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sábado, agosto 21, 2010

O PRÉDIO MAIS ANTIGO DE MACAPÁ

O MONUMENTO MAIS IMPORTANTE.




A Igreja de São José de Macapá vai passar por um cuidadoso processo de restauração. Fase a fase, segundo seus conjuntos de paredes (arcabouço- pintura), cobertura (forro-teto), portas e janelas, equipamentos de arte (sacra e não sacra). Consumirá nisso um tempo indeterminado, porém necessário a que o estado e o povo amapaense permaneçam na posse e guarda do seu mais importante monumento histórico.

A questão é exatamente essa: o mais importante monumento histórico entre nós, a partir do qual tudo começou. Em 1752 teve inicio, inaugurando-se em 1761. Antes dele, diz o arquivo histórico de Macapá, era o nada.

Ora, em sendo este o primeiro marco de ocupação desse chão que hoje é a cidade de Macapá, que nos encanta e abriga a cada dia que a conhecemos um pouco mais, seria a sua restauração uma tarefa coletiva. Não se estaria restaurando uma igreja católica, também não um patrimônio da Diocese de Macapá, do bispo ou dos padres, mas o monumento histórico mais importante para os amapaenses. Berço e sustentação da cultura que nos anima a mais e mais na peleja cotidiana pela vida.

Seria bom que o governo estadual e municipal de Macapá se interessassem mais e melhor por esse projeto, interagindo com a coordenação direta do mesmo e, daí em diante cuidassem torná-lo uma empreitada de toda a sociedade amapaense, sob o ponto de vista da historicidade que nos reaproxima daquela “meia dúzia” visionária que, erguendo a capela de São José previa os dias atuais e futuros dessa multidão de pessoas que já somos, mas ainda duvidosos quanto a cuidarmos ou não dos nossos valores culturais arquitetônicos, religiosos, sacros, literários, etc.

Dúvida que não deveria existir especialmente ante a pequena quantidade desses monumentos restantes em Macapá. O prédio da Igreja São José sobressai também pela sua localização ali no “Formigueiro” ou “Largo dos Inocentes”, espaço cultural atualmente muitíssimo bem utilizado pelo povo, através da atuação inteligente da Confraria Tucuju. Tudo ali está limpo, os equipamentos urbanos são dispostos com bom gosto, as pessoas portam-se orgulhosas por “pisarem o chão onde tudo começou”.

O predio não está só, como que “guardando” esse testemunho da história amapaense estão três outros importantes prédios diretamente ligados à cultura local: o da Biblioteca Pública, e do Museu Histórico e o do Teatro das Bacabeiras, além de fazer-lhe frente o primeiro cruzeiro e a Praça Veiga Cabral.

Até dias atrás pisava os ladrilho daquela igreja o Sr. Duca Serra, que por noventa e seis anos testemunhou tudo que ocorreu de um lado e outro das portas desse fantástico prédio. O Sr. Duca Serra sabia tudo sobre as seis pessoas que foram e estão sepultadas no chão da bicentenária igreja, se o perdemos sem indagar-lhe sobre tais histórias, nos animemos agora a nos apropriarmos definitivamente d a história desse prédio que muito tem a oferecer sobre cidadania, soberania, cultural e afirmação social. Basta compreender e aceitar toda história que ele realmente guarda.



Notas: ¹-Chegamos a 30 quilos de pasta base de cocaína apreendida no estado em ação policial. No contra-ponto os candidatos estão falando de quanto mais no orçamento para Segurança Pública? ²-Viva o bom senso: a PM fez manobras, na Beira Rio, ontem sem, contudo, obstruí-la aos pagadores de impostos. Parabéns comandantes! ³-Agrada, anima, compensa ver o Teatro das Bacabeiras inteiramente lotado quando se está em andamento eventos para os quais foi concebido. Foi assim ontem por ocasião (feliz) do show do pianista e maestro Bem Hur Cionek. Um grande presente dos magistrados à sociedade. Mas ainda tem crianças muito pequenas sobrando nessas ocasiões especiais.

terça-feira, agosto 17, 2010

DEU NO DIÁRIO...

