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sábado, março 21, 2020

ARREBATAMENTO!

Cesar Bernardo - 05 jan 2009. 

Um dia desses senti imensa saudade da minha irmã Yeda, falecida décadas atrás quando tinha, ainda, seis anos: era linda. Voltando para casa pela via Beira Rio, em Macapá, de repente, quando trafegava à altura da Escola Santa Inês, “estava” Yeda dentro do meu carro, não me olhava nem falava, não ria ou chorava. Parei o carro, fixei-a, chorei. Depois fui para casa, faltavam ainda dois dias para o natal de Jesus, em 2008.
Dias depois, horas antes do amanhecer ouvia o Hildon dizendo que Caxias, seu colega de apresentação do programa Acorda Cidade tinha estado na radio e “dado de cara” com o Arnaldo Araújo, radialista notável que ali trabalhara tantos anos, porém falecido.
Caxias teria se desestruturado por causa disso e, sem condições emocionais de apresentar o programa naquele dia deixou-o à responsabilidade exclusiva do amigo.
De certa forma ocorreu a Caxias o mesmo que a mim, no “encontro” com a minha irmã, num tipo de coisa que a mim impressiona mais que amedronta.
Semana passada – é hoje 5 de janeiro de 2009 – ouvi impressionante relato sobre arrebatamento, veio-me da parte do jornalista Reginaldo Borges a partir dos microfones da Radio 102.9, onde ele ancora o programa O Estado é Noticia, que dali diariamente sai para todo o Estado do Amapá.
Reginaldo dizia que viajava por uma estrada estadual e não avistava nada em movimento – nenhuma pessoa, pipa no ar, nenhum veículo, nenhum animal. Tocou para a cidade de Macapá, mas apenas para constatar que parecia não ter restado vida nas tantas ruas, avenidas e becos que tão bem conhecia por ter nascido nesse mesmo contexto urbano. Avistava restaurantes, panificadoras, bancos, postos de abastecimento de combustíveis, e tudo dava na mesma: visão do vazio, sem gente.
Ora, conhecedor que é de profecias narradas nos livros bíblicos - "Eis que vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados." (I Co. 15:51,52).
"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." (I Tes. 4:16,17).
Reis 2, 11: "Ora, enquanto seguiam pela estrada conversando, de repente apareceu um carro de fogo com cavalos também de fogo, separando-os um do outro, e Elias subiu para o céu no turbilhão".
"A busca infrutífera certifica apenas que Elias não é mais deste mundo; seu destino é mistério que Eliseu não quer desvendado".
"Eu gostaria de receber uma porção dupla de teu espírito" (v. 9). Ao que lhe respondeu Elias: "Fizeste um pedido difícil. Mas se me vires ao ser arrebatado do teu lado terás o que pediste; se não me vires, não o terás" "O espírito de Elias repousou sobre Eliseu" -
Reginaldo, assim, se viu deixado dos seus semelhantes como que para prestar contas dos seus atos já no juízo final., imaginei a angustia que sentiu!
Não atino com razões que possam assistir as três situações aqui relatadas, não decifro que avisos, cobranças ou afirmações positivas possam estar contidas nas “visões” da Yeda e do Arnaldo Araújo, e de todas as pessoas “desaparecidas” das vistas do Reginaldo.
Ontem liguei para o Reginaldo para comentar sua narrativa e pedir-lhe que voltasse ao assunto oportunamente com microfones abertos para os milhares de pessoas que o escutam diariamente. É que, desconfio, são poucas ou pouquíssimas as pessoas dentre seus milhares de ouvintes que sabem ou ouviram falar de arrebatamento. Ele, Reginaldo, é um jornalista estudioso com muitas condições de esclarecer bem sobre esta profecia bíblica. Ouvindo-o pode ser que Caxias e eu entendamos melhor o que nos ocorreu.     

quinta-feira, março 19, 2020

MNEMÔNICA

Cesar Bernardo- mar20.

