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Casa
que falta pão todos brigam, ninguém tem razão. Mais ou menos isso está se dando
no Amapá, por falta de farinha de mandioca no mercado. O governador Camilo
Capiberibe disse a esse propósito que o Amapá estaria recorrendo a variedade de
curtíssimo ciclo, 6 (seis) meses,como primeira solução. É um contraponto à
literatura técnica disponível que mantém na classificação as variedades,
precoce (ciclo de 10 a 14 meses); semiprecoce (ciclo 14ª 16 meses) e tardio
(mais de 18 meses).
Ontem,
na Radio 101, jornalistas debatiam o assunto à luz de toneladas de farinha
anunciadas pela Secretaria de Desenvolvimento Rural. Uma espécie de “agora vai”,
independente da complexidade do assunto.
Grosso
modo, o Amapá tem ótimo potencial para a produção de mandioca: boa oferta de
solos areno-argilosos; precipitação pluviométrica satisfatória; luz solar
incidente; bons intervalos de temperatura anual; mão de obra ainda disponível;
etc.
Contudo,
ainda se trabalha no Amapá com produtividade inferior a 12 toneladas por
hectare, quando o Brasil lida com números superiores a 27 toneladas por hectare,
já conhece produtividade superior a 50 toneladas por hectare e, quer chegar,
já, a 80 toneladas por hectare.
No
geral (grosso modo) os passos para se atingir essas metas são relativamente
simples: boas variedades, preparo de solo, época de plantio adequada,
espaçamento entre plantas no hectare.
O
que se quer é chegar a 5 kg de raiz por planta, 70 centímetros entre plantas,
90 centímetros entre linhas e, 16 mil covas/plantas por hectare. Isso o Amapá também
pode ousar.
Mas
não com a simplicidade com que os gestores expõem o assunto. Cultivo de
mandioca e imagem de agricultores empobrecidos tem sugerido simplicidade
demais, descuidado demais para com a “industria” da mandioca no Amapá. É preciso
cercar essa importante atividade agroeconômica com bem mais cuidados técnicos,
na verdade fatores de produção que se referem minimamente a: preparo de solos,
ramos/semente para o plantio, espaçamento, variedades adequadas, competição com
pragas, doenças e ervas daninhas. E até, poda.
Paralelamente
tem-se que ir além para de fato atribuir a devida importância ao uso de
maquinas, credito direto ao agricultor, criação do banco estadual de
germoplasma (com certificação de ramos),
criação de um programa estadual de adubação, etc.
O
sistema de produção da mandioca reclama muita atenção para a relação mandioca/farinha,
que anda ao redor de 30% (mil kg/mandioca para 300 kg/farinha), impondo-se
maior aproveitamento econômico de todos os outros subprodutos da mandioca. Isso
é essencial para aumentar a relação custo/beneficio a favor do produtor.
Pesquisas
mostram que o consumo médio de farinha no Amapá se estabiliza ao redor de 32 kg
por habitante por ano. Parece pouco, mas a partir desse numero é possível estabelecer
uma boa política de produção de mandioca para todo o Amapá. É disponível no
estado ótimo contingente técnico, competente e suficiente para projetar o
estado numa realidade menos dura: não produzir farinha suficiente.
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