar de gastar energia facilita o ganho de peso. E o excesso de peso facilita o surgimento de doenças, como o diabetes, a pressão alta e as doenças do coração.

Muitas vezes, explicando para uma pessoa que descobriu que tem diabetes a importância de ter uma alimentação controlada (fazer dieta não é passar fome, mas saber o que deve comer e controlar o que e quanto se come), fazer exercícios regularmente, e às vezes também tomar medicamentos, eu escuto a queixa:

_ “mas doutora, eu não sinto nada, e meu açúcar está só um pouquinho alto.. Será que é preciso mesmo todo esse sacrifício?”

A resposta é sim. O único meio que nós médicos temos de evitar as complicações muito graves do diabetes é controlando a doença, tentando manter o açúcar no sangue o mais perto do normal possível. Quanto mais tempo o açúcar ficar alto, maior a chance de aparecerem as complicações. Depois que elas aparecem, depois que a visão piora, depois que os rins começam a funcionar mal, ou que se teve um “derrame”, muitas vezes não se pode mais voltar ao normal (isto é, não se volta a enxergar como antes, por exemplo). Por isso, mesmo que a taxa de açúcar no sangue esteja só um pouquinho acima do normal, se ela está acima do normal devemos tratar dela imediatamente, para fazer com que volte ao normal e fique perto disso o quanto antes. Muitas vezes meus doentes diabéticos dão uma “escapada” da dieta e me dizem: _ a dra. vai ficar brava comigo..” E eu respondo:..”não sou eu que fico brava, mas o seu rim, o seu coração, seus olhos! Pense neles antes de abusar.” É melhor prevenir que remediar, não? Então vamos começar a fazer exercícios, diminuir os excessos alimentares, e fazer um controle da pressão e da glicemia (dosagem de açúcar no sangue) pelo menos uma vez por ano, principalmente após os 40 anos de idade, assim estaremos prevenindo muitas doenças graves.



*Médica com Residência, Mestrado e Doutorado em Endocrinologia e Diabete

Profa. Associada de Disciplina de Clínica Médica da

Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo

**Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor Associado e Coordenador da Disciplina de Cardiologia / Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA.

EDUARDO COSTA ADVERTE: CUIDADO COM O COLESTEROL.

Por que a preocupação mundial com o colesterol?

* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa (eascosta@cardiol.br)