Os filhos têm e são incentivados, financiados e em alguns casos forçados à individualidade, quase isolamento. Primeiro na própria casa e concomitantemente, noutra escala, na própria vida. Defende-os completamente o ECA, a cultura, o ante bullying. A rua os ataca, unicamente.
É feliz e sente-se bem realizado e situado na vida o casal ou mãe ou pai que entrega ao filho o primeiro quinhão de sua herança tão logo desmame: o seu quarto.
Um orgulho dizer: “o meu filho tem um cantinho só seu”. Tanto faz que o rebento tenha tantos ou quantos anos. Nisso já está uma ida ou vinda do pêndulo da ilusão humana ocidental não paterna, não materna, não conjugal apenas. Cada qual no seu quadrado é questão de prosperidade.
Nesse seu cantinho a criança repousa e se aquece apenas de direitos, já é muito mais do que mais e não pode ser desrespeitada a qualquer hora por adultos sem que lhe batam à porta antes. Nunca contrariar a sua ou outra criança em seu “mundo” ou “espaço”, com atos e opiniões contrarias ao que ela espalhou pelo chão, pregou na parede, pendurou o que quis onde quis .... no seu latifúndio.
É direito da criança fazer ali o que bem queira ou não queira. Pode, inclusive, trancar-se nesse seu mundo para em outro abstrair-se indefinidamente em “pesquisas” e jogos eletrônicos em seu tablet ou smartfone.
É crime grave contra o direito dessas crianças alguém se meter nessa seara, assim como é obrigação paterna ou o que a substitua proporcionar-lhes um pacote de férias fora da área geográfica familiar.
Essa paradinha na vida dos pimpolhos deve ser longe do país, de preferencia nos Estados Unidos, sem a menor relação com o deserto do Arizona.... Disney, para começar e encurtar conversa.
Também faz parte da educação delas participar diretamente da reconciliação dos pais via troca de joias caríssimas e o indispensável dar-se um tempo em Paris, ilha de Malta, Vienna ou o que o valha. É para servir de exemplo e aprendizagem para as crianças que ainda vão crescer.
E não se diga que sejam costumes ultra modernos; não são. Estão muito lá atrás os anos de outros procedimentos que cederam lugar aos dias, usos e costumes atuais. Foram aqueles, pode-se dizer, longos anos, períodos da história humana quase que radicalmente opostos aos de agora.
Lá as crianças eram instruídas e treinadas para a vida em grupo, ouvir e confiar nos mais velhos, buscar e valorizar a vida livre de paredes e cercas, confiar e crer em Deus. Autodefesa. Nada de confiar a maquinas e algoritmos a sua defesa, suas decisões, suas escolhas, suas obrigações.
Aliás, é bom parar por aqui até que se saiba se não está nesse texto parte ou virgula que me remeta ao Código de Direito Civil por ofensa à dignidade da criança e do adolescente. Essa coisa de matar o tempo em leito de hospital pode dar em dose insuportável ao moribundo.  

   






