Translate

quinta-feira, março 31, 2016

DA CANDINHA

c-bernardo2012@bol.com.br
Uma amiga, Candinha, me escreveu, mandou a carta em mãos. Foi enfiada na caixa de correios presa ao portão, razão pela qual não sei em que lugar foi escrita. Candinha cada um tem a sua, todas gostam de falar.
Acho que a Candinha está fora do país, é bem provável, ela andou falando mal da Dilma, dizendo que a presidente não levava jeito para usar bolsas Loui Vuitton. Se deu mal, deportada não foi, mas teve que sair de fininho para não bater de frente com a ala progressista do PT.
Abuso da Candinha, à época falei com ela: “só nisso errou várias vezes – disse presidente e é presidenta, invocou o símbolo máximo da finess para classificar Dilma como cafona que não sabe se combinar com adereço de luxo, foi demais né?”.
Chateou-se me deixando sem notícias esses anos todos do primeiro mandato Dilma (não disse primeiro governo), mas reapareceu através da carta, simpática e generosa. Em síntese fala da crise política atual no Brasil, reafirma o jeitão, aliás, a falta de jeito L. V (Loui Vuitton) da presidente, diz do deserto de nomes para ocupar ministérios depois da debandada, ainda que sem formação jurídica garante que o impeachment não é golpe, chama a atenção para o rigoroso cumprimento da lei na Lava Jato quanto ao não uso de algemas, especula um tantinho sobre o Sr. Eduardo Cunha, insiste num paralelo entre ele e o Sr. Renan, e chega a mim dizendo que eu deixe de ser bobo.
Olha um trechinho dessa carta da Candinha, remetida não sei de onde: “...volte a Brasília (veja que disse volte e não, vá) escolha um ministério, ligue para a Dilma e diga que vai ocupa-lo. Ela vai lhe agradecer, mas perguntará com quem está falando. Ao que você responderá: “candidato quase eleito à presidência ou secretaria geral do novo partido de sustentação ao que restar do seu governo”. Ela vai lhe perguntar ansiosa, que novo partido é esse. Ao que você responderá sem receio algum: “Partido do Ex PMDB”. Ao que ela prontamente lhe dirá: “fique onde está, o Dimas está levando o termo de nomeação aí., assine e aguarde a posse no posto”.
Essa Candinha é de uma sagacidade infernal, coberta de razão! Como é que percebeu tão inteiramente essa fragilidade momentânea do governo Dilma? Seria possível que Candinha estivesse no Brasil escondida em alguma redação de jornal? Desconfiei que sim, era possível que estivesse assessorando um desses bem informados redatores chefes de alguma grande revista semanal, pois ela, em outro trechinho da carta, abriu-me os olhos para outro grande avanço nacional no trato da polícia com o preso.
Escreveu em bem traçadas linhas: “Como melhorou a nossa polícia! não se vê mais presos algemados, estão prendendo gente diferente de nós, alguns deles recebem um estilista antes do “japonês” da federal e por isso aparecem sempre bem na televisão e nas fotografias dos jornais, perdeu-se o costume da gritaria e dos cutucões com o cano das armas, com apenas olhares (que nem a televisão capta) os presos põem as mãos para trás, caminham sem medo, às vezes até com sorriso no rosto”.
Não assiste razão a Candinha? Realmente a Policia Federal brasileira enterrou de vez aqueles rompantes europeus violentos de séculos atrás quando aqueles saíram pelo mundo colonizando, tomando terras, fazendo escravos. Bem aqui, debaixo do meu nariz, e não tinha ainda, antes da carta, prestado atenção nessa fidalga evolução da nossa polícia.    
Soubesse para onde remeter carta resposta à Candinha lhe escreveria apenas observando: “não seria a qualidade dos presos da Lava Jato?”.
Mas, cadê Candinha?! Pra quê misturar Loui Vuitton com presidenta!?     