Na terça feira passada por volta de meio-dia estávamos aguardando o início da banda na casa do Savino, eu e a turma, o Prof. Orlando, o Léo, o Álvaro, ....o e o Eduardo Monteiro, estava sendo servido um belo e gostoso cozido, com uma enorme quantidade de tutano, quando alguém me perguntou se o tutano não era colesterol em excesso, razão de eu lembrar de escrever este artigo e explicar a respeito do colesterol. De todos os fatores de risco para a aterosclerose que leva a doença aterosclerótica coronária (DAC), um dos maiores riscos é o colesterol alto, não o total, aquele que nós estávamos acostumados a medir nos exames de rotina, mas sim uma das suas frações; então é melhor começarmos explicando estas frações. O colesterol total é o resultado da soma de basicamente três frações o HDL, da sigla em inglês High Density Lipoprotein (lipoproteína de alta densidade), o LDL de Low Density Lipoprotein (lipoproteína de baixa densidade)e o VLDL de Very Low Density Lipoprotein (lipoproteína de muito baixa densidade). O HDL é o colesterol de alta densidade, é o que não se prega na parede das artérias para causar placas ateromatosas, e por isso é chamado de Bom Colesterol, seu valor normal mínimo é de 45 mg/dl, quanto maior melhor, pois protege de doença. Não existe remédio para aumentar o HDL, a maneira de fazê-lo subir é a prática de exercícios, no mínimo andar 40 minutos todos os dias. O LDL, de baixa densidade, é o que causa as placas ateromatosas e por isso é chamado de Mau colesterol, o VLDL, de muito baixa densidade, é o que tem relação com os triglicerídeos, pois o seu valor vezes cinco nos dá o valor daquele, e é um risco independente quando muito elevado. Bem, o Mau Colesterol, o LDL, é o que quando acima de 130 mg/dl penetra passivamente na parede das artérias, desde que esta esteja lesada (esta lesão é determinada pelo fumo, diabete, pressão alta, obesidade, sedentarismo, estresse, doenças vasculares, etc) e uma vez dentro da parede da artéria, por reações químicas locais, torna-se uma molécula que não é reconhecida pelo nosso organismo como parte dele, e, por conseguinte inicia um processo inflamatório que vai terminar em uma placa ateromatosa que vai obstruindo a artéria continuamente, de tal modo que quando atinge 70% do diâmetro do lúmen ou luz do vaso determina diminuição de fluxo, e se este vaso é uma artéria do coração esta diminuição de fluxo determina dor no peito que nós chamamos de angina. Se esta placa inflama e se quebra, as células do sangue responsáveis pela coagulação chamadas plaquetas, entram em contato com a gordura do interior da placa e desencadeiam a formação de um trombo que vai entupir a artéria determinando o infarto agudo do miocárdio; se for no cérebro ocorre um acidente vascular cerebral, e em qualquer outra parte do corpo chamamos de trombose. Então tudo se inicia quando o LDL colesterol penetra na parede da artéria, razão pela qual o devemos manter atualmente abaixo de 100 mg/dl, e se já tivermos doença ou já tivermos tido uma revascularização do miocárdio (pontes de safena, mamárias ou stent), devemos manter os níveis de LDL inferiores a 70 mg/dl. E como fazê-lo? A resposta agora é mais fácil, pois na última década surgiram estudos que determinaram que um grupo de drogas chamadas estatinas, que existem no mercado desde os anos 80, bloqueiam a elevação do LDL colesterol, e o que é melhor, estudos científicos afirmam que além de baixar o colesterol, estas drogas inibem a evolução da aterosclerose e estabilizam as placas já existentes impedindo a sua quebra, fato que bloqueia a evolução da doença e até provocam regressão nessas placas. Então pergunte pro seu médico e se necessário use-a, pois estudos indicam o uso contínuo em pessoas que tem risco presente como os diabéticos. Assim, pelo menos hoje temos um grupo de drogas altamente eficiente para combater a aterosclerose, que como várias vezes já citamos, é a principal causa de mortalidade no mundo. Uma semana abençoada a todas. Fiquem com Deus.



*Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor de Cardiologia e Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA.

NÃO FUME - O DR. EDUARDO COSTA RECOMENDA.

O Cigarro, de Fato, Faz Tanto Mal?

* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa (eascosta@cardiol.br)


“Beijar um fumante equivale a lamber um cinzeiro”, esta é uma frase que choca as pessoas, mas é comum no meio científico atualmente, tudo devido ao elevado risco para entupimento de artérias. Mas esta história é recente, se é que eu posso chamar de recente trinta anos. Mas, quando terminei o curso de medicina em dezembro de 1978, todos os meus livros da época, que comentavam sobre cigarros não o relacionavam a doenças do coração, em todos eles, a preocupação era com o enfisema pulmonar e o câncer de pulmão, este devido aos níveis de alcatrão. Por este motivo, na época, surgiram os cigarros de baixo teor (de alcatrão), o Free, o Galaxie, etc..., e as pessoas pensavam que estavam livres do risco de ter doença. O fato é que, naquela época, fumar ainda era um hábito totalmente aceito pela sociedade, isto causado pelos exemplos do cinema e da televisão; não se podia imaginar um ator que não fumasse, assim nos filmes clássicos como Casablanca, Suplício de Uma Saudade, Cidadão Kane, etc..., os atores fumavam e nós copiávamos os seus hábitos. Uma vez eu perguntei para uma paciente minha, que era atriz da TV Globo, porque as pessoas fumavam nas cenas das novelas, e ela me disse que era por que a maioria dos atores não sabia representar sem algo na mão, por conseguinte o cigarro era essencial. Bem! Continuando dentro da medicina, na segunda metade dos anos 70 fizeram um estudo para avaliar os pacientes que tinham sido operados do coração e tinham colocado pontes de safena, que era na época praticamente o único tratamento efetivo para doença aterosclerótica coronária, cirurgia que completava 10 anos de existência (Foi inventada por um argentino em 1967). O resultado foi muito preocupante porque, para aquela amostra, um número muito grande de pessoas operadas, tiveram as pontes de safena obstruídas, e então se iniciou outro estudo para verificar que fatores causavam a obstrução das pontes. O resultado foi publicado no início dos anos 80, e a conclusão foi drástica, pessoas que tinham pressão alta antes da cirurgia e que não a controlaram após, tiveram suas pontes obstruídas em aproximadamente 30 meses; nas pessoas que eram diabéticas e após a cirurgia não controlaram os níveis de glicose, as pontes fecharam em aproximadamente 24 meses; o pior resultado aconteceu com os fumantes que não pararam de fumar após a cirurgia, o fumo determinou o entupimento das pontes de safena a partir de 6 meses. Até então, nós médicos não sabíamos que o fumo causava aterosclerose e obstruía as artérias. Daí então começou esta campanha mundial contra o cigarro, pois em minha opinião, ele é o mais letal dos fatores de risco para doença cardíaca. Eu faço cateterismo de coração desde 1979 e nunca vi um fumante com artérias coronárias normais nos exames. É claro que se uma pessoa faz cateterismo é por que está doente, porém esporadicamente encontramos alguém com coronárias normais nos exames, e, pelo menos nos que eu faço, estes com coronárias normais são os não-fumantes, pois a nicotina fere o lado de dentro das artérias, fator que vai gerar a formação de placas ateromatosas que futuramente vão causar a obstrução das mesmas, ocasionando isquemia e infarto no coração, acidente vascular no cérebro ou trombose em qualquer artéria do corpo. Portanto, além de causar inexoravelmente enfisema no pulmão, e poder causar cânceres em diversos locais, como na boca, na língua, na laringe, no esôfago, no estômago, no pâncreas, nos intestinos, na mama, no colo do útero, no reto, na próstata, na pele, etc... e ser co-responsável por doenças tipo psoríase, a mortalidade determinada por esse vício é muito maior pela doença do coração. Por todos esses motivos de risco e por ser hoje um hábito anti-higiênico, é que costumamos usar a frase inicial deste texto, “beijar um fumante equivale a lamber um cinzeiro”. Na próxima semana vou comentar como parar de fumar.





*Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia

Professor de Cardiologia e Presidente da Comissão de

Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da

Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA.

ESCOLA DE MEDICINA - O DR. EDUARDO COSTA ESCREVE.

A Formação Atual de um Médico - Parte I


* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa (eascosta@cardiol.br)


Para quem estiver pensando em estudar medicina, é bom saber por antecipação que o curso atual para formação de um profissional que vai querer ter espaço no mercado de trabalho atual e do futuro é de dez anos, seis de faculdade e no mínimo mais quatro de residência médica, pois antigamente no mundo acadêmico e agora no mundo atual, o médico sem residência é um médico sem a formação completa, um micromédico (este termo foi utilizado pelo reitor da universidade do estado mais a leste do país para o reitor anterior da Unifap, informando a qualidade do curso de medicina deles). Mas residência médica é coisa muito séria, antes dos anos oitenta bastava terminar o curso de seis anos e fazer um estágio em algum lugar de maior projeção científica, por meses ou até um ou dois anos e tudo bem, o médico se tornava um especialista, de qualidade boa ou discutível, mas aceito pela sociedade civil. Do início dos anos oitenta pra cá a procedimento mudou, foi criada no MEC, com sede em Brasília, a Comissão Nacional de Residência Médica, que passou a avaliar os hospitais universitários e não-universitários e, quando qualificados, passou a credenciá-los, de tal modo que a procura por uma vaga passou a ser a ordem para os recém-formados, são dois anos de medicina geral, clínica médica para os de especialidade clínica ou cirurgia geral para os de especialidade cirúrgica e mais dois anos de especialidade, seja ela clínica ou cirúrgica, e às vezes, mais dois anos em uma sub-especialidade, totalizando seis anos; por exemplo, na minha área são dois anos de clínica médica, dois anos de cardiologia e mais dois anos de uma sub-especialidade como a minha (hemodinâmica e cardiologia intervencionista), ou dois anos de eletrofisiologia e arritmias ou mais dois anos de ecocardiografia, ou dois anos de cardiologia pediátrica, etc...Existem especialidades que não necessitam dos dois anos de clínica médica ou cirurgia geral, como oftalmologia, otorrinolaringologia, neurologia, neurocirurgia, dermatologia, ginecologia, obstetrícia e ortopedia, nestas a formação é direta, não ocorrendo necessidade do pré-requisito. Mas o importante é que a sociedade, com o advento da internet e da socialização da informação, tomou conhecimento disso, e agora cobra a formação de cada profissional, de tal forma que em alguns países como os Estados Unidos, um terço das vagas dos cursos de medicina são ofertados para estrangeiros, pois com o conhecimento no computador a sociedade passou a cobrar diuturnamente a formação do médico (vide recentemente a cobrança da especialidade do médico que acompanhava o cantor Michael Jackson) e devido o custo elevado dos seguros médicos para o caso de erros, a profissão passou a ter historicamente menos adeptos, pois é a profissão que se você não tem conhecimento teórico e habilidade prática naquilo que está fazendo o resultado pode ser catastrófico e com perdas de vida, eu ensino para os meus alunos...”aqui não há aprendizado por tentativa e erro, pois se errarmos alguém morre, principalmente na minha especialidade”...Por conseguinte, no mundo atual, se o médico decide ser especialista a residência médica é o primeiro degrau da carreira, depois vem a prova de título de especialista pela Associação Médica Brasileira (AMB), e, se quiser maior formação ou carreira universitária, vem a seguir o mestrado, o doutorado, e os pós-doutorados. É importante saber que, hoje, nas universidades federais, para fazer concurso público para professor de medicina há necessidade de doutorado, ou no mínimo mestrado, e para isso é necessário a residência médica como pré-requisito. Para seu conhecimento, nos próximos finais de semana vamos continuar a comentar este assunto!