Ondas do desenvolvimento
Maria Teresa Renó

Da equipe de articulistas



Oautor nova yorquino, Alvin Toffler escreveu em 1980, o livro A terceira onda (The Third Wave), um Best Seller, estudioso dos fenômenos sociais e econômicos, descreve suas teorias sobre a evolução da sociedade que ele chamou de primeira, segunda e terceira onda. Nesta obra ele fez um ensaio sobre como deve ser a sociedade pós moderna do século XXI.

De acordo com o autor, a primeira onda de geração de riquezas trata da revolução agrícola, onde o homem deixou de ser nômade e se fixou no campo para a produçao agrícola. A segunda onda apresenta as modificações ocorridas na sociedade com base na revolução industrial e sua produção em massa. Já a terceira onda de riqueza é consequência do industrialismo e que formava uma nova civilização, que denominou de a onda do conhecimento, interferindo nas relações de trabalho, interpessoais e de consumo.

Explica que na terceira onda os países que se destacariam seriam os que detém o conhecimento. Alguns críticos de sua teoria substituem o termo conhecimento para o da informação, que também acredito ser o mais adequado, portanto estamos vivendo a era da informação e não o do conhecimento propriamente dito, sendo o conhe-cimento na realidade muito mais amplo e ainda acessível a poucos. O conhecimento requer estudos, pesquisas, investimentos e é muito mais valioso, mas de fato os países e regiões que investiram e investem no conhecimento estão e irão se destacarem na nova era.

Em uma palestra proferida no Congresso de Informática da SUCESU no Brasil em 1993, descreveu sobre os países e regiões que deteriam o poder na terceira onda e que vários países asiáticos teriam percebido e se preparado para isso há muito tempo. O Japão primeiro, os tigres asiáticos depois, a China atualmente. Teriam percebido que a questão básica, não é só tecnologia, a questão básica diz respeito ao fato de que a forma de produção de riquezas e, em seguida, a estrutura do poder, estariam se alterando no mundo inteiro.

Comentou que a política também está diretamente ligada a estas evoluções, porém de uma forma mais tardia. Que o poder já mudou de mãos na civilização da terceira onda, mas as estruturas políticas ainda não acompanharam. Estaríamos vivendo época semelhante à que precedeu a Revolução Francesa, em que a burguesia já havia tomado conta do poder informal, mas as estruturas políticas não se adequaram a nova realidade. A burguesia ganhou, mas custou um preço alto. Houve guerras civis, guerras entre países, imigração em massa, todos os tipos de problemas sociais sérios. Que haveria conflito semelhante agora, entre as elites da civilização da segunda onda e aquela que vai se tornar a nova classe dominante: a classe daqueles que trabalham com o conhecimento ou com serviços em que a informação tem um papel intensivo.

E encerrou a palestra questionando onde vai ficar o Brasil na nova ordem econômica, política e social que está surgindo?

Quando interrogado pela revista Época em 2000, sobre qual seria a quarta onda e se já estaríamos vivendo nela, ele respondeu que seria a onda da alta tecnologia do desenvolvimento da biologia, da biotecnologia e da nanotecnologia, com as suas aplicações nas diversas áreas como na medicina, aumentando a longevidade, na produção de alimentos e no desenvolvimento de computadores e robôs cada vez mais inteligentes, finalmente com a real conquista do espaço.

Alguns críticos também descrevem que tudo isto é conseqüência do avanço e do desenvolvimento da tecnologia, da informação e do conhecimento e seria tudo a terceira onda evoluindo muito mais rapidamente do que as primeiras ondas. Que a quarta onda na realidade representaria uma volta ao passado, à primeira onda, à terra, num cenário moderno e diferente do passado, agora com informação e conhecimento pra realizar verdadeiras mudanças, com valorização das questões sócio - ambientais não citadas por Toffler.

Realmente de nada adianta tanta riqueza e tanta tecnologia se destruirmos o meio ambiente, se não distribuirmos melhores essas riquezas, se não investirmos no social e de nada adianta a informação e o conhecimento se ele não for compartilhado.

Já ocorreram grandes tragédias ambientais, como vazamentos de indústrias químicas e usinas radioativas, com seus produtos tóxicos lançados ao meio ambiente. Os vazamentos de petróleo como em 1989 no Alaska, em 2000 pela Petrobrás na Baia de Guanabara no Brasil e em 2010 no Golfo do México pela Britsh Petroleum, de prejuízos ambientais ainda imensurados. Este último grande acidente ambiental nos mostra que as grandes nações e suas grandes empresas não estão preparadas pra evitar tais tragédias e não estão dispostas a repará-las, ainda não existe a consciência e a responsabilidade ecológica, principalmente pelas grandes potências como EUA e a China.

