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quinta-feira, dezembro 08, 2016

MAIS QUE UM.

A mídia nacional amanheceu espargindo baba, pelo menos a mídia que ontem apostou na decisão liminar do ministro Marco Aurélio de Melo, do Supremo Tribunal Federal mandando afastar da Presidência do Senado e do Congresso Nacional o senador Renan Calheiros. Essa parte raivosa da mídia nacional não gosta do Renan, considera que seu lugar é na cadeia e não no parlamento nacional.
A Justiça nacional vem dizendo que Renan tem contas a ajustar com a justiça., aliás contas acumuladas que dão ao Renan de hoje o contorno de perigoso criminoso solto pelas ruas junto com criancinhas. A Justiça juntamente com essa parte raivosa da mídia nacional, deixou de punir o Renan a cada crime atribuído a ele até que chegasse à incrível marca de mais de dez processos contra si no próprio Supremo Tribunal. Judiciário e mídia, assim, acomodaram o Renan criminoso do jeito que deu no precioso campo da impunidade que até antes do Juiz Sergio Moro e da Lava Jato era uma certeza para a turma do “sabe com quem está falando”.
Praticamente toda a mídia nacional considera Renan como um dos ainda “coronéis” da politica nacional, e quando pode o coloca acima dos tantos coronéis das igrejas, da indústria, das empreiteiras, do crime organizado e desorganizado, do judiciário, do ministério público e até dos “gerentes” de lixões Brasil afora e adentro.
Renan em sua defesa pode até dizer que espera ansiosamente suas chances de se explicar e se defender das tantas acusações perante a própria justiça....por que não o levam aos tribunais? Marco Aurelio e todos que o apoiaram na intenção de faze-lo no caso atual erraram na origem e por isso ficou a impressão de que Renan se sobrepôs à ordem jurídica nacional.
Durante e depois da votação sobre quem pode e quem não pode permanecer na linha sucessória da Presidência da República não restou duvida de que réus não podem estar. Ponto! Porém, duvidas também não restaram de que o caso, por enquanto, quase se esgotava nessa conclusão. O quase correu a conta de um instituto interno do próprio STF, ícone e dogma, que é o direito de Pedido de Vista ao dispor de qualquer ministro da casa em qualquer assunto. Instituto esse que quando em exercício coloca sub judice o assunto em andamento...qualquer assunto.
Disso sabia sua excelência o ministro Marco Aurélio e sobre isso nunca houve ignorância da parte dos destacados representantes da grande mídia nacional. Nem da pequena mídia, essa em que me vejo de vez em quando.
Assim, os “erros” do Renan, como por exemplo, recusar-se a receber a notificação judicial, entrou para baixo do guarda-chuva popular: “uma coisa puxa a outra”. Ademais, ao contrario de manifestações contundentes como a do jornalista Ricardo Boechat, não há uma Constituição para o Renan. O que há e o que houve foi contornar um erro de um ministro do Supremo Tribunal Federal contra a figura do Presidente do Senado e do Congresso Nacional, que só chega a esse cargo mediante duas eleições constitucionais: pelo eleitor e pelos senadores eleitos.
Afasta-lo daí não é, em principio, prerrogativa do Poder Judiciário, por usurpação de prerrogativas constitucionais do Poder Legislativo. Gilmar Mendes é também ministro do STF, colega de Marco Aurélio quase de mesma cadeira no plenário, e mesmo assim foi ele quem falou em impeachment do colega pelos erros cometidos. Aliás, duvidoso que Marco Aurélio atropelasse um pedido de vista do ministro Celso de Melo, como achou fácil faze-lo com o direito do colega “caçula” Dias Toffoli.  
A mídia raivosa cuidou de abafar essa opinião do ministro Mendes, aliás, polemico sempre, mesmo assim ministro antigo da casa. A mesma mídia sabe que desde o Mensalão que o STF deixou de ser o de antes para quase se transformar num partido politico. Tempos difíceis vive o Brasil, até a sabedoria popular anda confusa: como um erro não justifica outro se uma coisa puxa a outra?