* Médico com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia. Professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA

Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da FM-UFPA

Pós-Doutorado em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Títulos de Especialista em Cardiologia, Clínica Médica,

Medicina de Urgência e Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista pela Associação Médica Brasileira – AMB

Membro do Comitê de Dez Médicos das Diretrizes de Stent Coronário no Brasil-SBC

MEDICINA DO AMAPÁ - DR. EDUARDO COSTA REFERENCIA.

O Dr. Alberto Lima e a Medicina de Hoje!

* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa (eascosta@cardiol.br)


Em 1983, o Dr. Alberto Lima, que era meu paciente há dois anos, encaminhado pelo Dr. Cabral, cardiologista daqui de Macapá, chegou a São Paulo e foi me visitar, chegou ao meu apartamento no início da noite, momento em que eu e mais dois colegas do curso de mestrado na época, estávamos estudando matemática e física para fazermos prova de interpretação de exames de hemodinâmica, chegou e me levou de presente, o que era comum naquela época, uma garrafa de whisky, e quando abri o papel do embrulho, e ele viu a garrafa, me disse em tom de gozação “não foi esta que eu mandei a Estelita te mandar, acho que vou levar de volta, esta é da minha coleção”, e assim começamos um bom papo, daqueles que só o Alberto era capaz de tornar agradável o tempo todo. Como o mesmo tomou conta do assunto, perguntou o que estávamos estudando, e o Valtinho, meu colega, tentou explicar o cálculo da primeira derivada na curva de pressão da contratilidade do ventrículo esquerdo do coração, que para meu espanto o Alberto demonstrou interesse e até entendeu muito bem o assunto, para a seguir falar de suas atividades aqui em Macapá, a começar pelo número do seu CRM que era o número um do estado, naquela época Território, e depois comentou sua vida de médico, foi demais ouvir por umas três horas suas histórias, até meia noite ele discorreu sobre sua vida de pediatra, de como tratar pneumonia de criança, de fazer hidratação em bebes, de que por um tempo foi até chamado de “Dr. tire a roupa” pois veio para o Amapá num projeto para tratamento de lepra, sendo extremamente necessário ver e examinar as lesões, muito comum nas nádegas. Falou do tratamento da tuberculose, de suas cirurgias de emergência, de todas as fraturas que ele reduzia, dos partos de toda noite, dos quadros de abdome agudo de chegavam de canoa a vela do interior no igarapé das mulheres, assim como gente que vinha com os mais diversos tipos de lesões, de tiros de espingarda a terçadadas. Enfim relatou o todo da medicina do Amapá naquela época de pioneirismo. Quando acabou fomos levá-lo no hotel, que era bem longe, lá no largo do Arouche, no centro de São Paulo, e na volta um dos meus colegas comentou “Esse médico é o maior médico que eu já conheci, ele sabe resolver tudo, e nós estamos há dois dias discutindo o cálculo da primeira derivada da curva de pressão....”. No outro dia o assunto foi o comentário do dia na Escola Paulista de Medicina, enquanto esperávamos a aula de pedagogia após a de didática; foi quando, no meio dos comentários, um dos nossos professores de estatística comentou “o médico de quem vocês estão falando é dono de todo o conhecimento da sua época, mas hoje tudo mudou”....e fez uma análise da produção do conhecimento na área de saúde de tal modo que no final da exposição passamos a entender a medicina de hoje. O conhecimento médico inicia com Hipócrates, no século de Péricles, quatrocentos anos antes de Cristo, que transformou a medicina em ciência, a partir daí até o homem ir à lua em 1969, alguns consideram a primeira fase, onde a maioria do que se aprendia era observacional, e o conhecimento era muito restrito, a ponto de um médico só, como o Alberto Lima, o ter quase todo. A partir de 1970, o conhecimento tecnológico da era espacial passou para o dia a dia, e segundo palestra do Prof. Álvaro Atalah, do Centro Cochrane do Brasil sobre pesquisas científicas, o conhecimento da área de saúde duplicou a cada quatro anos, de tal forma que em 1974 o conhecimento era o dobro do de 1970, e assim por diante, em 1978 o dobro de 1974 e hoje o dobro de 2005, são produzidos só na área de saúde mais de um milhão de trabalhos científicos sérios por ano, o que torna impossível a obtenção do conhecimento por uma pessoa só, hoje médicos tem que trabalhar em grupo, a equipe da endocrinologia com a equipe da pneumologia, com a equipe da neurologia, e assim sucessivamente...eu ensino para os meus alunos de medicina que eles tem a obrigação de saber todas as emergências, não interessa a especialidade que vão seguir na residência, as emergências todas são prioritárias; o médico pode ser psiquiatra, cardiologista ou ortopedista, mas quando só, tem que saber resolver por exemplo a crise de eclâmpsia da grávida, a dor de alguém com câncer, o edema agudo de pulmão, o coma diabético, o choque anafilático ou a crise de asma..., fora das emergências, no mundo civilizado o profissional trabalha na sua especialidade e em conjunto com os médicos das outras especialidades...ninguém hoje pode resolver tudo sozinho, como o Alberto Lima em sua época....ah, que saudade do Dr. Alberto e do tempo que médicos sabiam tudo, porém isso é pretérito perfeito, é passado....vamos é estudar profundamente a primeira derivada da curva de pressão do ventrículo esquerdo, pois no paciente de hoje com insuficiência do coração, este é um dos primeiros parâmetros que o médico deve saber.



*Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor de Cardiologia e Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA.

PRESSÃO ARTERIAL - DR. EDUARDO COSTA ENSINA.

Pressão Alta – Verdades e Mitos

* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa (e-mail: eascosta@cardiol.br)



“-Meu filho não pode tomar café quente e sair na chuva”..., esta era uma frase comum da tia Iaiá, como era conhecida na cidade minha avó Maria Augusta que morava ali no lado do Café Society na atual Rua Tiradentes, associada a outras frases como: “não pode abrir a geladeira suado ou com o corpo quente”...”não pode tomar banho logo depois do almoço”...que, segundo meu filho Diogo Henrique, que está sentado na minha frente enquanto escrevo, lembrou agora, que ouviu também esses comentários da bisavó. Mas, provavelmente todas as avós e bisavós falaram essas frases e talvez ainda falem até hoje, pois o resultado disso era uma “congestão”, termo que naquela época traduzia um acidente vascular cerebral, que também já foi chamado de “estupor” e “derrame”. Bem, e isso podia acontecer mesmo, cientificamente falando, ...era ou é verdade? Resposta: é verdade. E por que isso pode acontecer? Resposta: por causa da pressão alta, é porque a pressão alta não dá sinais de que está presente na gente, por isso é uma doença muito traiçoeira...nós não sentimos nada, nada mesmo. Eu, que sou médico há 31 anos, passei uns 10 anos para acreditar que pressão alta não dá sintomas, as pessoas não sentem nada...desculpem a redundância do assunto, mas é para fixar o conhecimento, ou seja, quando temos pressão alta não sentimos nada. Aproximadamente 40% das pessoas adultas do mundo todo tem pressão alta, 40% é 2 pessoas em cada cinco adultos, ou 4 em cada 10; provavelmente no quarteirão que você leitor deste artigo mora, existem mais pessoas hipertensas (termo usado para quem tem pressão alta) do que casas, ou seja tem muita gente, muita gente mesmo com pressão alta. E a hipertensão é uma doença herdada geneticamente, dos nossos antepassados da pré-história, que veio passando até nossos dias; por conseguinte, nós não temos culpa de tê-la. Mas naqueles que a tem é obrigatório, vou repetir, OBRIGATÓRIO, o tratamento, e esse tratamento é contínuo, por enquanto, por toda a vida, todos os dias temos que tomar um ou uns comprimidos e um copo d’água e se estivermos acima do peso, emagrecer, pois o único fator que diminui pressão fora os remédios é a perda de peso.