E eu pergunto onde fica o Amapá dentro deste contexto, assim como no Brasil, há regiões que ainda não entraram na primeira onda, onde ainda se predomina a economia de subsistência, Temos poucas indústrias e as que temos estão cumprido o papel social e ambiental de que precisamos?

Não devemos ser contrários ao desenvolvimento, a geração de empregos e a me-lhoria das condições sociais, pelo contrário temos que buscar esta melhor distribuição de riquezas, o acesso à informação e ao conhecimento.

Queremos desenvolver a nossa agricultura e pecuária, mas devemos fazer com responsabilidade, sem destruirmos nossas florestas e nossos campos, as indústrias não devem apenas explorar as nossas riquezas e deixar um rastro de abandono, sem ganhos e sem investimentos sociais, sem se responsabilizarem pelos seus resíduos.

Não bastam apenas as gerações de empregos, a distribuição de bolsas famílias, a melhoria no poder aquisitivo das pessoas, é necessário que as empresas e os governantes tenham mais responsabilidades sociais e ambientais. É necessário que invistam em escolas, saúde e educação para que todos possam ter acesso a informação e usufruírem do desenvolvimento, responsabilidades com o destino dos resíduos sólidos e isto não deve ser uma preocupação para o amanhã, já é uma necessidade urgente.

E o mais importante, a tecnologia não deve estar a favor somente dos governantes e da elite econômica, que querem ter o controle da informação, sabem o quanto ganhamos, onde moramos, quantos filhos temos, onde gastamos nosso dinheiro. Nós também queremos e devemos ter as informações sobre os gastos públicos, onde e de que forma estão aplicando os recursos, de que forma são feitos os contratos, principalmente os de concessão às grandes empresas, estas informações devem estar cada vez mais acessíveis a todos e em sites atualizados.

Precisamos ficar de olhos atentos...

Maria Teresa Renó  Oftalmologista e acadêmica de direito E-mail: mariateresareno@uol.com.br

quinta-feira, agosto 12, 2010

É ETERNA.

QUAL O SENTIDO DE LITERATURA?




Entrou um e-mail interessante em minha caixa postal eletrônica, perguntava: Qual o sentido de fazer e ler literatura hoje? Intimamente comecei a responder: começo não respeitando o papel em branco preenche-o como agora. Preenchido, leio, digito, encaminho para publicação passo a torcer para que alguém leia. Só com isso, penso, fiz literatura.

Já o livro é coisa mais do leitor que do escritor, que o toma como material de sua investigação íntima, muitas vezes um “baú” de respostas para as suas indagações mais profundas ou vagas. Portanto, o livro é a essência da expressão literária: linguagem.

Quanto a mim, continuo a me responder, escrevo porque gosto e leio para existir o mais próximo possível do vasto mundo que a literatura cria e sustenta. Ouço radio muitas horas num dia, tudo, praticamente tudo o que dizem os locutores foi e está escrito.

Ontem mesmo recitava-se num programa de radio: “...vendo o corpo de Cristo banhado em tanto sangue sei por quanto Deus me comprou, reconhecendo meus pecados sei por quanto me vendi”. “Não é terrível a morte pela vida que acaba, senão pela eternidade que começa. Não é terrível a porta por onde se sai; a terrível é a porta por onde se entra. Se olhais para cima, uma escada que chega até o céu; se olhais para baixo, um precipício que vai parar no inferno, e isto incerto.” – É literatura do Pe. Antonio Vieira.

O telejornalismo é literatura diária, assim como algumas imagens que o complementa no sentido da interação escritor-leitor-telespectador. É boa literatura. A musica é quase literatura pura, fundamenta-se em letra e partitura. Cantar, portanto, é uma forma melodiosa de recitar símbolos literários. Os compositores são escritores iniciadores da musica: quanto melhor, melhor.

Dramaturgia é campo da predominância literária, imagino que atores e atrizes antes tiveram que ler muito a literatura feita por Dias Gomes para então interpretar seus personagens. Mais, muito mais teríamos aproveitado se antes de ver tivéssemos lido o O Bem Amado.