quarta-feira, março 18, 2020

CORREDOR HOSPITALAR

Cesar Bernardo - março 2020 - HSLSC 
Curioso estar hospitalizado, o sujeito não se manda, convive com a certeza de que não foi devidamente atendido, não houve barulho do mundo externo, não sabe nada do que está ocorrendo e apesar disso enche-se de gratidão por tudo e todos que não o deixaram morrer.
Inegável que a televisão e principalmente o telefone celular anulam a sensação de vida escassa que antes passeia nos corredores do hospital. Como quem não quer nada entram, tomam espaço num cantinho do leito do paciente, daí a pouco se refestelam no íntimo espiritual já vulnerável de quem não podia mais reagir a tempo de rejeitar a depressão.
Nesses termos a tecnologia melhorou muito o ambiente hospitalar, noutros piorou na medida exata da velha toada das partidas dobradas. É que para o paciente conectado não há segredos de si mesmo, nem questionamento da qualidade do serviço médico ou da segurança sanitária do hospital.   
Importa mesmo que auxiliado pelo Google pelo menos tome parte nos prognósticos, posologias e profilaxias até sugerindo e ensinando, no mínimo corroborando tais encargos médicos e paramédicos com postagens, curtidas, visualizações e comentários de seus seguidores nas redes sociais.
Esse “novo” mundo hospitalar não cede lugar ao devido repouso do paciente. Quanto mais curtido, visualizado e comentado menos dorme, menos se concentra na auto recuperação, recebe mais visitas, menos interage com o “ecossistema” hospitalar. 
Tal sobreposição ao repouso incorpora a visão do dominador força a aceitação, que atua para intervir, modificar. É uma força poderosa que o faz desconsiderar o risco que a permanência prolongada em internação hospitalar sempre representou.
Por esse processo, diga-se, que se rebate para milhares de pessoas em trânsito nos hospitais, pendura-se na fachada dessas casas de saúde um crachá onde se lê as seguintes palavras de advertência: Infecção Hospitalar.
Já de meu turno, useiro e vezeiro de internações, gosto da solidão do hospital. Sei que flutuo nessa atmosfera porque estou doente muito mais que solitário. Nesse ambiente e nessas condições consigo administrar melhor minhas utopias de vida eternamente jovem, a voz interior soa mais clara: voce também é mortal.
Porém, há um ganho em tudo isso que me enriquece sem sobressaltos, qual seja, consigo voltar no tempo batendo minhas próprias asas. Então volto: Infância e adolescência vêm primeiro que o tempo, flor, sol, lua, chuva, tudo parecendo inusitado no mundo. Passos, abraços, ruas, encontros desfeitos no vento, mesmo assim tudo importa, nada importa mesmo junto.
Assim, jovem, ao tempo em que já quase tudo importa, nada é primeiro, nem esperança nem sonho ou silêncio. O sol e a lua brilham mais, encantam além dessa porta, uma profusão de juventude, nuvens brancas, céu azul intenso.
Em me vendo apaixonado, vivo noites de espera - tempo encantador, tudo primeiro outra vez, descoberta que embevece e conforta., tempo de amor, coração a dois, porém, crepúsculo de dor. Só depois dos tempos chego ao tempo d’ouro do amor, porém, cadê sol, lua, chuva, música, luz, flor... nada mais é agora. É na plenitude desses tempos que o hospital me parece agradável.
Contudo, muito me contentaria se agora mesmo comunicassem o meu auto de alta. Ouço bater à porta: Quem bate? É o Coronavirus19! Não adiante bater, não deixo voce entrar

domingo, março 08, 2020

MIRE-SE NAS MULHERES CELTAS

O povo Celta (designação dada a um conjunto de povos organizados em tribos e ligado a um mesmo tronco linguístico) viveu há milênios atrás e se espalhou a partir do IIº milênio a.C, estabelecendo-se mais significativamente na Escócia, França, Portugal, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Ilha de Man, Cornuália, País de Gales, Bélgica, Irlanda.
A unidade básica da sua organização social era o clã, composto por famílias aparentadas que partilhavam um núcleo de terras agrícolas, mas que mantinham a posse individual do gado que apascentavam.
Sua organização política era dividida em três classes: o rei e os nobres, os homens livres e os servos, artesãos, refugiados e escravos.  Este último grupo não possuía direitos políticos. A esta estrutura secular, agregavam-se os sacerdotes (druidas), bardos e ovados, todos com grande influência sobre a sociedade.
A divindade máxima era feminina, a Deusa-Mãe, cuja manifestação era a própria natureza. Formavam uma sociedade politeísta (crença em deuses).
CODIGO DE HONRA DAS MULHERES CELTAS:
Ama teu homem e segue-o, mas somente se ambos representarem um para o outro o que a Deusa Mãe ensinou: Amor, companheirismo e amizade.

Jamais permita que algum homem te escravize. Nasceste livre para amar, e não para ser escrava.

Jamais permita que o teu coração sofra em nome do amor. Amar é um ato de felicidade, por quê sofrer?

Jamais permita que teus olhos derramem lágrimas por alguém que nunca te fará sorrir.

Jamais permita que o uso do teu próprio corpo seja cerceado. O corpo é a morada do espírito, por quê mantê-lo aprisionado?

Jamais permita que o teu nome seja pronunciado em vão por um homem cujo nome tu nem sequer sabe.

Jamais permita que o teu tempo seja desperdiçado com alguém que nunca terá tempo para ti.

Jamais permita ouvir gritos em teus ouvidos. O Amor é o único que pode falar mais alto.

Jamais permita que paixões desenfreadas te transportem de um mundo real para outro que nunca existiu.

Jamais permita que outros sonhos se misturem com os teus, fazendo-os virar um grande pesadelo.

