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segunda-feira, janeiro 07, 2013

NÃO É TÃO DIFICIL.


c-bernardo2012@bol.com.br
Casa que falta pão todos brigam, ninguém tem razão. Mais ou menos isso está se dando no Amapá, por falta de farinha de mandioca no mercado. O governador Camilo Capiberibe disse a esse propósito que o Amapá estaria recorrendo a variedade de curtíssimo ciclo, 6 (seis) meses,como primeira solução. É um contraponto à literatura técnica disponível que mantém na classificação as variedades, precoce (ciclo de 10 a 14 meses); semiprecoce (ciclo 14ª 16 meses) e tardio (mais de 18 meses).
Ontem, na Radio 101, jornalistas debatiam o assunto à luz de toneladas de farinha anunciadas pela Secretaria de Desenvolvimento Rural. Uma espécie de “agora vai”, independente da complexidade do assunto.
Grosso modo, o Amapá tem ótimo potencial para a produção de mandioca: boa oferta de solos areno-argilosos; precipitação pluviométrica satisfatória; luz solar incidente; bons intervalos de temperatura anual; mão de obra ainda disponível; etc.
Contudo, ainda se trabalha no Amapá com produtividade inferior a 12 toneladas por hectare, quando o Brasil lida com números superiores a 27 toneladas por hectare, já conhece produtividade superior a 50 toneladas por hectare e, quer chegar, já, a 80 toneladas por hectare.
No geral (grosso modo) os passos para se atingir essas metas são relativamente simples: boas variedades, preparo de solo, época de plantio adequada, espaçamento entre plantas no hectare.
O que se quer é chegar a 5 kg de raiz por planta, 70 centímetros entre plantas, 90 centímetros entre linhas e, 16 mil covas/plantas por hectare. Isso o Amapá também pode ousar.
Mas não com a simplicidade com que os gestores expõem o assunto. Cultivo de mandioca e imagem de agricultores empobrecidos tem sugerido simplicidade demais, descuidado demais para com a “industria” da mandioca no Amapá. É preciso cercar essa importante atividade agroeconômica com bem mais cuidados técnicos, na verdade fatores de produção que se referem minimamente a: preparo de solos, ramos/semente para o plantio, espaçamento, variedades adequadas, competição com pragas, doenças e ervas daninhas. E até, poda.
Paralelamente tem-se que ir além para de fato atribuir a devida importância ao uso de maquinas, credito direto ao agricultor, criação do banco estadual de germoplasma (com  certificação de ramos), criação de um programa estadual de adubação, etc.
O sistema de produção da mandioca reclama muita atenção para a relação mandioca/farinha, que anda ao redor de 30% (mil kg/mandioca para 300 kg/farinha), impondo-se maior aproveitamento econômico de todos os outros subprodutos da mandioca. Isso é essencial para aumentar a relação custo/beneficio a favor do produtor.
Pesquisas mostram que o consumo médio de farinha no Amapá se estabiliza ao redor de 32 kg por habitante por ano. Parece pouco, mas a partir desse numero é possível estabelecer uma boa política de produção de mandioca para todo o Amapá. É disponível no estado ótimo contingente técnico, competente e suficiente para projetar o estado numa realidade menos dura: não produzir farinha suficiente.        

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