domingo, março 27, 2016

AUSENCIAS

c-bernardo2912@bol.com.br
A experiência da ausência é realidade na vida das pessoas, não há quem dela não conheça um pouco. Se não sente a ausência de outrem é porque aqueles nada lhe importam, nenhum valor tem. A ausência, no entanto, nunca é total: deixa-se uns acompanha-se de outros.
Deu-se comigo, deixei as famílias paternas e maternas, amigos e conhecidos de até a juventude, e quase simultaneamente criei outras presenças em minha vida. E sofri pouco por uma e pela outra causa.
É que nunca fui capacitado para a existência individual, praticamente todos os dias senti fortemente a ausência dos que deixei para trás – não deixei que fossem apenas saudades, transforma-los em valores foi o meu exercício de vida.   
Não nego, andei confuso por muito tempo entre o que me seria memória e ausência. Nessa “briga” de um lado não me deixar ser um homem que não se reconheceria no tempo, num lugar e nos rostos, de outro sentir perdida a companhia de gente querida, especial, essencial, deixei abrir um vácuo existencial que muito doeu. Parecia que ficara no passado a capacidade de viver, de ser feliz ou pelo menos de lutar pela vida menos infeliz. Durou tempo demais!
De repente compreendi que se eu me acostumasse à ausência, seria eu a não ter importância, seria aí sim apenas memória- não os ausentes. Percebi que tinha aprendido muito pouco sobre perdas, tão comuns ao ser humano. Enquanto isso me chegavam as notícias do falecimento de parentes, amigos, conhecidos...constatações de fazer chorar. Porém, nem um pouco mais dolorosas quanto a me ver esquecido por muitas pessoas que daqui as lembrava todos os dias: eu não era importante para elas.
Esse turbilhão de entender, sentir e não compreender deve ser a realidade existencial de todas as pessoas, potencialmente mais para aquelas que como eu migraram para longe e por tanto tempo, quase definitivamente. Viver com isso não é fácil, sem isso é impossível.
É como um rio aparentemente desperdiçando suas águas, sua razão de ser, em rios maiores, no oceano – ao final tudo é água. Todavia, para nós “vitimas” das ausências, importa a grande parte da vida que levamos para saber o que perder o que ganhar. Tudo é água, a separa-la está a que é doce, salgada, salobra, limpa, poluída, inodora, insuportavelmente mal cheirosa, potável, encanada, livre.
Então, no caso das ausências e presenças nem tudo é água. Há, frequentemente, os que estão à sua volta e são ausência.
Decidi não ser sozinho, trouxe comigo as ausências como valores a me complementar. Muito frequentemente, quase diariamente, penso em minha gente. Mas dei de me torturar vendo a migração atual intensa para a Europa exibindo semblantes transparecendo culpa, perda, solidão... profundas. Ali não vejo semelhança entre os nossos sentimentos de ausência por havermos deixado atrás e distante os nossos espaços de pertencimento.      






quarta-feira, março 23, 2016

BANQUETES REAIS.

c-bernardo2012@bol.com.br
Andei um tempo em palácio, fui uma espécie de secretário do governador, não do governo. De grande valia aquela oportunidade, ainda hoje me serve de freio ao que vai na mente e nas teclas. Uma lição que trouxe de lá: a satisfação do estômago apressa decisões favoráveis ao anfitrião e a seus interesses.
A coisa é assim, os jantares oferecidos pelos governantes são lautos e disputados. Participam deles os que ainda que de momento gozam do consentimento do poder, parecem pessoas sociais de alto prestigio e não raro aparecem em colunas sociais dos jornais, da mídia em geral.  
Tantas vezes vi isso tantas vezes comprovei quanto pode a satisfação do estomago facilitar a compreensão para assuntos não tão simples, antes nas gavetas e prateleiras da administração pública e da política.
Jantares “diplomáticos” são um perigo para a democracia, além de peso na bolsa popular. É tanto que a jurados a justiça não concede tal – quase não haveria absolvidos. Aliás, também não almoços e os lanchinhos ricos, fartos e diversificados comuns nas cortes que o povo sustenta com o que lhe tiram os impostos decididos pelo governo.
Os tempos não mudam os hábitos, aperfeiçoam. Agora mesmo em Brasília outro não é o tempo que não dos jantares estratégicos – de um lado o bacalhau, vinhos e azeites especiais, do outro, níveis também especiais de jurados. Há os que são do legislativo, como os há do judiciário e executivo. Por causa da agilidade dos meios de comunicação não se esconde mais quando e onde ocorrem esses jantares.
Agora mesmo a presidente Dilma da República Federativa do Brasil é generosa e por enquanto festejada anfitriã. Em seus jantares, desde os canapés à sobremesa, o sal e o açúcar se confundem num só paladar: apoio político. Como votar contra quem o alimenta?
Não sei se a presidente Dilma faz ela mesma a lista de convidados ou se corre o risco de apenas aprova-la à distância, bom seria que tomasse a si esse cuidado e colocasse nele muito rigor. Pode logo amanhã ver-se excomungada por haver servido comida salgada ou insossa a tão ilustres convidados.
Por uma ou por outra dessas hipóteses pode ser traída no executivo, perder votos no legislativo, ser condenada no judiciário.    