Entretanto, dentro do assunto é importante saber mais outros detalhes a respeito da doença. Inicialmente devemos saber que pressão normal é qualquer pressão de 120 x 80 mmHg (oficialmente é assim que se escreve) mas vamos chamar de 12 x 8, para baixo; assim 11 x 7, 10 x 6, até 9 x 5, desde que a pessoa esteja bem, são pressões normais. Agora acima de 12 x 8 a pressão está alta. Somente nos idosos de hoje, que não foram tratados direitos na vida, se permite 14 x 8. Então quando a pressão está acima de 12 x 8 está alta, desde que medida em repouso, pois a pressão varia o dia todo, basta a chateação de um engarrafamento de trânsito para a pressão máxima ir a 16; se encontrarmos com a namorada crônica que não casamos, a pressão vai a 18 (só esta emoçãozinha), quando fazemos exercícios a pressão pode ir até 22; na atividade sexual com a pessoa de rotina a pressão pode ir até 23, se não for a pessoa de rotina pode ir próximo de 30. Quando levamos um susto pode ir até 25 e quando passamos do calor intenso para o frio, exemplo; sair de uma sauna a 50 graus e pular numa piscina com água a 10 graus, a pressão pode ir próximo a 40. Um detalhe muito importante, quando estamos com dor, qualquer dor, a pressão fica entre 16 e 22, por isso que antigamente todo mundo pensava que dor de cabeça era sintoma de pressão alta, mas geralmente é o inverso, a dor de cabeça faz pressão subir, então quando estivermos com dor de cabeça e pressão alta, primeiro tratamos a dor de cabeça. Eu já tive paciente com pressão de 30 x 18 que estava contando piada, e este ano uma paciente com 29 x 16, que só veio trazer a mãe para consulta e no final pediu para eu medir a pressão, sem estar sentindo nada. Verdadeiramente só existe uma maneira de sabermos se a pressão está alta, é medindo a pressão; fato que ficou comum nos últimos 15 anos, mas que antes era raro, pois quantas pessoas passaram pela vida sem medir a pressão. E aí voltamos para o primeiro parágrafo,...quem é que tomou café quente e saiu na chuva e teve um acidente vascular cerebral, justamente o indivíduo que tinha pressão muito alta e não sabia ou nunca soube, pois antes dos anos 90 ninguém media a pressão de rotina como hoje, só quando estava doente e ia ao médico, e aí praticamente ninguém sabia que tinha a doença até o momento do acidente. Continuaremos o assunto na semana que vem. Uma semana com saúde e fiquem com Deus.



*Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor de Cardiologia e Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA.




