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quarta-feira, setembro 07, 2016

MUSAS OU MUSOS ? ? ?

Não há exclusividade alguma em escrever croniquetas como venho fazendo quase diariamente, quem o desejar também o fará, mas escrever para valer ou o que venha a valer não é simples e não para qualquer um. É preciso liberdade para fazê-lo, além do gosto e de um pequeno saber, constatação esta que me veio dias atrás quando pensava uma crônica sobre auto postagens de “musas” diariamente no face book.
Fez-me disso constatar o poeta Osmar Junior em uma de suas Cartas Indignas, onde dizia do seu embate atual entre a criação poética e o relacionamento conjugal – as musas da sua poesia e de seu cancioneiro colocavam contra si a esposa. Ele falando dela e ela entendo tratar-se da outra.
Ao poeta quanto ao amante tanto vale a musa quanto a mais bela princesa do mundo, simplesmente louvam suas criaturas com os nomes que escolhem a cada uma, em nada importando quanto de realidade haja nisso. Sonham e vão compondo suas Teresa, Ana, Maria, Clemens, Sonia, Dalva, Marilda, Augusta...enchem livros, começam e não terminam romances, fazem versos, poemas inteiros, e sequer estão falando de personagens de carne e ossos. São suas musas, pertencem-lhes e pronto.  
Sempre assim, inegável que as mais belas musas foram apenas inventadas pelos versos dos grandes poetas apaixonados, enamorados!  Tanto a um, poeta, quanto a outro, enamorado, é bastante, então, que pensem e creiam na formosura de suas musas, que se acreditem participar de seus pensamentos, que são procurados por elas na solidão de suas noites.  É o quanto basta, aos que criam suas musas segundo suas fantasias e desejos e as fazem as mais belas princesas do mundo ,,,,, nada importa o que pensem a respeito.
Na atualidade desses nossos dias nos vemos, quase todos, diante do face book, a todo instante, focados em caras e bocas e poses de muitas mulheres – várias delas nossas musas do passado - pedindo um comentário elogioso, que só lhes chega por outras mulheres – com as exceções obrigatórias. De uma para outra se vê em profusão as expressões de sempre: linda! Lindona! Arrasou! Poderosooosa! 
Por que, nem o marido nem nós outros postamos lá e para elas o que vai à cabeça? Aí está porque também me alinho aos que advogam que não há liberdade total onde chafurdar os escritores, como alertou Osmar Junior em suas Cartas Indignas. Como trazer o passado ao presente sem causar constrangimentos às que são hoje esposas, ainda namoradas, outra vez amantes, e que ontem foram nossas musas de versos e fantasias?
Caro Osmar Junior, no distante século XVII um grande poeta disse em defesa dos poetas todos: “Meus erros foram erros de amor, portanto, não toques minhas feridas que já são por elas mesmas doloridas demais; meus erros foram somente os teus”.

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