Translate

domingo, abril 26, 2015

UMA CARTA DIGNA PARA O SAMUCA.

Osmar junior
Diário do Amapá - Sábado, 25 Abril 2015 13:16

A máquina do tempo ainda não foi inventada, mas já inventaram a máquina fotográfica. O Samuel dizia que as fotografias ruins eram necessárias para o jornalismo, mas eram perturbadoras para os sonhos, pois sempre ocorrem acidentes, assassinatos, enfim...
Para driblar tudo isso seu hum
or era contagiante e melhorava a vida do pessoal da redação. O alvo predileto de sua alegria era o nosso ocupado e concentrado editor Douglas Lima, do qual no meio das tensões de um fechamento de jornal diário conseguia arrancar um sorriso e até uma gargalhada.
Isso sempre me faz refletir sobre as pessoas que dedicam suas vidas ao mau humor.
Ora, a vida já é cheia de fotografias ruins, porque não fotografar a paisagem ao redor, uma árvore, um rio, uma alegria?
Às vezes entro na sala do Luiz Melo, pelo qual tenho especial apreço, e admiro quadros, histórias, objetos e, às vezes, tenho a impressão que mesmo tendo parado de beber ele ainda me guarda uma garrafa de um bom whisky. Falo isso porque quase todo diretor de jornal é tenso, hiperativo e explosivo, e precisa se cercar de arte ou pessoas que a fazem.
O Melo, na verdade, esconde um grande coração. Ele guarda essas pessoas porque um jornal é feito de arte. O Diário do Amapá coleciona essas figuras, como o saudoso Carlos Bezerra, o nosso querido Ulisses Laurindo, Pedro de Paula e, claro, o fotógrafo Samuel Silva fez parte desse coração de mãe.

Olha, amigo, o tempo que você passou com a gente foi um riso, e ainda vamos rir muito de suas filosofias furadas, guardaremos você num sorriso.
Você pregou mais uma ao partir repentinamente, mas pra onde quer que você tenha partido a luz será boa para fotografar; as fotografias são verdades absolutas e as partidas também. E neste abril chuvoso a gente teve que dizer adeus.
Sentiremos saudades, Samuel.
Nota do Blog: Por muitos anos vi o Samuel quase todos os dias, quando ia à redação do Jornal Diário do Amapá à conta dos artigos que diariamente escrevia e publicava. Depois, quando deixei de escrever, passei a “ver” o Samuel todos os dias através das capas geniais que o jornal trazia de sua autoria. Foi um dos melhores e mais produtivos repórteres fotográficos no Amapá. Fotografou muito e (como bom profissional) foi pouco fotografado. Agora, se o jornal quiser, será “eternizado” quando posto definitivamente na galeria dos seus maiores.   
 
 
 
 
 

Nenhum comentário: