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Os habitantes de Israel e
da Palestina parecem habituados às batalhas e às bombas, mas isso não importa
nada depois das explosões. Sobram crianças e adultos mortos aos pedaços,
horrorizando o resto mundo com imagens de prédios e até quarteirões inteiros no
chão, e debaixo dos escombros centenas de pessoas, dezenas de cadáveres.
De vez em quando vem desse
palco macabro imagens fantasticamente renovadoras da fé na vida e na perfeição
que é a espécie humana, na medida em que crianças estão sendo resgatadas sob esses
escombros depois de dias sem água e comida e com pouco oxigênio para respirar.
No mais das vezes respirando um ar contaminado pelo processo de decomposição
dos cadáveres em volta.
Dois dias atrás assistimos
pela televisão o resgate de um bebe com poucos meses de vida, uma coisa
emocionante que até faz a gente chorar quando finalmente salva a criança saúda
o mundo chorando como se estivesse saindo da placenta materna.
Acho que o mundo inteiro
se alegrou com isso, e desejou vida longa àquela criança.
Homens duros, marcados
pela guerra, soldados alguns, aparecem no vídeo vasculhando ruínas até mesmo em
busca de alguma fotografia que lhes fique como lembrança material da esposa e
filhos mortos e sepultos sob aquelas montanhas de cimento e aço.
Essa guerra sem fim que
travam Israel e Palestina tem que razoes irrefutáveis, que ponham de um lado e
outro dois povos donos de países transformados em altar por causa da dor, e em
templo por causa da fé no futuro.
Nunca soube nada sobre Israel
ou Palestina, dos seus guerreiros, dos seus gênios, poetas, cientistas,
desportistas, artistas de qualquer arte. Mas, sempre ouvi falar dessas e outras
batalhas cheias de muitas renuncias e sacrifícios que nem sempre triunfam, mas
que ao final purificam.
Olhando o Oriente Médio pelos
olhos dessas guerras, mas com a suavidade do rosto do recém-nascido que
encontrou o resgate depois de dias da tragédia, é possível descobrir na guerra
povos parecidos com o oceano agitado que encanta e afronta e com um lago quieto
que de repente deslumbra e transborda.
Porém, vendo agora aquela
gente posta nas ruas a espera de outros misseis, ou por causa das consequências
de tantos outros que já chegaram ao seu destino, admite-se que pais, filhos,
parentes, amigos, israelense e palestino de alguma forma, pelos longos dias à
frente não podem mesmo pensar em nada concretamente, não terão palavras bem
ordenadas, ficarão vazios de sonhos, aparecerão na televisão para o resto mundo
com o semblante opaco, sem auréola na fronte. Tudo uma pena, um desperdício de
vidas preciosas.
Pode ser que não chegue a
um sequer daqueles irmãos orientais, um par de sapatos, um mísero quilo de
arroz frutos da solidariedade do povo brasileiro apenas porquê a Israel e
Palestina estão plantados onde nos
parece terminar a terra, e o Brasil onde se acredita começar o céu. Tudo isso é
possível, e, pode até não importar nada que o seja. Eles são guerreiros, as
crianças são treinadas para a guerra, se acostumaram com a guerra e por isso,
continuarão a guerra.
Mas, palestinos e
israelenses saibam que os brasileiros conhecem bem o peso das tragédias humanas
sociais e econômicas que se abatem sobre eles por causa de intolerância
histórica entre si.
Contudo, temos solidariedade,
fé no futuro, braços para o abraço e um
desejo incontido de que encontrem a paz,
conforto espiritual e consigam recapturar a alma de sob tantos
escombros.
Outra vez aparece a
sensibilidade poética de Fernando Pessoa: “...Tudo vale a pena se a alma não é
pequena. Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor...”.
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