César Bernardo - 07 maio-2008
Certa vez, Deus estando a passear pelo firmamento
para ver bem de perto como iam as suas criaturas, ouviu risos muito francos
aqui mesmo em Macapá, ali nas imediações do barzinho-restaurante do Trapiche
Eliezer Levi. Satisfeito com o estado de satisfação da moça que ria,
aproximou-se, chamou-a de minha filha e perguntou por que ria tão francamente.
Hanne respondeu-lhe que ria porque acabava de
entender o sentido de sua existência: era uma estrela.
Ainda rindo disse a Deus que lhe agradecia tê-la
feito estrela e mandado o sol brilhar antes de si, além de pendurá-la fixamente
no firmamento diferentemente daquelas estrelas cadentes especialmente importantes
para amantes, poetas e principalmente os sonhadores.
Tem sido bom – disse Hanne a Deus – que eu apenas
brilhe sem parar.
Deus, celestialmente compreensivo com o estado de
espírito daquela sua criatura resolveu aumentar a intensidade da sua luz,
mandando que ouvisse o que uma criança dizia à sua mãe naquele momento em,
algum ponto da terra:
“Mamãe já vai surgir um novo dia, aquela estrela lá
adiante vem sempre antes do sol trazendo o anúncio do suceder dos dias. Que
linda!, Quantos pessoas esperam por ela todos os dias!. Todos que a vêem
recebem de Deus a graça de viver mais um dia de sonhos, de desejos, de feliz
aventura na terra”.
Da forma que apareceu, Deus desapareceu de diante da
Hanne, que por sua vez passou a
compreender bem melhor o sentido de sua existência, decidindo doar-se mais
ainda ao cumprimento da missão de desarmar o espírito das pessoas em favor, apenas, da simples tarefa
de viver.
Pois bem, Hanne Capiberibe morreu. Quarta feira
passada, estando eu nas galerias da Assembleia Legislativa, onde se realizava
seu velório, vi seus colegas jornalistas trajando camisas brancas tendo ao
peito sua foto bem jovial e no rodapé a frase: te amamos.
Bem depois, no momento das homilias, frei Apolônio
interpretou o filme da vida da “estrela” Hanne, dizendo diretamente aos seus
pais Orlando e Raquel:
“Acabamos de vê-la bem pequena, criança, jovem,
adulta e, morta. Eis a realidade da vida: nos diminuímos para voltar ao ventre
de onde viemos.”
Tantas pessoas pediram a Deus pelo restabelecimento
de Hanne, milhares de pessoas velaram o seu corpo e o conduziram a ultima
morada., sinal inequívoco de que ela foi uma pessoa importante, especialmente
para os seus familiares e amigos.
Sendo assim, fiquemos a vê-la como a “estrela Hanne”
brilhando todos os dias no céu do Amapá, depois e antes do sol.