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terça-feira, agosto 17, 2010

DEU NO DIÁRIO...

Ondas do desenvolvimento
Maria Teresa Renó

Da equipe de articulistas



Oautor nova yorquino, Alvin Toffler escreveu em 1980, o livro A terceira onda (The Third Wave), um Best Seller, estudioso dos fenômenos sociais e econômicos, descreve suas teorias sobre a evolução da sociedade que ele chamou de primeira, segunda e terceira onda. Nesta obra ele fez um ensaio sobre como deve ser a sociedade pós moderna do século XXI.

De acordo com o autor, a primeira onda de geração de riquezas trata da revolução agrícola, onde o homem deixou de ser nômade e se fixou no campo para a produçao agrícola. A segunda onda apresenta as modificações ocorridas na sociedade com base na revolução industrial e sua produção em massa. Já a terceira onda de riqueza é consequência do industrialismo e que formava uma nova civilização, que denominou de a onda do conhecimento, interferindo nas relações de trabalho, interpessoais e de consumo.

Explica que na terceira onda os países que se destacariam seriam os que detém o conhecimento. Alguns críticos de sua teoria substituem o termo conhecimento para o da informação, que também acredito ser o mais adequado, portanto estamos vivendo a era da informação e não o do conhecimento propriamente dito, sendo o conhe-cimento na realidade muito mais amplo e ainda acessível a poucos. O conhecimento requer estudos, pesquisas, investimentos e é muito mais valioso, mas de fato os países e regiões que investiram e investem no conhecimento estão e irão se destacarem na nova era.

Em uma palestra proferida no Congresso de Informática da SUCESU no Brasil em 1993, descreveu sobre os países e regiões que deteriam o poder na terceira onda e que vários países asiáticos teriam percebido e se preparado para isso há muito tempo. O Japão primeiro, os tigres asiáticos depois, a China atualmente. Teriam percebido que a questão básica, não é só tecnologia, a questão básica diz respeito ao fato de que a forma de produção de riquezas e, em seguida, a estrutura do poder, estariam se alterando no mundo inteiro.

Comentou que a política também está diretamente ligada a estas evoluções, porém de uma forma mais tardia. Que o poder já mudou de mãos na civilização da terceira onda, mas as estruturas políticas ainda não acompanharam. Estaríamos vivendo época semelhante à que precedeu a Revolução Francesa, em que a burguesia já havia tomado conta do poder informal, mas as estruturas políticas não se adequaram a nova realidade. A burguesia ganhou, mas custou um preço alto. Houve guerras civis, guerras entre países, imigração em massa, todos os tipos de problemas sociais sérios. Que haveria conflito semelhante agora, entre as elites da civilização da segunda onda e aquela que vai se tornar a nova classe dominante: a classe daqueles que trabalham com o conhecimento ou com serviços em que a informação tem um papel intensivo.

E encerrou a palestra questionando onde vai ficar o Brasil na nova ordem econômica, política e social que está surgindo?

Quando interrogado pela revista Época em 2000, sobre qual seria a quarta onda e se já estaríamos vivendo nela, ele respondeu que seria a onda da alta tecnologia do desenvolvimento da biologia, da biotecnologia e da nanotecnologia, com as suas aplicações nas diversas áreas como na medicina, aumentando a longevidade, na produção de alimentos e no desenvolvimento de computadores e robôs cada vez mais inteligentes, finalmente com a real conquista do espaço.

Alguns críticos também descrevem que tudo isto é conseqüência do avanço e do desenvolvimento da tecnologia, da informação e do conhecimento e seria tudo a terceira onda evoluindo muito mais rapidamente do que as primeiras ondas. Que a quarta onda na realidade representaria uma volta ao passado, à primeira onda, à terra, num cenário moderno e diferente do passado, agora com informação e conhecimento pra realizar verdadeiras mudanças, com valorização das questões sócio - ambientais não citadas por Toffler.

Realmente de nada adianta tanta riqueza e tanta tecnologia se destruirmos o meio ambiente, se não distribuirmos melhores essas riquezas, se não investirmos no social e de nada adianta a informação e o conhecimento se ele não for compartilhado.

Já ocorreram grandes tragédias ambientais, como vazamentos de indústrias químicas e usinas radioativas, com seus produtos tóxicos lançados ao meio ambiente. Os vazamentos de petróleo como em 1989 no Alaska, em 2000 pela Petrobrás na Baia de Guanabara no Brasil e em 2010 no Golfo do México pela Britsh Petroleum, de prejuízos ambientais ainda imensurados. Este último grande acidente ambiental nos mostra que as grandes nações e suas grandes empresas não estão preparadas pra evitar tais tragédias e não estão dispostas a repará-las, ainda não existe a consciência e a responsabilidade ecológica, principalmente pelas grandes potências como EUA e a China.

E eu pergunto onde fica o Amapá dentro deste contexto, assim como no Brasil, há regiões que ainda não entraram na primeira onda, onde ainda se predomina a economia de subsistência, Temos poucas indústrias e as que temos estão cumprido o papel social e ambiental de que precisamos?

Não devemos ser contrários ao desenvolvimento, a geração de empregos e a me-lhoria das condições sociais, pelo contrário temos que buscar esta melhor distribuição de riquezas, o acesso à informação e ao conhecimento.

Queremos desenvolver a nossa agricultura e pecuária, mas devemos fazer com responsabilidade, sem destruirmos nossas florestas e nossos campos, as indústrias não devem apenas explorar as nossas riquezas e deixar um rastro de abandono, sem ganhos e sem investimentos sociais, sem se responsabilizarem pelos seus resíduos.

Não bastam apenas as gerações de empregos, a distribuição de bolsas famílias, a melhoria no poder aquisitivo das pessoas, é necessário que as empresas e os governantes tenham mais responsabilidades sociais e ambientais. É necessário que invistam em escolas, saúde e educação para que todos possam ter acesso a informação e usufruírem do desenvolvimento, responsabilidades com o destino dos resíduos sólidos e isto não deve ser uma preocupação para o amanhã, já é uma necessidade urgente.

E o mais importante, a tecnologia não deve estar a favor somente dos governantes e da elite econômica, que querem ter o controle da informação, sabem o quanto ganhamos, onde moramos, quantos filhos temos, onde gastamos nosso dinheiro. Nós também queremos e devemos ter as informações sobre os gastos públicos, onde e de que forma estão aplicando os recursos, de que forma são feitos os contratos, principalmente os de concessão às grandes empresas, estas informações devem estar cada vez mais acessíveis a todos e em sites atualizados.

Precisamos ficar de olhos atentos...

Maria Teresa Renó  Oftalmologista e acadêmica de direito E-mail: mariateresareno@uol.com.br

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