Dados
estatísticos são degraus seguros do pódio de onde falar sobre quaisquer assuntos.
Se os tivesse em mãos poderia listar a ranquear os produtos mais consumidos pela
sociedade brasileira na virada do ano 2012/13 – pelo menos os dez mais.
Com
o recurso da margem de erro com três pontos para cima e para baixo me encorajo
a um palpite: peru, chester, pernil de porco, presentes, vinhos, cerveja, champanhe,
refrigerantes, fogos de artifício, viagens, telefonemas.
Alem
disso, não como produto, mas marca do brasileiro ainda há o medo a considerar. Pode
parecer estranho que o diga, mas o medo está no brasileiro como um “produto” de
consumo de primeira necessidade, especialmente em fim de ano.
Aliás,
nem tão estranho assim, pois uma pesquisa recente disse que o maior anseio da
população é a segurança publica. Portanto, esconder-se para denunciar tem
parecido ao brasileiro uma obrigação constitucional, em que pese abrigue-se no
direito a preservação da imagem.
O
que se manifesta e certamente inquieta é mesmo o medo que se tem que ter no caso
de denuncia – qualquer denuncia. A televisão é palco principal dessa
manifestação que já devia ter causado maior indignação na população.
É
diante da televisão que melhor trato tem tido o medo de denunciar, chamam a
isso “cuidado” com o denunciante. Tarja preta, nuvem, escurecimento de
ambiente, deformação de voz e tantos outros recursos técnicos são usados para “proteger”
quem denuncia a violência policial, a professora ou professor, diretor ou
diretora de escola, autoridades, o estado, a igreja, o chefe, o colega de
trabalho, o bandido comum, o segurança da boite, do banco, do supermercado, do shopping...
Na
faz muito que uma estudante bem criança ainda criou um site na rede social
mundial para denunciar carências da sua escola. Foi prontamente reprimida e castigada
por isso.
Seria
esse o clímax que almejamos atingir com a nossa democracia custosamente restabelecida?
Note-se que não estamos falando de delação premiada, nem de falsa denuncia,
calunia, ofensa gratuita.
Toda
vez que vejo uma mascara qualquer protegendo, por exemplo, a imagem de um professor
denunciado atraso ou desvio de salário, o procedimento violento de alunos e
alunas, fico achando que batemos no fundo do poço. Pior impressão causa ver um
médico assim protegido falando de carências hospitalares que interferem no
desempenho de suas funções profissionais. Até para denunciar malandragem de
menor delinquente o adulto se “protege” dessa maneira.
Pode
ser que noventa e nove por cento dos brasileiros não pensem como eu, que
expliquem essa atitude à luz da democracia., pode ser. Mas, duvido um pouco que
compreendam bem esse medo democrático.
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