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terça-feira, fevereiro 23, 2016

GHOST: DO OUTRO LADO DO BALCÃO.


c-bernardo2012@bol.com.br

A Tv Globo reprisou hoje o filme “Ghost, do outro lado da vida”; pode ter sido a vigésima reprise nesses breves vinte e seis anos pós lançamento. Eu, mais vagabundo do que cinéfilo assisti pelo menos quinze dessas edições, e com grande proveito dessa vez.
De uns tempos para cá ando pensando em nova vida e nisso só avanço se tiver nova profissão. Então, o filme me ajudou a decidir, serei dos hipnólogos um dos melhores. Demora um pouco pegar a manha, no meu caso ainda mais porque não são totalmente honestas as minhas intenções, apesar de úteis para a coletividade. Contudo, os fatos são favoráveis a que se junte hipnotismo à corrupção que assola o Brasil. Penso também afanar um pouquinho, mas, explico-me.
Com pleno domínio da arte – todo hipnólogo é um artista, usarei meus dons para só me aproximar dos corruptos da Petrobras. Apenas os do alto clero, nada de comandita com os que se medem à razão de até dezena de milhões de reais. Trabalharei com a cúpula: Barusco, Duque, Vacari, Dirceu, Yousseff, Odebrechet e poucos outros. Só um almoço de trabalho com cada um.
Quando mandasse que tomassem o saleiro para adoçar o cafezinho, ao final do nosso encontro, e me visse obedecido faria descer sobre eles a minha justiça - fique claro que nosso almoço de trabalho se daria um a um.
O que, então, me inspirou o Ghost, outra vez reprisado pela Globo quem sabe pela vigésima vez? A cena da transferência bancaria.
Faria o mesmo com cada desses senhores, porém, por hipnose:
-Sr. Barusco transfira para a conta CA2016, 10% do que o senhor auferiu em excesso dos cofres da Petrobrás. Simultaneamente ao comando empurraria para as suas mãos o notebook com a página do respectivo banco suíço já acessada.
Concretizada a operação, discretamente estalaria meus dedos a altura do seu nariz, acordava-o do transe, agradeceria o almoço de alguns milhares de reais, aplicava-lhe uns tapinhas nas costas, pronto - justiça parcial.
Quantos fossem os corruptos com os quais almoçar esse seria o procedimento padrão. Roubo, roubo não seria e sim mais uma maneira civilizada de educar os ladrões do dinheiro público para a solidariedade social.
Sim senhor, a verba transferida por obra da minha arte de tão bem hipnotizar cairia imediatamente na conta de alguns hospitais de câncer desse surrado Brasil. Mas, com a seguinte salvaguarda: os diretores desses hospitais devidamente hipnotizados encaminhariam à minha conta exato 1% da doação – trato é trato, combinado não sai caro.
A parte que decidi fazer caber-me também teve inspiração no filme “Ghost, do outro lado da vida”. Ao ver o defunto voltar a ter nos braços a suave viúva, pensei com meus botões: por que não?              

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