Na
próxima quinta feira,18/04, ocorrerá aqui em Macapá mais uma Audiência Pública,
convocada pelo Deputado Eider Pena. Também a Assembléia Legislativa está muito incomodada
com os resultados do tratamento dispensado aos doentes de câncer na rede de saúde
pública no Amapá.
A
expectativa para essa audiência publica é muito grande, no entanto suas consequências
são totalmente imprevisíveis. Dependerão do nível de interesse da população, da
insuportável tolerância para o lamentável estado de abandono a que está
submetido o subsistema UNACON/SUS/Amapá, e principalmente de mais impunidade.
Terei
participação direta em mais essa Audiência Pública, como representante dos
doentes de câncer no Amapá – sou seu “embaixador”.
Pronunciarei
lá Assembléia Legislativa um novo discurso sobre o tema, dessa vez dando
publicidade à minha desesperança numa necessária e urgente reversão do sistema.
Em mesmo grau vou manifestar minha confiança de que o Poder Legislativo decidiu
encerrar esse triste período de nossa história.
Dessa
vez, terminando a cerimônia, quero deixar lá na tribuna e nos anais da
Assembléia Legislativa toda dor que em mim se impregnou com a descoberta e
tratamento do câncer. Quero, apenas, extrair dos deputados força, muita força
para prosseguir e intensificar, sem desânimos, a luta por mudanças nessa
dolorosa realidade do câncer em todo e qualquer palmo de chão amapaense.
Ainda
hoje me consultei e conversei com o Dr. Benjamim Barbosa, valoroso oncologista
que nos tem assistido a todos. Estamos de acordo que o câncer aqui te apenas
quatro eventuais momentos: diagnostico, cirurgia em alguns casos, quimioterapia
e, radioterapia quando e se possível no estreitíssimo processo TFD (tratamento
fora de domicilio).
O
resto – consultas e exames médicos amiúde, nutricionistas, alimentação e
alimentos especiais, psicólogos, fisioterapeutas, remédios, repouso monitorado
é só para alguns poucos privilegiados por domínio de planos de saúde, posses,
capacidade financeira, amizades ou relacionamentos pessoais importantes, poder político,
etc.
Numa
perspectiva otimista estamos dentro de espectro de probabilidade para 70% de
perdas fatais entre nós, doentes ligados ao subsistema UNACON/SUS/Amapá.
Também
tem peso significativo a ignorância e o preconceito. Relatei ao Dr. Benjamim o
caso de Maria e Maria, mãe e filha - Maria filha lutando ferozmente contra o câncer
de mama, que a tem debilitada.
No
momento da visita que lhe fazíamos (Maria mãe à cabeceira da mesa), Maria caiu
num choro doído e comovedor. Chorando nos disse que precisava de um abraço da mãe,
da presença dela no seu quarto e leito de convalescença. Disse-nos que “mamãe acha
que vai pegar câncer se tocar em mim”.
Triste,
não é mesmo? Varias vezes ouvi depoimento assim... triste! As famílias, as
escolas, as igrejas,os clubes sociais e serviços, a própria Justiça no Amapá estão
muito distantes dessa realidade.
Os
representantes do povo também; em vinte e dois anos de funcionamento da Assembléia
Legislativa no Amapá, só agora, nessa legislatura ousou-se na sua
institucionalidade pronunciar a palavra câncer, discutir câncer, revoltar-se
contra o câncer que segue roendo seriamente a nossa sociedade.
Contudo,
a engrenagem começou a rodar.sinto enorme felicidade em perceber que não há
força o Amapá capaz de pará-la. Não vamos vencer o câncer, bem sei. Mas vamos
enfrentá-lo com dignidade, suportá-lo com dignidade, e mesmo sucumbir a ele com
dignidade. Isso tem nos faltado.
Obs:
A Audiência Publica começará às 9 horas do dia 18/04, será transmitida pela
Radio 99.9 FM e pela televisão legislativa Canal 19.
.....DÊ
ATENÇÃO A ISSO. NUNCA DESISTA DE NOS AJUDAR......
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