Pressão Alta - Verdades e Mitos - Parte II




Espero que o natal de todos tenha sido muito feliz. Estou comentando agora porque houve um problema na entrega do artigo na semana passada e não comentei a data, mas espero que a boa vontade de fazer sempre o bem que acontece em todos, nesta semana, se prorrogue por todo o ano de 2010. Mas vamos ao assunto: “-Meu filho não pode tomar café quente e sair na chuva”..., na semana passada iniciei o artigo com esta frase da minha avó e provavelmente de todas as avós daquela época, e comentei a respeito da pressão alta, doença que não dá sintomas, exceto na hora da complicação, que pode ser um acidente vascular cerebral, conhecido por “estupor”, “derrame” ou “congestão”, pode ser um infarto agudo do miocárdio, um edema agudo de pulmão (que é o máximo da insuficiência cardíaca), ou insuficiência renal, que são as complicações decorrentes da lesão causada pela pressão alta nesses órgãos e aparelhos do nosso organismo. E, voltando ao assunto, como saber se temos pressão alta? Só há um jeito de saber: medindo a pressão, que hoje deve ter uma primeira vez na adolescência, depois nos vinte anos e principalmente aos 35 anos nos homens e 45 nas mulheres, idade em que a doença se instala no ser humano. Em 90% dos casos a causa é genética, ou seja, a herdamos de nossos antepassados. Somente em 10% das pessoas com hipertensão a causa pode ser conhecida, isto em função de alguma doença que faz com que a pressão aumente, geralmente doenças renais e endócrinas (das glândulas), às vezes tumores que secretam adrenalina, que é uma substância que aumenta a pressão ou defeitos na artéria aorta, que pode apresentar uma constrição chamada coarctação que também aumenta a pressão. Mas, o importante após descobrir que a pessoa é hipertensa é o tratamento, que até o momento deve ser contínuo, todos os dias da vida. Por que até o momento? Porque na evolução do conhecimento a qualquer momento pode se descobrir a cura definitiva. Mas voltando ao tratamento...as pessoas quando ficam sabendo que terão que usar medicamentos todos os dias ficam algo deprimidas, entram em discreto “parafuso” e perguntam: Pra sempre???...Eu costumo comentar: - Existem coisas que fazemos todos os dias e são pra sempre...exemplos: escovamos os dentes, tomamos banho, homens fazem a barba, mulheres tem que pintar os olhos e os lábios, fazemos pipi, fazemos cocô, tomamos café, água, almoçamos, etc...todos os dias...quando temos hipertensão acrescentamos um item a mais no café da manhã, o remédio, que ainda bem, já que nada é de graça, é pago pelo governo federal e recebemos nos postos de saúde de todo o Brasil, e controlando a doença a vida é normal, podemos fazer exercícios, correr, nos zangarmos, torcer pelo flamengo, enfim, fazer qualquer coisa ruim que o nosso organismo, com a pressão controlada (em 12 x 8 ou 11 x 7 ou 10 x 6), agüenta. E como se trata a pressão? ....Bem! Em primeiro lugar, se estivermos acima do peso, é obrigatória a perda dos quilos a mais e a seguir tomarmos o remédio que o médico prescrever. Às vezes precisamos de algumas semanas para adequar as doses dos remédios para a normalização. Eu, em toda a minha vida de médico nunca vi uma pressão não controlar, às vezes demorou de um a dois meses para acertar a dose dos remédios, mas todos controlaram. E o que é mais importante, depois disso houve regressão do acometimento dos órgãos, o coração diminuiu de tamanho, o fundo de olho (exame de rotina em hipertensos) melhorou, enfim há uma melhora em todo o organismo, principalmente se os rins ainda não entraram em sofrimento, pois nestes a reversão do acometimento é mais difícil, uma das razões para tratarmos a doença o mais precoce possível. Então, caro leitor, como o número de hipertensos no mundo varia próximo de 40%, provavelmente em nossas famílias a doença está presente e precisamos cuidar da maneira mais séria possível, pois como já citei várias vezes, a doença praticamente não tem sintomas, e se a pessoa hipertensa não for civilizada, não vai tomar remédios para uma doença que ela não sente, e aí que mora o perigo...muitas vezes de vida. Na próxima semana vou comentar a respeito do tratamento da emergência hipertensiva, que eu acho que todas as pessoas devem saber. Como a quantidade de e-mails que recebi foi grande, acho que temos um grande rol de leitores semanais, alguns pedindo a repetição de matérias, que vou aproveitar quando viajar longe ou sair de férias.

Que todos tenham um 2010 com muita saúde e iluminado diariamente com a presença de Deus.



*Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor de Cardiologia e Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA.