        

terça-feira, março 22, 2016

ZABELA É DE MORTE.

c-bernardo2012@bol.com.br
Zabela era engraçadinha, um doce de moça, mas obsessiva por animais. Dizem que tinha catorze gatos, um cachorro para cada portão, cada janela do carro, e conforme a cor, tecido do vestido e a festa para a qual fora confeccionado também tinha que ter um cachorro apropriado.
Qualquer bicho era sagrado para Zabela, não podia ser sacrificado nem para remédio, tinha que ser protegido a qualquer custo. Não é preciso que diga que era vegetariana, necessário no entanto frisar: radical. Viesse a saber que a alface da salada fora adubada com esterco animal, também não comia. Nesse particular a Zabelinha era um entojo.
Mesmo assim, todo mundo gostava de Zabela, uma gracinha, inteligente como ela só, e que par de coxa. Era bióloga, especialista em crustáceo, sua paixão era o caranguejo.
Certa vez deu um escândalo no boteco do Jóia, quando ainda era lá no Beco dos Velhacos, no auge, todos os dias lotado, só porque não se sabe como o tira-gosto do dia foi patinha de caranguejo.     
Zabela rodou a baiana, primeiro quis saber como diabos foi parar nos cafundós de Minas Gerais, no minúsculo boteco do Jóia, ali no Beco dos Velhacos, as tais patinhas de caranguejo, mais de uma para cada frequentador naquele dia. Coisa do Chico Bóia, disseram a ela com certa paciência – trouxe do Rio de Janeiro. Seu presente de aniversário aos amigos da esbornia.
Vencida Zabela fez um discurso sobre a necessidade de proteger aqueles animais, mantê-los nos manguezais...berçário disso e daquilo, etc. Não fez nem menção de pagar a cervejinha que já tinha bebido, também não o traçado de vermute que costumava tomar como “entradeira”.
Foi-se Zabela batendo as tamancas no chão com muita força, puxando os cabelos amarelos para o alto da cabeça, prendendo-os como um tufo com grampos que levava nos cantos da boca como tridentes. Assim com tanta raiva Zabela era a expressão da beleza, os seios pareciam pulsar para explodir, os olhos enchiam tudo de azul, a saia subia até onde queria, a roupa marcava bem os contornos do seu corpo, e que par de coxa.
Não demorou correu a noticia de que Zabela tinha sido aceita para o mestrado na Itália, o Jóia pôs o boteco a disposição para as despedidas, tira-gosto só jiló ao molho, batatas miúdas ao azeite, rodelas de cebola crocante, caldo verde a vontade - Zabela topou. 
Neneco compareceu, deixou para trás a dengue que o prostrava, não podia beber, mas gostava muito da sobrinha Zabela. 
A certa altura a bela avisou: vou criar aqui e filiar na Itália uma Ong de proteção integral a todos os animais. Exclamação geral:
-Zabela é de morte.
-Tá naquela idade difícil, virando dos vinte para os trinta.
-Que iniciativa, que gênio...
Até que veio a observação do Neneco: E os mosquitos?
Pronto, foi o bastante para Zabela abandonar novamente o boteco do Jóia, do mesmo jeito que antes o fizera. Até os comentários foram os mesmos...que par de coxa!
Zabela passou anos na Itália e depois mudou-se para um lugar qualquer da África. O Jóia morreu, assim de repente...uma consternação geral – um dos poucos sujeitos melhor vivo que morto.
O boteco, patrimônio da cidade, foi para as mãos do Jorge Tomate – ficou Boteco do Tomate; lá mesmo surgiu o boato de que a culpa do Zica é da Zabela que teimou mundo a dentro em proteger mosquitos.   


sexta-feira, março 18, 2016

ANTA OU ELEFANTE?


