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domingo, abril 19, 2015

CORRUPÇÃO ZERO


CORRUPÇÃO ZERO?
 
Depois de amanhã, 21, através ADPF, a Policia Federal deverá conceder a outrem a sua mais alta distinção: a Medalha do Mérito Tiradentes – há muita expectativa nisso, mas pouca atenção das ruas para a lista de homenageados.
Não diria que hoje a comenda vale mais que ontem, mas o quadro nacional está a exigir que o ato e a comenda sejam, um criterioso outra um prêmio. A Policia Federal tem quadros e meios para concede-la sem receios de cassa-la amanhã.
Quem vai recebe-la sabe hoje que a escolha do seu nome é uma decisão da Policia Federal pouco ou nada influenciada pela televisão, por exemplo. E tem a certeza de que está levando para casa uma distinção duradoura, antes porque a PF é bem outra, ao deixar para trás a ridícula busca por holofotes midiáticos e a desnecessária exposição de pessoas a riscos de danos, morais e materiais, à imagem de investigados, e posteriormente inocentados pela Justiça, e depois porque o povo conhece um pouco melhor o “valor” da corrupção.
Se nessa lista não houver nomes de pessoas que ocupam o escalão superior do governo central, não terá sido por falta de avisos. Lá atrás, em 2003, o lendário Delegado Geral da Policia Federal Paulo Lacerda, no discurso de posse, “avisou” aos seus colegas policiais e ao governo em geral: “... sei que na maioria honesta de policiais federais reside uma certa quantidade que costuma omitir ao perceber eventualmente a desonestidade de algum colega. é a intolerável omissão gerada pelo corporativismo, fazendo com que o transgressor se anime a novos delitos, porque muitas vezes terá no colega o testemunho de que nada viu de errado, servindo de escudo protetor ao policial-bandido. E ..... nesta administração quero alertar a esses policiais que é preciso assumirem, não em parte, mas plenamente, o valor da integridade e da postura ética”.
Só para lembrar: a posse do Dr. Paulo Lacerda ocorreu em dependências do Palácio do Planalto, em cerimônia presidida pelo Ministro da Justiça, mas conduzida pelo próprio Presidente Lula.
Logo a seguir a mesma Policia Federal deflagrou a Operação Sucuri, que resultou na prisão de 22 policiais federais, quatro auditores fiscais da Receita Federal e dois policiais rodoviários federais, em Foz do Iguaçu. Naquele momento as ruas e parte da mídia pediram o “Corrupção Zero” – analogia ao Fome Zero.   
Ainda que com a pirotecnia agregada – a Globo teve importante papel nisso – seguiram-se inúmeras operações policiais de combate à corrupção no país: Anaconda, Gafanhoto, Praga do Egito, Operação Águia, Sucuri 2, Sanguessuga, Carga Pesada e tantas outras; mas o “sistema” não se intimidou. Estava em curso, e não se interrompeu, o Mensalão, o Petrolão, o Receitão e sabe-se lá a quantos mais ãos ainda viremos a conhecer.
Quem tem boa memória lembra que a Policia Federal fez diversas passagens por dentro e ao redor do judiciário, umas na mosca outras nem tanto. Agora é tempo de Lava Jato - mais centrada no juiz que na Policia Federal- nesse momento já na sua quase decima quinta fase de investigação, bem mais cuidadosa para com a integridade geral das pessoas a ela e nela referidas.
O 21 de abril tem muito a ver com a simbologia política nacional, além de muito emblemático para as aspirações políticas naturais de Minas Gerais: Tiradentes criou um referencial para o tamanho dos impostos cobrados ao povo; Juscelino Kubistchek ensinou que o Brasil pode inovar, modificar-se para o desenvolvimento, acolher seus cidadãos; Tancredo Neves consolidou nos brasileiros sentimentos fortes de soberania e cidadania. Portanto, não é demais esperar que a Policia Federal se refira a essa “simbologia” ao distribuir sua comenda nesse abril de 2015.
É improvável, mas se o único homenageado desse ano for o Juiz Federal Sérgio Moro, o “recado” será curto, grosso, oportuno e animador: corrupção zero.  
   
 
 
 

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