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quarta-feira, abril 22, 2020

É BOM ESCREVER?

Abril/2020 - Cesar Bernardo
 O que mais doeria a um escritor do que admitir que escreve para imitar os que escrevem, escreve para que os amigos descubram que leva jeito e que tem uma maneira própria de contar seus casos.
Escreve porque intui algo que pode ser arte e do quanto me torna visível um livro publicado de minha autoria. Porque o conteúdo dos meus livros pode oportunizar uma vida melhor se acaso fiz boa escolha temática.
Ainda que se leia pouco, o livro ainda que na estante dá status, até impõe respeito. Ora, o livro por mais que desprezado e fechado sempre será útil ao escritor autor, especialmente se o escreve por escrever.
É, pois, que, escrevo para os que me leem, para os que se aprazem com a noticia de que publiquei mais uma “obra”, para gaudio do amigo que sequer vai a festa de lançamento, mas pede galantemente que lhe reserve o seu exemplar. Também escrevo para o amigo do peito, com o qual deverei gastar bastante para lhe fazer chegar às mãos um exemplar, talvez mais alguns outros anteriores, com palavras bem escolhidas da dedicatória, envelope caro e muitos selos no pacote postal o mais rapidamente possível enviado.
De um amigo assim posso esperar alguma dedicação ao ponto de ler trechos do meu livro para demonstrar apreço quando os falarmos. Poderá, quem sabe, falar de mim e do livro se dispuser de espaço publicitário. Um ou outro desses bons amigos, sempre cultos, poderá comparar meu livro ao de algum grande escritor, é para ele que escrevo.  
Quanto a mim, escritor, mantenho-me crédulo nesse ou naquele Ministro, Secretário de Cultura ou de Educação, uma celebridade, na namorada oculta, como tendo lido um dos meus livros. São famosos e podem me tornar famoso também.
De mais a mais, como agora, escrevo para não deixar que se torne vadio o meu gosto, jeito e prazer de escrever.   

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