c-bernardo2012@bol.com.br
Não tem cabimento comparar anta e elefante, na primeira quase faltam as orelhas, no segundo são grandes demais os pés, na primeira enrustiu a tromba, etc... mas cá para nós, o que é o Brasil hoje: uma anta ou um elefante? E se juntar anta e elefante dá o que?
Olhe-se o momento político atual no Brasil e não se verá nada mais que eufemismos. Parece que tudo está errado no país, coisa com coisa não dá coisa, pessoa com pessoa não dá pessoa, partido com partido não dá partido, e por aí vai. E não vai a lugar algum, para frente não.  
Aliás, incrível que pareça, PT com PT não tem dado PT – assim o demonstra o fraseado telefônico interceptado pela Policia Federal no âmbito da Lava Jato. O ministro da Justiça José Eduardo Cardoso (“aquele bundão”...) tinha o controle dos planos estratégicos de segurança para as Olimpíadas Rio/2016 a partir da atuação perita da Policia Federal, mas já é outro o ministro. E por que? PT com PT não dá PT.
Não se vislumbra sucessão para a presidente Dilma em caso de impeachement, o vice presidente Temer, o presidente da Câmara dos Deputados Cunha e do Senado Renan são também investigados na Lava Jato, prestes a se tornarem réus. E por que? Pessoas com pessoas não dão pessoas.
A crise é política, é o que se diz como causa, efeito e solução para as imensas dificuldades que estão apequenando o Brasil. E por que? Partidos com partidos não dão partido, coligação partidária é eufemismo que não vai além de uma ou duas atas.   
A coligação partidária que levou Dilma à Presidência da República, vê-se hoje, formou-se a partir de equívocos e metáfora: a metáfora do poder continuo e prolongado.
Tudo e todos estão divididos no país, a lógica dos acordos e dos entendimentos nacionais não é outra que não a divisão – ninguém tem razão. Em nada prosperando a busca por um culpado, essa sim é comum de todos: céu cinzento muita chuva, céu azul seca intensa, dinheiro pouco meu quinhão primeiro.
A culpa é da Lava Jato.



 


quinta-feira, março 17, 2016

XEQUE-MATE...

c-bernardo2012@bol.com.br
Pode não ser simples bravata do ex presidente Lula o conjunto das suas palavras ainda ontem reveladas em regime de quebra de sigilo telefônico: "Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um parlamento totalmente acovardado". "Estou sinceramente assustado com a República de Curitiba. Porque a partir de um juiz da primeira instância tudo pode acontecer nesse país. Tudo pode acontecer".
A Republica do Galeão foi uma realidade lá atrás, em 1954, que já não precisa de aspas. Os ex presidentes sabem “das coisas”, alguns deles convivem bem com a “solidão do poder” outros não. Lula, certamente, não.
O ministro do STF Celso de Mello tomou as acusações de Lula como “um reflexo evidente de temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes".
O “rei” está nu, mas esperneia com se vestido estivesse para se coroar Cristiano I do Brasil, para reinar como o fez Cristiano IV da Dinamarca e Noruega por longos 59 anos ininterruptos, um soberano do século 14 muito popular, ambicioso e produtivo. Mas obsessivo, substituiu Oslo por Cristiania - mais um mandato e Lula trocaria Brasília por Lulianília.   
Desde o mensalão que Lula meteu-se a enxadrista (“nunca na história desse país...”), essa e outras de suas teses deram o xeque-mate no ex ministro do STF Dr. Joaquim Barbosa - história que está nos livros.
Empolgado o ex presidente, se acreditando grande enxadrista, em última manifestação publicada lançou desafios para novas partidas: "Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado...”.
Deu-se mal antes de mexer a primeira pedra, xeque-mate., apresentou-se para o jogo o ministro Celso de Melo do STF: "A República, além de não admitir privilégios, repudia a outorga de favores especiais e rejeita a concessão de tratamentos diferenciados aos detentores do poder ou a quem quer que seja, por isso, cumpre não desconhecer que o dogma da isonomia, que constitui uma das mais expressivas virtudes republicanas, a todos iguala, governantes e governados, sem qualquer distinção, indicando que ninguém, absolutamente ninguém, está acima da autoridade das leis e da Constituição de nosso país, a significar que condutas criminosas perpetradas à sombra do poder jamais serão toleradas e os agentes que as houverem praticado, posicionados ou não nas culminâncias da hierarquia governamental, serão punidos por seu juiz natural na exata medida e na justa extensão de sua responsabilidade criminal".
Vê-se que o ex presidente quis jogar sem conhecer a regra, deixou-se ao ataque do adversário que o sabia queimando-se em fogueira de vaidade. Andou em mentiras até que sucumbiu.
É pena, faltou a Lula conselheiros que treinassem seus ouvidos, domassem sua teimosia, doutrinassem: Seja humilde presidente, vá pelos caminhos das terras brasileiras; seja forte, porta-te como homem sábio, simples, justo, grato; guarda as ordenanças do senhor teu Deus, serás um grande rei; use sabedoria e não força.
Mas Lula convenceu-se de que era realmente “o cara”, afinal ouviu a sagração do pronunciamento público de ninguém menos que o presidente Barack Obama dos Estados Unidos da América. Xeque-mate!!!!!!
Incauto, não sabia, não leu, não ouviu que o sábio teme e desvia-se do mal, o arrogante é tolo e dá-se por seguro.   


terça-feira, março 15, 2016

VÉSPERA INSUPORTÁVEL.

c-bernardo2012@bol.com.br

Nada feito às pressas será o melhor que se pode fazer, mas o “time” da crônica não é o do cronista. Se deixar para amanhã outra abordagem do mesmo assunto terei que fazer já que a televisão está dizendo agora que o ex presidente Lula amanhecerá ministro. Como poderei dizer que o avisei do passo em falso se não o fizer hoje?
Janito e Zipo é um conto tipo fábula ou vice versa, fábula tipo conto, que virá publicado no próximo livro que pretendo lançar mês que vem. Estará lá para registrar no tempo minha contrariedade com um tipo de crueldade inadmissível contra certos animais – o peru, um deles.
Se não esclarecer agora poderão dizer amanhã que maldosamente fiz analogia do momento atual do Lula. Lá adiante haverá quem diga que não soube explicar sobre a quem ou a que me referia.  
Zipo é um cão, Janito o cidadão que o guia por esse mundo sem teto. O cão não admite o sacrifício animal para fins alimentares com dia e hora marcados. Não admite, para ele isso é crime.
Ele como eu não discriminamos picanha na brasa, coxinha de asa na brasa, carneiro no buraco, coelho à caçarola, peixe frito.. do jeito que se oferece traça e, como eu, nem se pergunta se o boi, frango, carneiro, coelho, peixe eram pintados dessa ou daquela cor. Estão na cadeia alimentar e pronto. No entanto, nós, Zipo e eu, queremos abolir o lado criminoso do abate animal, qual seja: amarrar no pau até que a morte o alcance.
Pense conosco na agonia do peru quando lhe metem ao bico a dose de pinga! Toma porre hoje para morrer amanhã. E o leitãozinho dos casamentos? E os frangos do natal? Não é a véspera que os exaspera?
E não é o que está ocorrendo com o ex presidente Lula? Já não avisa a presidente Dilma que o vai nomear ministro? E não é isso amarra-lo ao pau à espera de que o Juiz Federal Dr. Sergio Moro marque dia e hora em que vai degola-lo? Ou mudar de foro é mudar destino?
Se fosse Lula participar do meu conto fábula ou fábula conto poria ao final Zipo a lhe perguntar: Valeu a pena?
E o deixaria responder como se fosse ou tivesse lido Fernando Pessoa: Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas foi nele que espelhou o céu.






segunda-feira, março 14, 2016

SOLUÇÃO MAQUIAVÉLICA.