Quando Tratar a Pressão Alta como Emergência




* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa




Mesmo voltando a morar em Macapá em 2002, tenho uma agenda social muito grande em Belém, pois estou amiúde na mídia local ou nacional, ora por pesquisas médicas, ora pela atividade como cardiologista, ora como hemodinamicista, ora como presidente de comissão de pós-graduação de medicina da universidade federal ou como membro do grupo de ouro; de tal forma que tenho que participar de batizados, cerimônias de formatura e posses de autoridades em todos os semestres. Mas um convite me chamou a atenção há alguns anos, pois fui insistentemente solicitado para o aniversário da matriarca de uma família que anteriormente nunca havia me convidado para nada...a insistência foi tão grande que três dos filhos me ligaram a noite para eu anotar a data no meu calendário anual de parede e dois foram no meu consultório confirmar o convite...o que me deixou deveras enaltecido com tal atenção. A festa era um almoço no domingo, e chegando tal dia estava eu lá, no horário combinado. Quando cheguei, achei estranho todo mundo falar “chegou o médico, agora podemos começar”, e chamaram os filhos da senhora, que ela não via há anos, para aparecerem....e pediram para eu medir a pressão da mãe...ou seja, eu só fui convidado pela preocupação deles caso ela passasse mal ou a pressão subisse... eu fingi (por formação) que não ficara chateado e depois mandei a conta dos serviços profissionais...eles não pagaram de imediato e deixaram de falar comigo por uns anos até um deles ser acometido de infarto do miocárdio e a família chegar desesperadamente na minha casa como se nada tivesse acontecido. Lembrei dessa história, que aconteceu em Belém, em 1995, para iniciar as frases rotineiras na vida de um médico, pois é muito comum um paciente me ligar e dizer “Professor, a minha pressão está 17 por 9, o que é que eu faço, tomo mais um comprimido do meu remédio ou vou para o hospital” ou “estou com uma tremenda dor de cabeça e minha pressão está 20 por 10” ou “morreu alguém da minha família e fui medir a pressão e está 22 por 11, o que faço...” ou a da mãe citada, que ficou 23 por 9...Bem! Como já citei na matéria da semana passada, quaisquer esforços, dores e/ou emoções normalmente aumentam a pressão a esses níveis citados nas frases. E o que fazemos? Resposta: Nada! Nada em parte, pois tratamos com analgésicos a tremenda dor de cabeça, consolamos os que perderam alguém querido e às vezes até, se necessário usamos um antidepressivo para resolver um estresse, o que a cada dia, no mundo atual, está se transformando em uma quase rotina (comentarei mais esse assunto quando escrever sobre estresse). E por que não fazemos nada, ...porque, e já estou sendo redundante, quando estas coisas acontecem a subida da pressão é uma reação humana normal, ...seria anormal se num velório os parentes do morto estivessem com a pressão normal, que significaria que não estão sentindo nenhuma emoção.

Bem! E quando tratar a pressão alta como emergência? Quando ocorrerem sintomas de lesões nos órgãos e aparelhos lesados pela pressão...assim, quando o paciente estiver com pressão alta e com falta de ar (o termo médico é dispnéia), significa que o coração não está conseguindo bombear o sangue normalmente e está havendo acúmulo da parte líquida do sangue nos pulmões, isto é emergência. Quando o paciente apresentar dor no meio do peito, alteração no eletrocardiograma e pressão alta, também é emergência, assim como, quando acontecer dor de cabeça muito importante, com alteração da visão, tonturas, vômitos, com alteração do fundo de olho e pressão alta. Outras situações são quando o paciente apresentar junto com a pressão alta, um acidente vascular cerebral, cuja apresentação geralmente ocorre com paralisação de um lado do corpo, dificuldade de falar e desvio da boca para um lado; ou quando o paciente apresentar pressão alta e insuficiência renal, com inchaços (o termo médico é edema) pelo corpo e alterações dos exames de laboratório que avaliam a função dos rins. Resumindo, em todos estes casos citados, o tratamento da pressão deve ser imediato, por médico e no hospital, pois geralmente se faz necessário o uso de remédios por injeções e “soros” e geralmente com o paciente a seguir internado na UTI (unidade de tratamento intensivo), para ser observado continuamente pelo médico, pois quaisquer desses quadros são graves e com risco de vida. Eu fiz todo esse comentário para informar que pressão alta sem um quadro desses geralmente não é emergência, é só tomar o remédio normal e esperar ela baixar, ou só esperar ela baixar após a causa que a fez subir, como encontrar vários filhos que você não vê há anos, como da senhora do começo do texto. Desculpem, mas na semana passada devido “problemas” com a minha internet o artigo não foi publicado. Continuo com o mesmo assunto na semana que vem. Fiquem com Deus.



*Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor de Cardiologia e Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA.