O BOI QUE PAGA O PATO
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O homem da Amazônia nunca pensou em destruir as
florestas da região. Isso é balela de ongueiros
CÉSAR BERNARDO DE SOUSA (*)
Satisfeitos ou tristes, tomamos conhecimento de movimentos
pró-Amazônia organizados no Sul-Sudeste brasileiro. Não faz muito, o
Greenpeace impôs prejuízos ao agronegócio do gado bovino daqui, em nome da
conservação ambiental. Quando vão acabar com o pastoreio dos búfalos ainda
não se sabe, mas chegarão lá.
Também não perdem de vista nossas hidrelétricas em construção e as
planejadas. Querem salvar os rios. Abrir as estradas, segundo entendem,
é a própria destruição da Amazônia. Liberar licenciamento para asfaltamento
de estradas abertas ainda no tempo do governo militar tem sido uma lide, no
mínimo, tese de mestrado.
Brasileiros do Brasil "classe A" defendem a Amazônia da
forma que entendem a floresta amazônica,
o que não deixa de satisfazer os brasileiros amazônidas. ONGs do Brasil
"A" e as de dentro da Amazônia e do Planalto Central
"defendem" a conservação da Amazônia tão somente ao jeito de suas
conveniências. É fato! Quais delas são atuantes sem aporte de dinheiro
público ou capital estrangeiro, nem sempre privado, "puro de
origem"?
Ora, o amazônida propriamente dito nunca pensou em destruir a
Amazônia, não por ser do tipo bonzinho e sim pela descapitalização para
tanto. Não se consegue derrubar a machadadas uma árvore exemplarmente
amazônica, nem abrir estradas a patas de burro ou ao volante de tratores
"jerico"´. Não se estendem barragens nos imensos rios amazônicos à
maneira dos castores.
Duas pequenas pontes em construção no Amapá, nos extremos Sul e Norte,
emendadas uma à outra teriam novecentos metros lineares, portanto impossíveis
de construção pelos cofres do estado do Amapá ou de cada um dos municípios -
Laranjal do Jarí e Oiapoque.
Grandes fazendas de bois ou de soja não são da iniciativa do caboclo
empreendedor amazônico, que em maioria não são donos da terra, não acessam
grandes financiamentos. Logo, não são os que "destroem".
Portanto, satisfaz-nos perceber que querem salvar a “biodiversidade”
amazônica do fogo e da pata do boi, mas nos entristece nunca ver no cabeçalho
dessas manifestações a necessária preocupação com o homem da e na Amazônia.
Volta e meia querem “salvar” os índios, de fato são pessoas contextualmente especiais,
mas não só eles.
Querendo, esses “salvadores” do Brasil ´A´ e as ongueiras brasileiras,
inclusive as daqui, podem verificar quanto temos em escolas, escolas
técnicas, faculdades, universidades, hospitais, fábricas, indústria naval
fluvial, institutos de pesquisa, centros tecnológicos de excelência, igreja,
comércio, violência urbana, crimes, tráfico e tudo o mais que, digamos, nos
igualam a todos os brasileiros. Somos, afinal, quase 25 milhões de habitantes
“iguais perante a lei” e as contas no fim do mês. Mas vejam, temos doenças só
nossas – é custoso garantir a soberania da Amazônia brasileira para todos os
brasileiros.
Funciona bem por aqui o tripé de sustentação da democracia e da
República: temos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário legais,
harmônicos e democraticamente constituídos. Aliás, importante dizer: espelhos
da sociedade brasileira.
Então, por que imaginar justa e competente defesa da Amazônia
excluindo-nos? O território amazônico é imenso ante o contexto
continental do nosso país, e deve ser rico o suficiente para ensejar tantos
´cuidados´, mas eis uma verdade: a conservação de nossa Amazônia só terá
êxito se feita pelos amazônidas, devidamente auxiliados pelos brasileiros.
(*) Morador e defensor da Amazônia, em artigo
publicado em O Globo, no dia 7 de julho de 2009
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segunda-feira, junho 05, 2017
5 DE JUNHO - DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE
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