O Partido dos Trabalhadores-PT, foi fundado em 1980, e com um pouco de analogia parece resultante de alguma clausula testamental do filosofo alemão Friedrich Nietzsche, falecido em 1900. Pelo seguinte, hoje, dia seguinte da maior manifestação de rua já registrada no Brasil contra o governo do PT, petistas de todos os tamanhos anoiteceram e amanheceram dizendo que “as ruas se encheram de pessoas da classe média alta para cima”. Nada, as ruas estiveram cheias de povo.
Petistas tomaram como verdade os números menores encontrados pelo Instituto Datafolha, dizendo com isso que nem tão cheias assim estiveram as ruas. Bobagem, só não foram dezenas de milhões de pessoas (povo) porque as chuvas torrenciais de época inundando cidades e a ameaça do confronto direto entre eles e o povo deixaram em casa pessoas que só queriam manifestar seus descontentamentos “com isso que taí”.
Governistas e petistas previnem de que devem ser aguardados nessas mesmas ruas no próximo dia 18, querem ser maioria a dizer que não há porque se insurgir “contra isso que taí”. Tolice, 18 é dia de batente e não de trabalhadores gazeteando em tempo de desemprego nas alturas.
Petistas e governistas não se acanham nem um tantinho em, assim, negar o que nossa Constituição afirma: “O poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”. Claro como o dia: o povo esteve nas ruas reafirmando letras da Constituição.   
Ora, o “pensamento” petista parece cláusulas testamentais do filosofo Nietzsche, que disse e deixou escrito, estabelecido: “a esperança é o maior dos males”. Foi essa que levou o PT ao poder e a primeira que o PT fez morrer no seio do povo. Nietzsche disse; “ a verdade é um erro sem o qual não conseguimos viver”. O que mais faltou ao governo petista foi justamente a verdade, os petistas se convenceram e quiseram convencer que só podíamos viver no erro. Nietzsche disse: “as convicções são inimigas da verdade e não as mentiras”. Ora, claro está, aí está um dos fundamentos da doutrina ideológica partidária do PT. Nietzsche também disse: “a recompensa final dos mortos é não morrer mais”. O que sobrou do PT até agora só pode aspirar a essa recompensa - enquanto é tempo.
Acaso tenha mesmo o PT de lá atrás se inspirado em Nietzsche, faltou aos seus ideólogos investigar mais a fundo razões pelas quais o grande filosofo alemão teve liberdade para estabelecer suas clausulas filosóficas: não tinha nenhum lar; nenhuma obrigação, nenhum salário para pagar, nenhum filho para criar, nenhum horário, nenhum papel, nenhuma posição na sociedade.
É, nesse caso, tempo de Maquiavel: “...quando um príncipe deixa tudo por conta da sorte, ele se arruína logo que ela muda. Feliz é o príncipe que ajusta seu modo de proceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos tempos.”


domingo, março 13, 2016

13 DE MAIO ONTEM...13 DE MARÇO HOJE.

Dia histórico o de hoje em que os brasileiros encheram as ruas do país de gente brasileira, milhões de nós gritando contra a corrupção. O mundo nos ouvindo.
Séculos atrás apenas um homem brasileiro e dúzia ou dúzia e meia de seus companheiros fizeram semelhante gritaria contra a extorsão: Tiradentes, o Alferes Joaquim José. História sobejamente conhecida.
Nos dias de hoje, em que a corrupção desenfreada fecha as portas do país, milhões de Tiradentes tomaram as ruas contra a derrama - as empreiteiras estão sugando o sangue da nação. Os políticos corruptos são os carreadores das nossas finanças para elas.
Não há como assistir a essa farra sem lembrar Ésquilo com Prometeu ¹acorrentado, ²libertado, ³portador do fogo. Prometeu acorrentado e libertado são o retrato símbolo de tantos homens que com sacrifícios e sofrimentos se imolaram pela humanidade, na luta pelas conquistas civilizadoras, e a multiplicação de seus benefícios.
Prometeu, como revela Ésquilo, era o único capaz de prever o futuro, sabia como prevenir o fim do reinado de Zeus. Ensinou ser firme naquilo em que se pensa, no caráter libertador, pois mesmo preso para sempre ao rochedo, sua mente não cedeu diante da tortura do tirano. Foi ele quem nos deu o fogo: “Dei o fogo aos homens; este que lhes ensinará todas as artes”.
Sergio Moro, o Juiz Federal, é para o Brasil o novo Tiradentes e Prometeu: não cede em seus princípios e convicções de ir até ao fim na distribuição da justiça aos novos traidores do Brasil. Mesmo sozinho Moro mantem-se firme no ideal e na certeza de que suas teses são justas.
Sozinho em termos, lá com os seus pares judicantes. Hoje, nas ruas, em todo o Brasil – aliás, também no exterior onde brasileiros igualmente protestaram – os manifestantes gritaram seu nome, apoiaram seu trabalho: “Somos todos Moro”.
Ele ouviu: "Fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lava Jato. Apesar das referências ao meu nome, tributo a bondade do povo brasileiro ao êxito até o momento de um trabalho institucional robusto que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todas as instâncias do Poder Judiciário", afirmou em Nota Oficial.
À maneira de Prometeu Moro está devolvendo o fogo aos brasileiros: "importante que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas. Não há futuro com a corrupção sistêmica que destrói nossa democracia, nosso bem-estar econômico e nossa dignidade. As autoridades eleitas e partidos devem igualmente se comprometer com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem exceção, na própria carne".
Hoje, 13 de março de 2016, mais de cinco milhões de brasileiros disseram sim a Moro, o que significa: Fora Dilma, Lula, PT, carteis de empreiteiras, Cunha, Renan, etc.
O Brasil e o brasileiro são como o fígado de Prometeu: regeneram-se continuamente.  

