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quarta-feira, janeiro 25, 2017

CONCORDO MAS NO GERAL

“DISCONCORDO”.


Sempre me chegam confusas as teses e as explicações dos agentes de segurança publica acerca das falhas que nos parecem gritantes no cotidiano nacional, com milhares de homicídios insanáveis, policiais matando e morrendo aos montes todos os dias. Aqui no Amapá o diapasão é mais ou menos o mesmo que dá o tom nacional – não há dia que a noticia principal do jornalismo não seja ou se inicie com noticia de morte violenta de cidadãos, bandidos e atentados contra policiais.  
Especialmente não concordo e já não gosto de ouvir, com as teses defendidas pelo Delegado Sávio e pelo atual Secretário de Estado da Segurança Publica deputado Ericlaudio – eles falam de suas teses como se não fosse preciso dinheiro para fazer segurança pública.
Ambos têm mídia à disposição dos seus “projetos” de segurança, basta que concebam um para arredonda-los nos jornais, no radio e na televisão. Na internet nem tanto, ali a contestação é livre e muitas vezes virulenta.
Mas, nem aqui convém a unanimidade, num caso ou outro assiste-lhes a razão. Isso ocorreu em recente entrevista em que ambos falavam da realidade dos presídios no Brasil e aqui em Macapá. Não repisaram o refrão: bloqueio de telefonia celular, coletes à prova de balas, scaner de corpo inteiro, mais muros, etc.
Inspiradamente falaram da inutilidade da proclamada ressocialização de presos no Brasil e aqui, obviamente. Botaram o dedo na ferida nacional: não é possível ressocializar quem nunca foi socializado.   
Eis a questão pura e simples, porém tardia demais para ajudar na solução do processo agora – isto é, nos próximos dez ou quinze anos se modificações contextuais fossem postas em pratica aqui fora desde agora.
A grande tragédia brasileira é esta: seus presidiários nunca foram socializados. Tudo é negado ao cidadão brasileiro e a esta confirmação se pode chagar a partir dos próprios projetos prioritários da nação, emblematicamente anunciados e defendidos aos gritos em todas as campanhas eleitorais, de quais quer níveis que se fazem no Brasil a cada dois anos: Educação – Saúde – Segurança – Habitação....essencialmente.
 
E não se trata aqui de pobreza generalizada, mas de injustiça distribuída às claras. Nesse, momento em algumas cadeias brasileiras estão uns poucos perigosos bandidos nacionais que sugaram o dinheiro publico, bandidos que ontem, enquanto delinquiam, autoridades  encarregadas de conte-los, puni-los, fingiam não perceber que roubavam, delinquiam, saqueavam, alimentavam nas ruas uma legião ou verdadeiras gerações, de jovens que seriam levados aos presídios por crimes que cometeram ou não, mas que lá se tornariam “agentes” autorizados do crime comandado pelos chefes nacionais das gangs criminosas que comandam tudo e todos de dentro dos presídios....onde comem, bebem, domem. São tratados por médicos, seguros pelos melhores policiais do país gratuitamente. Alguns deles ou todos ainda recebem salários maiores do que se pagam à maioria dos professores.
Todos sabemos o que acontece com os presidiários de primeira viagem postos em meio aos bandidos profissionais convenientemente presos: filiam-se e cumprem ordens do crime até que são mortos.
Portanto, não sou mesmo radicalmente contra o que dizem e pensam o Delegado Savio e o Secretário Ericlaudio....de vez em quando falam coisa com coisa.   
            


quarta-feira, janeiro 04, 2017

ANO DE DOR

O ano de 2016 foi duro demais, verdadeiramente um ano de choro. Felizmente tenho um cantinho dentro de casa aonde pude chorar as minhas dores sem contaminações.
Iniciei o ano esperando a lavratura médica do meu atestado “livre de câncer”, expectativa frustrada ainda em fins de abril quando dores intensas me levaram a auto constatação de que o câncer ainda estava em mim – um médico o pré diagnosticou no baço, depois novos exames o admitiam no fígado, no pulmão e por fim, confirmou-se linfonodal. Essa busca se estendeu até agosto, noites e noites de medo, de dor, de choro.
Chorei menos pelo câncer do que pela frustração dos sonhos que construí de nova vida sem ele. Chorei pelo custo e penosidade na realização das dezenas de exames especiais realizados e após recusados por falta de qualidade ou por possibilidade de realiza-los sob tecnologia e maquinas modernas em São Paulo, como ocorreu.
Depois não pude enfrentar sem choro a longa espera pelo inicio do novo tratamento, a suspeita de câncer localizado na veia em função da presença de trombo considerável encontrado na luz da minha veia cava inferior foi outro horror e motivo bem fundado de mais atraso na liberação do protocolo oncológico. Hipótese descartada após concertação de pelo quatro médicos conceituados no assunto.
Fins de janeiro bactérias poderosas infectaram a base do port-a-cath e quase me levaram a uma pericardite aguda – longa busca laboratorial pela determinação da bactéria e hospitalização para cirurgia de retirada e nova implantação do cateter, e após, oito dias de internação sob intenso bombardeio de antibiótico especifico, num total de 6,4 litros injetados. Foi um tempo em que a KPC fazia vitimas em Macapá, no próprio hospital em que me encontrava em tratamento......só chorando.
Apenas em outubro cheguei ao tratamento do novo câncer, novamente submetido ao protocolo FOLFOX 5. Após as três primeiras aplicações os resultados de marcadores nos assustaram muito – os números estavam fora de controle, algo sugerindo que estava no fim a luta pela cura.
Suspenso o protocolo outros vinte e três dias foram consumidos em novas discussões médicas e nova decisão protocolar oncológica – chegamos à FOLFIRI +Panitumumabe.
Espera angustiante, só chorando muito como o fiz. Quando ela veio, somou-se residualmente às três sessões de FOLFOX 5 anteriores e meu corpo explodiu de pústulas purulentas, agravo intestinal, soluço, ânsia de vomito que não se concretizava.
Agora estou  dentro da segunda sessão quimioterápica atualizada com água nos olhos enquanto peço e espero misericórdia de Deus sobre a decisão dos médicos por esse novo protocolo, sobre mim que lhe tenho dito que teria gritado ao seu filho Jesus se estivéssemos agora no seu tempo feito homem aqui na terra. Converso com Deus sem me conter...sempre chorando.
Neste ano de 2017 estarei, se Deus quiser, à disposição do tratamento quinzenal até meio de junho. Deus queira que me erga bem para em julho voltar à casa dos meus pais, em Volta Grande/MG, minha terra e dos meus amigos, de onde saí em julho passado certo de que ali não voltaria mais, nunca mais veria meus pais, meus irmãos, minha gente. Eu tinha terminado uma jornada de consultas médicas em Macapá, Belém, São Paulo e sabia que algo de muito ruim estava me ocorrendo – embarcado no carro chorei copiosamente até o primeiro grande viaduto já no Estado do Rio.
Mas estou bem e cheio de esperança de que em 2017 vou lhes contar uma nova história.