Semana passada a Dra. Maria Teresa Renó nos contou, aqui no Diário do Amapá, que a sua história ainda se acha imbricada ao proveito do livro que “roubou” para ler. Seu relato é a melhor resposta para a pergunta titulo desse artigo.

E o cinema, quantos filmes entram em nossas vidas? Antes da vídeo-imagem, a literatura: alguém escreveu para a interpretação de diretores, atores e atrizes.

As religiões são, todas, difusoras da literatura que captou e guardou a palavra divina. Jornais, revistas, impressos em geral, são literatura e arquivos literários. A internet é o espaço onde se manifestam literatos modernos – os que escrevem e os que lêem.Tuiteiros estão fazendo larga literatura. É eterno o sentido da literatura, já a qualidade...

O AMAZONAS É O MAIOR

O REDD É UMA BOA?




Dia desse, no radio (LUIZ MELO ENTREVISTA) o Secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico pronunciou a palavra REDD. Criou expectativa. Contextualmente Farias esteve dizendo que juntamente com o Dr. Bianchet, seguirão representando o Estado do Amapá em mesas de convenções internacionais que ainda buscam mecanismos regulatórios do redd.

Na verdade estávamos diante de uma afirmação muito interessante para o Amapá, vez que redd (sigla em inglês) significa: Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal. Em termos de conservação florestal o Amapá é o “cara”, deve mesmo representar-se na Conferencia Mundial sobre Mudança Climática, que propõe remunerar territórios institucionais que evitem desmatamentos, recorrendo-se à venda de créditos de carbono.

Logo, redd é mecanismo que pode nos trazer a tal remuneração. Especialmente Farias e Bianchet são técnicos suficientemente preparados para nos inserir nessa moderna forma de remuneração por serviços ambientais prestados a humanidade. Podem representar até o Brasil.

Mas, é arriscado esperar acontecer: quem sabe faz a hora. Como fez o Estado do Amazonas em 2007, instituiu a Lei Estadual de Mudança Climática e, amparado nela criou o Bolsa Floresta. Para quê? Compensar e incentivar a população a deixar a floresta em pé.

Desse jeito o estado, através das suas florestas conservadas, ajuda na regulação global do clima e no armazenamento de carbono, ao mesmo tempo que estimula a busca de outras fontes de renda. Não é demais lembrar que a soja e a carne produzidas em projetos agrícolas não sustentáveis instalados na Amazonia sofreram intensa vigilância dos grandes grupos ambientalistas mundiais. Quando mostraram à Europa que a carne e derivados dos seus frangos e gado - que entravam na rede de fest-food - eram produzidos a partir de soja amazônica com desmatamento, mexeram com os brios de grandes exportadores brasileiros.

A Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais e a Associação Brasileira dos Exportadores de Cereais passaram a não comprar soja no mercado brasileiro proveniente de áreas recém desmatadas. Isso foi a “Moratória da Soja”, logo seguida pela “Moratória da Carne”. A partir daí, em 2009, o governo brasileiro concebeu e anunciou o Programa Desmatamento Zero em Áreas de Pecuária na Amazonia Legal.

Sendo assim, não esperemos que façam por nós antes que façamos nós mesmos a parte que nos cabe fazer: criar logo um PSA tucuju. A saber: Pagamento por Serviços Ambientais. Com todas as diferenças necessárias ao que você pode estar pensando de PDSA.



Notas:¹-O Brasil detinha a 8 mil anos atrás 9,8% de toda as florestas do mundo, hoje detém 4,4% dessas florestas., ou seja: degradou 1.926 milhões de quilômetros quadrados de áreas florestadas. ²-Acho difícil confundir Bernardo com Bernardes, mas é o que acontece. Até colegas de trabalho (15 anos) cometem esse erro...³- Esses são os rios maiores do mundo (mas menres que o nosso): Ienissêi – Amarelo – Obi – Amur – Lená – Congo... portanto, bem faz a Justiça (Dr. Bosco)em “manifestar autoridade” em favor da conservação do Rio Amazonas em seu trecho em Macapá. Não é nada não é nada, mas é o maior do mundo. 4-A Bacia Amazônica é também a maior do mundo com 7 milhoes e cinqüenta mil quilômetros quadrados (4 milhões em território brasileiro). Segue-a, em segundo lugar, a do Congo com (apenas) três milhões e setecentos mil quilômetros quadrados. São mais de 23 mil km de rios navegáveis em toda a bacia amazônica. 5-Muito interessante o artigo “A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS” publicado aqui no DIÀRIO, de autoria da Dra. Maria Teresa Renó. Já estamos aguardando outros mais. 6-FELIZ DIA DOS PAIS A TODOS OS PAIS DO MUNDO.

