Apesar dos muitos pesares - um deles, a montanha de
lixo que cobriu Macapá - a cidade teve o que comemorar na travessia 99/2000.
Alguns prédios novos surgiram na paisagem, entre eles o do terminal rodoviário
ali no São Lázaro, um prédio bom, mas que podia ser mais bonito, mais ecológico
e pelo menos um pouco futurista já que demorou tanto para acontecer.
Ali no Santa Rita, nas imediações do Senai, está
surgindo um outro prédio muito bonito, não sei a que se destina mas com toda
certeza é mais um enfeite para Macapá. No Perpétuo Socorro e no Araxá os
complexos urbanísticos planejados pela Prefeitura estão tomando forma e serão,
certamente, adornos brilhantes que se pendurarão em Macapá como brincos.
O prédio do Ceap, no Alvorada, alguns outros da
iniciativa privada espalhados por aí, e o da Catedral Metropolitana que vai se
erguendo bem ali no centro da cidade surgem importantes para Macapá e no futuro
próximo serão tão bonitos como importantes. Juntemos a eles o prédio do
hospital Sarah Kubistcheck nas homenagens deste aniversário.
E não é só isso, a cidade ganhou novos postos de
combustíveis, ornou-se de out-door bonitos, iluminados de néon como convém aos
anúncios necessários em qualquer cidade-mãe, e ganhou também sapatos de saltos
altos vindos com o asfaltamento em ruas que a razão nunca explicou tanta lama e
poeira até esses tempos tão modernos.
Pena que Macapá não tenha ganho uma única bela praça
nova nesse ano, pena maior ainda que ninguém se lembrou de dar um bom lustre na
importantíssima praça Zaguy., sem ela Macapá não é uma cidade inteira. Bem à
propósito, boa convenção dos partidos políticos seria aquela que estabelecesse
que o compromisso mínimo dos prefeitos seria construir pelo menos uma praça e
conservar todas as já existentes, durante o mandato.
Foi
também pena que os bancos, todos sem exceção, não quiseram oferecer a Macapá
pequenas obras que ao final, removessem da cidade uma nódoa feia e ridícula: filas
desnecessárias.
Lamentável que tenham pendurado tiras, caixas e
esferas vermelho e verde sobre as ruas e árvores do centro de Macapá, como se
fossem enfeites natalinos, e como se a cidade fosse apenas o centro.
Felizmente, por outro lado, Macapá pôde receber
sobre suas ruas e dentro da sua história, os índios amapaenses e os” sem-terra” brasileiros dos assentamentos da reforma agrária
no estado. Independente do protesto de uns e dos pretextos de outros Macapá
foi, por assim dizer, o “fórum” dos
povos brasileiros, até porque se deu também ao CERPAFOLIA com seus milhares de
foliões pisoteando com graça um bom pedaço do seu endereço mais turístico: a orla
do maior e mais belo rio do mundo.
E quantas outras novas pessoas chegaram a Macapá em
busca da sobrevivência.! Das que chegaram, quantas foram recusadas pela cidade?
Se delas ficou apenas uma, então parabéns Macapá, mais um brasileiro é seu
devedor.
Ah Macapá, quantas poesias lhe fizeram, crônicas,
trovas, músicas. Nada disso lhe fariam se não merecesse e se não precisasse de
tudo isso para compensar um pouco a dor tão grande que a morte do Sacaca, filho
muito ilustre, lhe impôs.
Aliás, lamentável deste ano em diante o Rei Sacaca não chegue à sua mesa para cortar o
bolo, depois de tantos anos cumprindo esta rotina. Também lamento que complete
seus 242 anos sem que outro Rei Momo haja eleito, coroado e empossado para se
fotografar ao seu lado, tendo às mãos as chaves das suas portas generosas.
Acho que você tem saudades do teu Sacaca, vezes por
vezes ele disse, ruas a fora, sorriso a sorriso: “eu não presto mas eu te amo”.
Mas também acho que o Sacaca tem saudades de você, porque além de lhe amar,
prestava muito.

Hoje, neste fevereiro de 2000 estarei por aí
espocando um foguetinho aqui, um rojãosinho ali, tomando uma cervejinha na
esquina, um caldo de carne na barraca Tucuju, cumprimentando os pioneiros como
se fossem você, tudo, mas tudo mesmo para me juntar aos que vão lhe prestar as
melhores e mais justas homenagens.
Ao invés de abraçar, inclino-me diante você Macapá.
03/02/00.
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