Translate

domingo, fevereiro 21, 2016

PARAR OU CONTINUAR.

c-bernardo2012@bol.com.br

Vi adolescentes hoje animados com a catequese que os levará ao batizado e à primeira comunhão. A Catedral São José estava cheia deles e de seus pais apesar da chuvarada que veio da madrugada – costumamos dizer: “chuva para derrubar urubu do galho”.
O vigário, Pe. Francisco, falou-lhes das inevitáveis preparações para vida, dos medos, das decisões. Sábias palavras, as do vigário, jovem ainda.
Lembrei a saga da águia que chega aos quarenta e tem que se reprogramar para nova vida até os setenta anos. Essa ave prodigiosa se fortalece muito até os trinta e cinco anos, daí até os quarenta se prepara para o grande sacrifício que a renovará totalmente. 
Chegada a hora a águia voa mais para o alto, se aloja numa reentrância da parede de pedra do penhasco e aí bate com o bico até arranca-lo inteiramente – sangra, espera, se recompõe. Com o bico novo, forte, arranca todas as unhas – sangra, espera, se recompõe. Com as unhas novas arranca as penas já ressecadas, pouco eficientes contra o frio e a umidade.
Depois desse doloroso ritual, que dura em média 120 dias, surge a nova águia totalmente preparada para os próximos trinta anos de vida.
Para os cristãos católicos a quaresma é esse período de renovação. O Pe. Francisco falou muito claramente do ritual desses quarenta dias para as crianças catecúmenas – elas entenderam.
Esse período de transformação da águia também chega para a maioria de nós, frequentemente também depois dos quarenta anos.
Chegou para mim à altura dos 59 anos – desafiadores: 18 dias “arrancando o bico” no leito hospitalar, 180 dias “arrancando as unhas” numa sala hermética de quimioterapia, 4 anos “trocando as penas” entre exames médicos, internações, cirurgias, médicos, remédios. Outros cinco anos tenho para vencer até que, ao fim, veja-me renovado.
Eis o “livro” da vida para as águias, para os cristãos e não cristãos, para os enfermos: viver – renovar – viver.
Simples assim!


Nenhum comentário: