Não
sou propriamente um frustrado na vida – talvez mais desonesto comigo mesmo que
frustrado. Mas, confesso, quis ser um deputado federal (estadual ainda dá
tempo).
A
tribuna parlamentar na Câmara dos Deputados me abriria portas deixando ao alcance
das mãos objetivos e metas. Veja só, “inadvertidamente” troco a palavra sonhos
por objetivos e metas.
Portanto,
retifico: sonhei ser deputado federal para realizar sonhos., pronto, aí está o
meu ultimo segredo. E creiam nunca o salário de deputado federal foi o maior
dos meus sonhos. O complemento salarial, sim!
Modéstia
ou desonestidade da minha parte? Sim: ganho bem menos. Não: um deputado não ganha
tanto assim.
Nos
dias de hoje o salário está em exatos R$16.512,09., convenhamos, tem jogador do
Figueirense ganhando mais. Por outro lado – não estou retificando – a Câmara
dos Deputados já votou um aumento de 62% para 2013. Embora ainda distante o
deputado federal chegará a R$26.700,00.

A
partir daí – com muito respeito ao meu eleitor – o salário também é dos meus
sonhos, pois deriva dele toda a condição financeira para a realização dos meus
sonhos prolíficos: carrões, casa na praia (nada de campo cheio de carrapatos,
mosquitos, coachares de sapos e pererecas, galos cantando fora de hora, vacas
no cio desrespeitando a lei do silencio...), viagens pelo primeiro mundo,
filhos e netos estudando em escolas de primeira no primeiro mundo, cartão de
credito corporativo,,, essas coisas pagas pelo contribuinte.
Mas
pera aí, não sonhei ser deputado federal atraído por esses supérfluos. É bom
saber que o deputado estadual também tem vantagens suficientes. Na verdade eu
tinha projetos para a nação, um deles subir à Tribuna e discursar de dedo em
riste apontando para a direita quando quisesse referir o Palácio do Planalto e
seu ocupante, ou para trás, com o dedão, quando me referisse a ministros
importantes.
Pelo
tanto de tanta obsessão embalando o sonho de ser deputado fui várias vezes à Câmara
escolher uma bancada, me sentaria estrategicamente onde as câmeras de televisão
focam os grandes deputados, teria que ser-lhes um meticuloso papagaio de pirata.
Imagino-me
deputado nesse momento em que governo
está anunciando R$670,95 para o próximo salário mínimo, repetindo, repetindo e repetindo
pesaroso que isso vai causar um impacto da folha de pessoal de 8 bilhões e 900
milhões de reais. Já teria repreendido a presidenta e ao ministro do tesouro
ensinando-lhes nos seguintes termos (eu na tribuna de bótom na lapela):
“Presidenta
Dilma e Ministro Mantega quero lembrar vossas excelências que não se gasta salário
mínimo no exterior, fica tudo aqui mesmo. Não estão isentos dos impostos os consumidores
minimamente assalariados”.
(uma
goladinha no copo d’água)
“Portanto
(olhando fixamente na câmera) o que se dará com uma mão se recolherá com a
outra. O pouco que sobrar desse salário o trabalhador transferirá diretamente
ao locatário, à igreja e ao agiota”.
Feito
esse discurso, dado essa aulinha mandaria minha assessoria transformá-lo em livreto
para distribuição aos eleitores via endereçamento postal da Câmara dos
Deputados – você já recebeu um desses.
Entraria
de recesso e voaria ao encontro da família.... no exterior.
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