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segunda-feira, julho 11, 2011

CRISTOVÃO: O GIGANTE DO SERTÃO

SEBASTIÃO CRISTOVÃO – GIGANTE DO SERTÃO.
César Bernardo de Souza - julho/2011


Esse rapaz existe, mora em algum lugar do estado de Alagoas, dia desses a televisão exibiu uma reportagem sobre sua história de vida. Esse rapaz de 21 anos e 2,37 metros de altura deseja estudar medicina veterinária para cuidar melhor dos cães de rua. Quer vê-los livres, mas saudáveis.

Na extensão do que assistia quis fazer um paralelo existencial entre o ser humano e o animal, segundo maior ou menor necessidade que um e outro tem de confiar no meio e no ambiente em que vive.

Inicialmente humanos e animais se equivalem quando nunca escolhem nascer. Nasceram da liberdade ou casualidade dos pais, sem consulta.

Daí em diante é só diferença, não se equivalem aos cuidados que vão receber de terceiros – pai e mãe especialmente.

Os animais dependerão muito mais do instinto, não podem escolher ou pedir cuidados de ninguém. Seguirá cada qual a lei procriativa, da evolução natural. Os animais em geral, especialmente os não urbanos, enfrentarão a natureza com sucessos e fracassos, sobrevivendo ou indo à extinção.

O humano recém-nascido deixado à própria sorte não sobrevive, em o conseguindo terá hábitos animais apesar da genética. Há registros de casos assim, não de Rômulo e Remo em Roma, mas na India, de Amala e Kamala criadas por loba.  

A criança nasce, portanto, da relação de dependência que se estabelece com a mãe antes mesmo de vir à luz. Logo, a confiança é o primeiro grande passo a ser dado na estrada de confiança que se estende desde o inicio até o fim da vida. Boa e sadia infância e juventude depende essencialmente do como e em quem confiar, regra de sobrevivência que requer bons pais e ambiente de convivência. Nesses períodos da vida humana não pode haver quebra da confiança de que necessitam (e se nutrem) as crianças, em havendo essas perderão liberdade, instinto, amadurecimento.

Mas isso não é coisa só de criança, confiança é do que depende os humanos vida a fora, dia após dia, hora após hora. Depende-se de terceiros para tudo na vida, em muitos casos esses terceiros significando milhares de pessoas articuladas para materializar a cadeia alimentar, habitacional, educacional, religiosa, trabalhista, de locomoção, saúde, segurança, etc. (“nenhum homem é uma ilha”).

Pode ser essa a extensão da história de vida do “gigante do sertão”, vez que Cristovão não escolheu nascer, foi abandonado pelos pais biológicos, depois pela mãe adotiva quando já tinha 13 anos, a seguir adotado pela enfermeira que o cuidou e agora é a mãe que lhe incute a necessária confiança para sobreviver e sonhar cuidar dos cães de rua, que também não escolheram nascer.      


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