Translate

quarta-feira, março 02, 2016

O PICADEIRO

c-bernardo2012@bol.com.br
Minha turma está na casa dos 50 até setenta e cinco anos, entre nós há certamente lembranças e histórias de circo. Muitos saímos das pequenas para as grandes cidades impedidos da dispersão por causa da cultura, que aliás, nos reagrupa - por exemplo, o circo!
Quem de nós não esteve em um deles, em arquibancadas de tábuas, sob lonas envelhecidas, aguardando ansiosamente palhaços, equilibristas, trapezistas, acrobatas... donos absolutos da arte circense?
Quem não participou ou saiu à janela para ver passar a preliminar tão boa quanto, que era correr atrás do palhaço nas ruas, anunciando o espetáculo: “Hoje tem, hoje tem? Hoje tem espetáculo? Lá na Rua do Buraco? 
Ah! eu gostava disso, sofria se não conseguia um jeito de entrar no circo.
Os anos passaram, aliás, muito depressa, mas o gosto pelo circo permanece. Nesse momento a novidade em Macapá é o Circo Moscow: chegou cheio de charme e expectativa, com dáblio no Moscou.  
Estaremos lá, eu, Consola e o Prof. Munhoz, não na estreia, o ajuntamento é grande demais, incomoda, mas um pouco adiante levaremos lá nossos duzentos e poucos anos de “banco de circo”. Se tivermos a provável adesão de alguns amigos e amigas, do Grupo da Amizade, seremos mais de trezentos e cinquenta anos de olhos no picadeiro.
O circo vem de longe, antes muito antes divertia a monarquia chinesa. Na Roma antiga “Circo Máximo” era o local onde as massas plebéias reuniam-se para assistir às atrações organizadas pelas autoridades imperiais – à plebe, pão e circo.
No Brasil ele pode ter chegado no século XVI, com o descobrimento:
“...E além do rio andavam muitos deles (índios) dançando e folgando uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então para a outra banda do rio, Diogo Dias, que fora almoxarife de Socavem, o qual é homem gracioso e de prazer. E levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se a dançar com eles, tomando-os pelas mãos. E eles folgavam e riam e andavam com eles muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem fez-lhes ali muitas voltas ligeiras, andando (de mãos) no chão e (dando) salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito”.  
Todavia, foi na França que o circo abriu as asas, ajudou a voar a Revolução Francesa – marco da humanidade. Deixou-nos ídolos fenomenais como o domador Antoine Franconi, André Luis Moreau (Scaramouch - astuto e perigoso intrigante), daí formalmente atravessou o Atlântico para se transformar em grife nos Estados Unidos. Na Rússia virou escola.  
Rodou, girou mundo e veio bater em Macapá o Gran Circo Moscow. Trouxe na troupe um palhaço que é ladrão de mulher.  

Nenhum comentário: