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sábado, abril 09, 2016

FAÇA-SE O QUE DIGO.

Para Dany Catunda
Aqui e ali a vida foi ensinando caminhos, especialmente me ensinando o quanto abrir as pernas para a passada segura. Nem pressa nem pachorra...andar para frente, sempre.
E caminhando encontrei pela via virtual a Dany Catunda, pessoa da qual nunca soube alhos e bugalhos. Sobre ela só posso dizer pouco mais, que os canceres meu e dela deram causa a que nos gostássemos um pouco e nos admirássemos bastante.
Quando a “descobri” reconheci no semblante que a fotografia mostrava, uma pessoa bonita, de raro sorriso suave e belo, porém acuada pelo pavor que o câncer a ninguém nega.  
Eu já estava doente e podia contar a ela das experiências que me haviam trazido resultados aliviantes para as tantas situações aflitivas que o câncer e as situações de tratamento trazem, que a uns esmaga a outros estimula a mais lutar. Gostei da Dany, ela pedia ajuda com alegria e confiança contagiantes - a última grande conversa que tivemos colocou entre nós a terrível leucopenia. 
Depois, também virtual, conheci a Dany mãe de corpo inteiro, mais bela mulher ainda. E logo a vi cheia de amizades analógicas, com palavras e atitudes. Desde aí quis dizer-lhe da minha devoção ao deus Hypnos, com toda sua “corte” de irmãos igualmente deuses. Ele, Hypnos, deus da sonolência. Nunca do cansaço. Nunca da fatiga.
Muitas vezes desejei cair em sonolência e após ela, ressurgir nos braços de Hypnos como um grande hipnólogo, capaz de chamar o germe do câncer às falas, manda-lo às favas de sorte a deixar novamente limpo o corpo infectado. Antes que o conseguisse Dany manda dizer que está curada, Deus justo e poderoso se antecipou aos do Olimpo e ao charlatão que desejo ser, mandando às favas o germe canceroso que insistia em profanar seu corpo indefinidamente.
Saiba a Dany que prossigo na escola de Hpnus, já fui além das lições que ensinam sobre a sua família, principal requisito ao acesso à excelente hipnose. São irmãos do deus Hypnos os igualmente deuses Tânato, deus da morte; Éter, deus do céu; Hespérides, deusa da tarde; Filótes, deus da amizade; Geras, deus da velhice; Momo, deus da alegria e do escárnio; Oizus, deus da miséria; Nêmesis, deusa da vingança; Kera, deus do destino do homem em seus momentos finais; e, Moros, deus do quinhão que cada homem receberá em vida. A próxima e última lição diz respeito à esposa Eufrosina e aos filhos, deuses evidentemente, Morfeu – deus dos sonhos bons ou abstratos; Ícelo – deus dos pesadelos; Fântaso – criador das quimeras e devaneios que aparecem nos sonhos e ficam na memória; e Fantasia, única filha – deusa do delírio.       
A partir daí, caríssima Dany, não mais apenas quanto você, vou chegar ao germe do câncer instalado em outras pessoas também bonitas, dando ordens:
-Brilhe três vezes – brilhando estaria ao meu comando.  
-Saia desse corpo, vá para o Himalaia, quanto mais lhe mande acordar mais hibernará. Quando depois de duzentos anos assim hibernado vá a Oizus, Nêmesis, Tânato e pode também buscar Ícelo, desde que neles permaneça para sempre.
Dada essas instruções, que serão ordens, daria o golpe final: et quod dico.    

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