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sexta-feira, março 06, 2020

JUQUINHA E O MEU MUNDINHO.

César Bernardo - mar/2020
Resolvi sair do meu mundinho, hoje em dia pouco mais ou menos que meu quarto, vez em quando hospital, laboratórios médicos, supermercado. E não foi só por isso, minha fonte disparou a senha MCP/DF; era preciso conferir.
Então fui a duas ou três bancas de jornais à espreita do que poderia ser uma imposição difícil de se rejeitar. Com certa ansiedade e muita discrição verifiquei não haver manchetes nos jornais confirmando meu nome para o cargo de Subministro da Economia.
Teria ocorrido veto ao meu nome não se sabe ainda por iniciativa de quem, do Presidente ou do Ministro da Economia ou de ambos. Dessa vez, confesso, bateu a frustração. Não que fossem favas contadas, sei que o Planalto sabia da minha opinião crítica sobre as regalias criadas para o Juquinha. Só não sabia que fosse isso razão para o veto.
Juquinha é o cachorro do ex-governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro. Não devo afirmar se Juquinha era dele ou da Primeira Dama Adriana Anselmo, mais de um que de outro ou igualmente de ambos. Seria uma leviandade perante a imagem de casal perfeito que Cabral e Adriana passavam, sempre lado a lado, presenteando-se regiamente um ao outro. Mereciam um cachorro! Por onde andará o mimado Juquinha?
Nunca tive nada contra o Juquinha, se dormia em mesma cama que o casal, se comia em mesma mesa, se dividia a banheira com eles. Nunca me importei com isso, nem mesmo com a coleira de platina que trazia ao pescoço, se autêntica ou proveniente de feiras paraguaias.
Agora, queiram me desculpar, inclusive o Juquinha que é o menos culpado, mas nunca o suportei engalfinhado com a babá, refestelado num helicóptero público só para ele. É fechar os olhos e vê-lo ainda acenando com a pata através do vidro impecavelmente transparente do aparelho.
Não fosse a sabedoria divina, e providência também, há muito que o teria fulminado com flechas de indignação lançadas pelos meus olhos, e o derrubado de um daqueles voos debochados. Salvou-o a assertiva de Deus, que nos diz claramente: “Não me alcançarás se rezardes sendo maus, pedirdes maldosamente, quiserdes coisas más”.   
Então, ao que parece e deduzo, foi esse malquerer ao Juquinha causa de queda e descarte do meu nome lá no Planalto, já que foi e se mantém aberta a vaga no lugar do Sub Monsueto, posto em gordura quente por ter se contraposto ao ministro Paulo Guedes na questão do “pibinho” 2019.
Sejamos claros, é tempo! Não foi apenas maus pensamentos contra o Juquinha nem a sugestão de que sextando servissem a ele uma cervejinha Novohorizontina, ou que semestralmente dessem ao peludo uma semana de descanso lá na China, não em sítios onde ainda se aprecia o consumo da carne de cachorro..... em Wuhan.
O impeditivo mor, mesmo, foi a pregação que andei fazendo afirmando que empossado trabalharia para incluir como caput em uma das reformas políticas à vista: “Tomando-se por base as 134 horas de voo gratuito do Juquinha em aeronave pública exclusiva, fica o Erário na obrigação inalienável de proporcionar pelo hora e meia de voo em igual condições a cada criança nascida em solo carioca, mediante apresentação de Certidão de Nascimento, dada e passada em cartório oficial”.
Foi esse o tropeço e causa do meu retorno ao meu mundinho.

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