Jamais acredite que alguém possa voltar quando nunca esteve presente.

Jamais permita que teu útero gere um filho que nunca terá um pai.


Jamais permita viver na dependência de um homem como se tivesse nascida inválida.

Jamais te ponha linda e maravilhosa a fim de esperar por um homem que não tem olhos para te admirar.

Jamais permita que teus pés caminhem em direção a um homem que só vive fugindo de ti.

Jamais permita que a dor, a tristeza, a solidão, o ódio, o ressentimento, o ciúme, o remorso e tudo aquilo que possa tirar o brilho dos teus olhos te dominem, fazendo arrefecer a força que existe em ti.

E, sobretudo, jamais permita que tu mesma perca a dignidade de ser mulher.






sexta-feira, março 06, 2020

JUQUINHA E O MEU MUNDINHO.

César Bernardo - mar/2020
Resolvi sair do meu mundinho, hoje em dia pouco mais ou menos que meu quarto, vez em quando hospital, laboratórios médicos, supermercado. E não foi só por isso, minha fonte disparou a senha MCP/DF; era preciso conferir.
Então fui a duas ou três bancas de jornais à espreita do que poderia ser uma imposição difícil de se rejeitar. Com certa ansiedade e muita discrição verifiquei não haver manchetes nos jornais confirmando meu nome para o cargo de Subministro da Economia.
Teria ocorrido veto ao meu nome não se sabe ainda por iniciativa de quem, do Presidente ou do Ministro da Economia ou de ambos. Dessa vez, confesso, bateu a frustração. Não que fossem favas contadas, sei que o Planalto sabia da minha opinião crítica sobre as regalias criadas para o Juquinha. Só não sabia que fosse isso razão para o veto.
Juquinha é o cachorro do ex-governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro. Não devo afirmar se Juquinha era dele ou da Primeira Dama Adriana Anselmo, mais de um que de outro ou igualmente de ambos. Seria uma leviandade perante a imagem de casal perfeito que Cabral e Adriana passavam, sempre lado a lado, presenteando-se regiamente um ao outro. Mereciam um cachorro! Por onde andará o mimado Juquinha?
Nunca tive nada contra o Juquinha, se dormia em mesma cama que o casal, se comia em mesma mesa, se dividia a banheira com eles. Nunca me importei com isso, nem mesmo com a coleira de platina que trazia ao pescoço, se autêntica ou proveniente de feiras paraguaias.
Agora, queiram me desculpar, inclusive o Juquinha que é o menos culpado, mas nunca o suportei engalfinhado com a babá, refestelado num helicóptero público só para ele. É fechar os olhos e vê-lo ainda acenando com a pata através do vidro impecavelmente transparente do aparelho.
Não fosse a sabedoria divina, e providência também, há muito que o teria fulminado com flechas de indignação lançadas pelos meus olhos, e o derrubado de um daqueles voos debochados. Salvou-o a assertiva de Deus, que nos diz claramente: “Não me alcançarás se rezardes sendo maus, pedirdes maldosamente, quiserdes coisas más”.   
Então, ao que parece e deduzo, foi esse malquerer ao Juquinha causa de queda e descarte do meu nome lá no Planalto, já que foi e se mantém aberta a vaga no lugar do Sub Monsueto, posto em gordura quente por ter se contraposto ao ministro Paulo Guedes na questão do “pibinho” 2019.
Sejamos claros, é tempo! Não foi apenas maus pensamentos contra o Juquinha nem a sugestão de que sextando servissem a ele uma cervejinha Novohorizontina, ou que semestralmente dessem ao peludo uma semana de descanso lá na China, não em sítios onde ainda se aprecia o consumo da carne de cachorro..... em Wuhan.
O impeditivo mor, mesmo, foi a pregação que andei fazendo afirmando que empossado trabalharia para incluir como caput em uma das reformas políticas à vista: “Tomando-se por base as 134 horas de voo gratuito do Juquinha em aeronave pública exclusiva, fica o Erário na obrigação inalienável de proporcionar pelo hora e meia de voo em igual condições a cada criança nascida em solo carioca, mediante apresentação de Certidão de Nascimento, dada e passada em cartório oficial”.
Foi esse o tropeço e causa do meu retorno ao meu mundinho.