quarta-feira, março 09, 2016

MINISTRO CÉSAR BERNARDO

c-bernardo2012@bol.com.br
O que de fato mudou no mundo foi a comunicação, hoje o mundo vê instantaneamente o que você escreve, faz, pensa. Também há tecnologia capaz de mostrar com a mesma rapidez o que você não escreveu nem fez, mas pensa. Vivemos intensamente a era das redes sociais, quase não há um brasileiro que não faça algum tipo de uso do telefone celular -  através do Whatsapp a Policia e o queijo da fazenda chegam num segundo à população.
Politicos e velocidade de comunicação celebraram o casamento perfeito, é bem verdade que no Brasil a Lava Jato reentroduziu no contrato o fantasma do, análogo é claro, “até que a verdade nos separe”. Também por causa da velocidade da comunicação eletronica a Imprensa consolidou, com justiça, o status de quarto poder. Artistas, plantas, animais viram igualmente celebridades. E por aí toca a banda.
Sou dessas pessoas que buscam publicidade nas redes sociais, todos os dias estou no facebook, de vez em quando escrevo e publico cronicas e artigos no blog. Via e-mail também me movimento nesse mundo pequeno.
Mas, uma banalidade puxa a outra, estamos vendo a intensa movimentação em que se transformou nomeação e exoneração de ministros no governo da presidente Dilma, agora mesmo está na mídia o impedimento legal de posse do Sr. Wellington Cesar Lima e Silva no Ministério da Justiça, e, Lula pode passar da condição de ex presidente a ministro...de qualquer pasta.
Foi então que pensei em minha gente e depois em mim decidindo que sou candidato a ministro - a depender de indicação de algum político líder ou vice líder de bancada. A concorrência é grande, depende sim de quem indica.
Mas não quero ser ministro de pasta nenhuma, o projeto é ser indicado. O sub projeto é ter meu nome à disposição do mundo inteiro: “Cesar Bernardo pode ser o próximo ministro da Fazenda, a indicação é do senador Pedrosa e foi endossada pelo PMDB”.
Será por esse meio que meus conterrâneos, parentes, amigos e adversários se verão compelidos a comprar jornais e revistas para guardar em gavetas, pastas e paredes.
Claro que ao lado de cada manchete e em cada mídia teria a minha fotografia. Sorrindo, perscrutando o infinito, de óculos, sem óculos, com sombra ou não passando pela minha mente. Li muito em livro de bolso de faroeste: “Uma sombra passou pela sua mente”.
Eu mesmo quero ter o prazer de entrar nas bancas para adquirir meus exemplares de jornais e revistas, ver bem de perto as sombras de aprovação e/ou reprovação passando pela mente de tantas pessoas nessas lojas.
Não ignoro que há risco de que a presidente Dilma me force a posse, ela está em serias dificuldades e um bom nome como o meu poderia salvar seus anéis.   
Fique claro, ministro não quero ser.        

   

domingo, março 06, 2016

NOZES QUEBRADAS


c-bernardo2012@bol.com.br
Qual brasileiro não pensou no Lula desde a sexta-feira 4 até hoje? Bem ou mal, talvez mal mais que bem, pensou-se nele. Às vezes com raiva.
Penso no Lula penso no papai, que me deixou sair de casa para vida depois de encher meu bornal de boas idéias, bons causos, histórias dos meus avós. Era tudo que tinha para me dar, porém, com a intensão de cobrar. Guardadas as enormes diferenças ente Lula e eu, seu pai deve ter tido semelhante procedimento porque a paternidade tem princípios universais.
 
