O
Instituto do Câncer “Joel Magalhães” fruto do sonho e luta que nasceu
exatamente quando eu tinha 11 anos de idade. Em 1972 entrei num quarto onde
sofria uma senhora de 73 anos vitima de câncer de boca. Ali decidi não ser indiferente
diante de um doente de câncer. Vários doentes passaram por mim ao longo da
minha vida sacerdotal. Alguns marcaram e me empurraram para essa luta.
Entre
eles em 2001 o Joel Magalhães. Em 2004 minha irmã Vera Lucia C. de Souza, e em
2009 a Professora Maria Luiza Bello da Silva e o Diácono Pastor Machado.
Prometi
em 2001 ao meu amigo Joel Magalhães criar uma ONG para cuidar e defender os
doentes de câncer. Porque somente em 2010 decidi formalizar o instituição do
Ijoma? Simples de entender: a consciência do tamanho do problema.
Poderia
em 2003 me aproveitar da amizade com a família Góes e buscar apoio e assim
materializar o projeto. Graças a Deus que não fiz. O tempo de Deus era outro.
Nascemos
dia 21 de abril de 2010. Naquele mês a UNACON já se encontrava sucateada. Ali começamos
a denunciar o descaso do poder publico. Ainda estava no Setentrião o Governador
Waldez Góes. Logo depois assumiu o Governo do Estado o médico Dr. Pedro Paulo,
e o quadro se agravou. O IJOMA continuou denunciando o abandono da UNACON.
Em
2011 assume o comando do Amapá o atual Governador Camilo Capiberibe e a UNACON
continua cada vez mais sucateada. Alguns querem nos acusar de partidarizar a
luta por dias melhores para os nossos doentes. Nos acusam de estarmos a serviço
do grupo da “ harmonia” e que estamos sendo manipulados.
A
QUEM O IJOMA ESTÁ INCOMODANDO? Sim porque não é o Padre Paulo que está
incomodando, não é a paróquia Jesus de Nazaré. Não é o cidadão Paulo Roberto
que está incomodando. Quando me pronuncio publicamente é em nome do Ijoma que o
faço.
Amigos
me procuram afirmando que ouvem pessoas dizendo que sentem ódio, raiva, pena e
tantas outras coisas com relação a minha pessoa e a nossa luta. Que pena! Eles ainda
não perceberam que a luta não é minha, mas de todos. Eles também podem vir a
ter câncer. Espero que eles possam ter condições de buscar tratamento fora de Macapá.
Gostaria
de saber por que essas pessoas alimentam tanto ódio de mim... De que me acusam? O que fiz para ser odiado? O mais
triste é que essas pessoas não me conhecem e nunca fizeram parte da minha vida.
A
QUEM O IJOMA ESTÁ INCOMODANDO? Nunca roubei, nunca fui pedir nada para essas
pessoas. Tenho minha consciência limpa de que nunca pratiquei nenhum mal para
elas ou suas famílias. Muitas nunca sequer cruzaram meu caminho. Não sou
perfeito e nunca afirmei que já estou no céu, porem tenho certeza e que nunca
fiz mal para ninguém. Sempre acreditei que a misericórdia e o perdão devem ser
a arma dos pecadores.
Se
na minha vida não fiz o bem também nunca pratiquei o mal contra o meu semelhante.
Por que tanto ódio, tanta raiva, tanta ofensa? Se estamos fazendo mal para tantas
famílias dilaceradas pelo mau do século que venham a publico dizer que AMAR OS
POBRES É PECADO, QUE DEFENDER OS QUE NÃO TEM CONSCIÊNCIA DOS SEUS DIREITOS É
ATENTAR CONTRA A DEMOCRACIA E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO. POR QUE TANTO ÓDIO
CONTRA NOSSO TRABALHO, POR QUE TANTAS ACUSAÇÕES E CALUNIAS?
Resolvam
a situação da UNACON e o Ijoma deixará de fazer denuncias e criticas contra a inoperância
do poder público.
Respeitem
a minha dor. Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar
de viver. É preciso distinguir os bons dos maus.
Será
que existe tal diferença? Ou será que somos todos andarilhos que vez acerta,
outras erram? Somos todos peregrinos na estrada da vida buscando encontrar um
sentido para o nosso existir. É como se a vida fosse formada sempre por mãos que
atiram pedras causando chagas e outras que limpam os corpos chagados. Corações que
libertam e cruzes que crucificam. Respeitem a minha dor! Então você poderá
entender a minha causa... Compreenderá que eu não fui culpado... Não, ninguém é
culpado do câncer entrar sorrateiramente na sua vida e destruir todos os seus
sonhos. Não me condene. Basta a nossa dor, nossa dor solitária.
Ao
acusar alguém preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu. Não deixe de
acreditar no amor, em Deus, na força da vida. Os dedos das mãos não são iguais.
Ninguém é igual. Há uma força maior que nos move e age em tudo e em todos. Nunca
esqueça: Deus é maior.
Não
desejo para ninguém o que nós passamos. Talvez você não tenha passado pelo vale
do câncer... nós passamos. A dor do outro nunca será a sua dor. Não queira de
forma alguma passar pela dor angustiante do câncer.
Não
peço nada pra você. Não importa se você nunca ajudou um doente de câncer.Você
deve ter seus motivos. Só te peço uma coisa: Respeite o meu sofrimento. Respeite
a minha dor!
Padre Paulo Roberto - Presidente do Ijoma
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