TRAGÉDIA ANUNCIADA

LA VAI O TREM.




Não sei bem quem tem nesse momento a responsabilidade de gerir a Estrada de Ferro do Amapá, seja lá que for: cuidado! Três descarrilamentos em um ano é mais que desmazelo, é risco eminente (e anunciado) de tragédia. Quem me dera poder dizer: quem avisa amigo é.

Um trem correndo nos trilhos mexe com as minhas mehores mebranças: tomávamos o Ramal e iamos passar dias de férias no sitio da vovó, na zona rural de Pirapetinga(MG). Mas, não só isso, me lembra também recomendações de D. Pedro II: “...é urgente ir comprando terras à margem das estradas de ferro para aí estabelecer as colônias”. O monarca disse também: “...dou tamanha importancia a uma estrada de ferro para Mato Grosso, que não posso deixar de recomendar que se cuide de sua melhor direção e construção, embora lenta, conforme o permitam os recursos”.

Nasci em Volta Grande(MG), cidade surgida por causa do café e alccol anihidro que produzia, o que acabou atraindo a Estrada de Ferro Leopoldina (iniciativa do empresariado da Zona da Mata mineira), aberta ao trafego no seculo XIX. O trecho Volta Grande-Além Paraiba foi inaugurado no dia 8 de outubro de 1874, a primeira linha férrea em Minas Gerais. Mas, a minha cidade só não morreu por causa dssa linha férrea por onde todos os dias passam dois trens expressos transportando bauxita desde o alto Mantiqueira até o pátio fabril da Companhia Siderúrgica Nacional (CSA), em Volta Redonda(RJ). Normalmente são três locomotivas arrastando oitenta vagões carregados.

D. Pedro II comandou a festa de ianuguração da estação da minha cidade, acompanhado de José Fernandes da Costa Pereira, Cristiano Benedito Ottoni, Ignacio Marcondes Homem de Mello, conselheiros do Império (ministros hoje), além dos doutores Manoel Buarque de Macedo, Bento Ribeiro Sobragy e tantos outros.

Depois a estrada de ferro avançou até a cidade de Leopoldina, que lhe deu o nome, e não a princesa como é comum supor.

Raridade no entanto é relacionar essa estrada de ferro com a frequencia de descarrilamentos no ultimo ano verificado aqui no Amapá, no seu percurso de apenas duzentos quilometros ligando a cidade de Serra do Navio a Santana. A Rede Ferroviária Federal acabou incoporando a Estrada de Ferro Lopoldina, dando origem a cerca de dois mil quilometros de trilhos ligando Minas Gerais ao Rio de Janeiro.

Porém, cumpriu-se quase à risca a previsão de D. Pedro II: cidades (colonias) se estabeleceram ao longo das ferrovias, muitas. Algumas delas prósperas o suficiente para serem tomadas como “modelo” de valores agregados.

Eis uma lição que serve aos atuais administradores da Estrada de Ferro do Amapá: a de Volta Grande (08/10/1874) teve subvençao publica na proporção de 9:000$000 réis por quilometro, garantia de 7% de juros ao ano, sobre capital de 2:400:000$000 réis. Em 1898 a EFL teve que ser entregue a The Leopoldina Railway Company Ltd, credores ingleses de um dos principais grandes empreendimentos que a gestão nacional não foi capaz de manter nos trilhos.

Analogia ao pé da letra sei que não é possivel ou conveniente fazer entre a EFA e EFL, mas o que horroriza nos trilhos de cá é que entre ambas são transcorridos 1 (cento) e 3 (trinta) e 6 (seis) anos.

terça-feira, agosto 03, 2010

UMA HISTÓRIA MUITO INTERESSANTE

A menina que roubava livros








MARIA TERESA RENÓ


Este é o titulo de um livro, best seller do escritor australiano Markus Zusak, traduzido para o português em 2007, que conta a história de uma menina que viveu na Alemanha nazista e descobriu nos livros que roubava o encanto da leitura, a motivação para sobreviver quando tudo parecia estar perdido. Lendo, ela conseguia trazer para si e aos outros a esperança e a fuga daquela triste realidade. Esta história linda e fascinante narrada interessantemente pela morte que a abordou por três vezes mostra a importância da leitura e as mudanças que ela pode trazer para a vida das pessoas, assim como esta que tenho para contar.

Na região montanhosa do sul de Minas Gerais no início dos anos 70, uma menina de cerca de sete anos e um grupo de crianças um pouco mais velhas, ela já sabia ler, pois fora alfabetizada aos quatro anos, numa cartilha velha, pelas mãos grossas e calejadas do pai agricultor.

Nas férias escolares, após o almoço, as crianças iam passear pelos sítios e fazendas dos arredores onde morava. A motivação maior para os passeios eram as frutas, dependendo da estação, eram amoras, juás, jabuticabas, laranjas, etc.. Em julho os pomares ficavam cheios de laranjas maduras e doces. Sentavam nos pés das laranjeiras e enquanto descascavam as laranjas contavam as aventuras e ouviam as histórias dos mais velhos, quase sempre muito engraçadas.

Algumas das fazendas ainda preservavam o estilo antigo, do ciclo do café, uma casa grande do proprietário e várias casas pequenas ao redor, em geral eram pintadas de branco, conhecidas como as casas dos colonos, dos empregados das fazendas. Uma dessas fazendas era especial porque era a única que tinha jabuticabeiras, jabuticabas grandes e doces, eles subiam nos galhos grossos e ficavam por horas nas árvores, chupando jabuticabas, jogavam os caroços brancos das frutas ao chão e no fim da tarde parecia que havia chovido granizo.

O dono da fazenda das jabuticabas era um senhor velho, vestia-se com calça de linho branco, paletó preto e chapéu branco, muito parecido com os antepassados dos velhos álbuns de família. As crianças tinham medo dele, ele morava na cidade, somente de vez em quando ia visitar a fazenda, até que um dia as crianças souberam que o velho senhor havia morrido. Os empregados da fazenda foram embora e a fazenda ficou abandonada, mas as jabuticabeiras continuavam lá para a alegria da criançada.

Um dia resolveram entrar na casa do falecido, muitas das crianças não entraram com medo que o velho pudesse aparecer feito assombração, a menina entrou, movida pela curiosidade, o que a impressionou foi o quarto onde o velho dormia, era grande claro pela luz do dia que entrava por uma janela aberta, no centro do quarto havia uma cama de casal antiga, ainda feita com um lençol branco, era de madeira grossa escura, com cabeceira alta e um mosquiteiro alto formando um véu branco que descia cobrindo todo o leito vazio. Havia muitos livros, maioria ou todos eram velhos de capa preta endurecida e folhas amareladas pelo tempo, a menina não hesitou em pegar um deles, intitulava-se ROMEU E JULIETA, escrito por Willian Shakespeare, talvez já tivesse ouvido falar ou lhe parecesse familiar aos seus poucos conhecimentos.

Na pequena propriedade de seu pai, em um dos seus refúgios, na sombra do bambual, começou a ler seu primeiro livro de história, era muito difícil, pois era escrito em um português antigo, mais próximo do latim que do português atual, mas se esforçava para entender, a história era fascinante e a fazia viajar em uma época distante e a uma cultura diferente.

Assim como a menina alemã que roubava livros, através da leitura conseguiu driblar a morte e mais tarde escreveu a sua história. A menina da minha história que roubou seu primeiro livro, em decorrência da morte do dono, ou melhor, furtou, mas a denominação não importa, pois em ambos os casos sabemos que não houve crime, através da leitura desejou buscar mais do que a sua condição de vida podia oferecer, tornou-se a primeira mulher nascida naquele pequeno município a se tornar médica e hoje com orgulho é uma das mulheres que escrevem artigo para este jornal.

Obrigada à colunista Ziulana pela oportunidade de escrever um pouco da minha história.



Maria Teresa Renó -
Oftalmologista e acadêmica de direito
mariateresareno@uol.com.br