Lula fez carreira, de retirante da seca nordestina a presidente o Brasil, um dos maiores países do mundo. Ao que parece, foram tantas ideias postas em seu bornal que ainda hoje ele acha que o Brasil saiu apenas de sua cabeça.
E fica mesmo a impressão de que o socialismo petista no Brasil é todo dele, deixando embaralhado nos anos uma curiosidade, diria, nacional: o PT, partido quase totalmente apenas seu, fez grandes bancadas no Congresso Nacional, formou formidável contingente de “companheiros” construtores do “pensamento petista”, todavia, recentemente Lula repetiu tintim por tintim ter sido ele autor do rosário das bem aventuranças que transformaram o país de 2002 para cá.
Nenhum senador, deputado, ministro, cardeal reivindicou para si uma só dessas grandes ideias. Tudo é do Lula, ponto(pt) saudações.
Ocorre que Lula está vivendo tempos de frigideira quente, enquanto frita vai ficando só. Ainda tem gente vendo roupas bem talhadas cobrindo seu corpo, mas há uma maioria vendo-o nu.
O líder petista está como os touros de Madri, que só oferecem bons espetáculos com sangue e mortes – dos toureiros ou deles. A arquibancada nunca perde, delira diante de sangue e morte, infalíveis.
Ao Lula, parece, nunca assaltou a dúvida sobre uma noz fechada, não lhe pareceu em tempo algum antes e pós poder que algumas delas pudessem surpreender - em todas estaria uma castanha inteira. Mas veio o tempo da Lava Jato, Policia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal desafiando-o a quebrar pelo menos três nozes.
Aberta a primeira revelou-se aos olhos maravilhados de Lula uma castanha sempre imaginada por ele, inteira, sadia. A segunda já lhe causou espécie, a castanha estava bichada, impropria, amarga. A terceira assustou, não tinha nada dentro que não fosse uma lagarta feia, espinhenta, pegajosa.
A fase de interrogatórios chegou ao “inatingível Lula, as revistas, os jornais, a televisão, os indefectíveis vazamentos trarão a nós as novas e recônditas ideias que ele trouxe de casa, escondidas até agora.    

quarta-feira, março 02, 2016

O PICADEIRO

c-bernardo2012@bol.com.br
Minha turma está na casa dos 50 até setenta e cinco anos, entre nós há certamente lembranças e histórias de circo. Muitos saímos das pequenas para as grandes cidades impedidos da dispersão por causa da cultura, que aliás, nos reagrupa - por exemplo, o circo!
Quem de nós não esteve em um deles, em arquibancadas de tábuas, sob lonas envelhecidas, aguardando ansiosamente palhaços, equilibristas, trapezistas, acrobatas... donos absolutos da arte circense?
Quem não participou ou saiu à janela para ver passar a preliminar tão boa quanto, que era correr atrás do palhaço nas ruas, anunciando o espetáculo: “Hoje tem, hoje tem? Hoje tem espetáculo? Lá na Rua do Buraco? 
Ah! eu gostava disso, sofria se não conseguia um jeito de entrar no circo.
Os anos passaram, aliás, muito depressa, mas o gosto pelo circo permanece. Nesse momento a novidade em Macapá é o Circo Moscow: chegou cheio de charme e expectativa, com dáblio no Moscou.  
Estaremos lá, eu, Consola e o Prof. Munhoz, não na estreia, o ajuntamento é grande demais, incomoda, mas um pouco adiante levaremos lá nossos duzentos e poucos anos de “banco de circo”. Se tivermos a provável adesão de alguns amigos e amigas, do Grupo da Amizade, seremos mais de trezentos e cinquenta anos de olhos no picadeiro.
O circo vem de longe, antes muito antes divertia a monarquia chinesa. Na Roma antiga “Circo Máximo” era o local onde as massas plebéias reuniam-se para assistir às atrações organizadas pelas autoridades imperiais – à plebe, pão e circo.
No Brasil ele pode ter chegado no século XVI, com o descobrimento:
“...E além do rio andavam muitos deles (índios) dançando e folgando uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então para a outra banda do rio, Diogo Dias, que fora almoxarife de Socavem, o qual é homem gracioso e de prazer. E levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se a dançar com eles, tomando-os pelas mãos. E eles folgavam e riam e andavam com eles muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem fez-lhes ali muitas voltas ligeiras, andando (de mãos) no chão e (dando) salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito”.  
Todavia, foi na França que o circo abriu as asas, ajudou a voar a Revolução Francesa – marco da humanidade. Deixou-nos ídolos fenomenais como o domador Antoine Franconi, André Luis Moreau (Scaramouch - astuto e perigoso intrigante), daí formalmente atravessou o Atlântico para se transformar em grife nos Estados Unidos. Na Rússia virou escola.  
Rodou, girou mundo e veio bater em Macapá o Gran Circo Moscow. Trouxe na troupe um palhaço que é ladrão de mulher.