quarta-feira, 13 de julho de 2011
Por Nilson Montoril
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São Tiago Maior, Apóstolo de Cristo |
Entre
os apóstolos de Jesus Cristo houve dois que tinham o nome Tiago.
Enquanto não acompanharam o Divino Mestre eles levavam a vida sem
grandes pretensões e eram identificados conforme o costume da época, que
incluía o nome do pai depois do prenome. Eram eles: Tiago, filho de
Zebedeu e Tiago, filho de Alpheu. Tiago, filho de Zebedeu, compunha com
Simão, André e João um grupo de pescadores que diariamente se aventurava
nas águas do mar da Galiléia. Tiago, filho de Alpheu desenvolvia
atividades voltadas para causas religiosas e comunitárias. Era primo de
Jesus Cristo e irmão de Judas Tadeu. O Tiago filho de Zebedeu era irmão
João, o evangelista, que também compôs o clã de discípulos do Salvador.
Para estabelecer distinção entre os dois, Jesus chamava o primeiro de
Tiago Maior e o segundo de Tiago Menor. Tiago Maior destacou-se entre
seus pares por sua desmedida coragem e personalidade forte, Era
enérgico, firme, zeloso e impetuoso em suas atitudes. Era mais velho e
mais alto que o outro. Tiago Maior e seu irmão João eram tão
intempestivos que Jesus os chamava de Boanerges, ou seja, os “Filhos do
Trovão”. Isso aconteceu depois que os Samaritanos se negaram a acolher
Jesus e os seus discípulos. Naquele momento Tiago Maior perguntou ao
Mestre se não era oportuno invocar fogo do céu para que consumisse os
Samaritanos. Certa feita pediu a Jesus para ser colocado a seu lado para
mandar no reino dos Céus. Essa pretensão lhe valeu o apelido de
ambicioso. Entretanto, foi um dos apóstolos mais íntimos de Jesus, que
normalmente se fazia acompanhar por três de seus seguidores. Por ocasião
da transfiguração do Divino Mestre, por exemplo, estavam com ele: João,
Pedro e Tiago Maior. Após a morte de Jesus e principalmente depois de
Pentecostes, Tiago Maior foi difundir os ensinamentos de Cristo na
Judéia e em Samaria. Sabendo que suas atividades não eram simpáticas ao
rei Herodes Agripa I, Tiago saiu em direção à Península Ibérica, região
da Galícia. Não foi bem sucedido e só obteve nove seguidores. Decidiu
voltar a Cesaréia acompanhado por sete de seus discípulos, deixando dois
para sequenciarem os trabalhos então iniciados. Corria o ano 42 da era
cristã quando Tiago foi preso por ordem de Herodes Agripa I. No dia 25
de julho do ano 44, depois de ter ficado dois anos na prisão, o rei
mandou cortar a cabeça de Tiago e lançar seus restos mortais aos cães
bravios e famintos que viviam nos arredores de Cesaréia. Seu corpo só
não foi consumido pelos cães porque Atanásio e Teodoro, ambos discípulos
de Tiago não permitiram.
Com os despojos de Tiago bem condicionados, Atanásio e Teodoro partiram
secretamente de barco para a Espanha, realizando uma penosa viagem que
durou sete dias. Chegaram às costas galegas de Iria Flávia perto da
atual vila de Padrón, onde reinava a rainha Lupa e pediram autorização
para enterrar os restos mortais de Tiago. A solicitação lhes foi
deferida, mas vetado o sepultamento nas terras da rica e influente
rainha. A despeito de ser pagã, Lupa ouviu com atenção os relatos feitos
por Atanásio e Teodora sobre a vida de Tiago. O castelo de Lupa ficava
na vila Luparion a pouca distância de Lidredunnum, onde havia um
cemitério aberto pelos romanos no ano 44 da era cristã. Nesse cemitério
os despojos de Tiago deveriam ser inumados. Como não era conveniente
sepultar o corpo de um homem santo num cemitério pagão, os discípulos de
Tiago Maior o sepultaram secretamente num bosque chamado Lidredón. Com o
passar do tempo, o local que era guardado em segredo caiu no
esquecimento devido à morte dos sabiam da sua localização. As invasões
dos bárbaros, que contribuíram para a queda do Império Romano e forçaram
a retirada da maioria dos ocupantes da região, também motivaram a perda
da referência exata do sepulcro. Em abril ou maio do ano 711, a
Península Ibérica foi invadida por hordas berberes, comandadas por Tarik
Ibn Ziyad, que a ocuparam por força das armas.
Os visigodos refugiaram-se nas regiões montanhosas das Astúrias, onde passaram a organizar o movimento de reconquista. Os mulçumanos mouros eram numerosos, mas desorganizados. Como estavam mais interessados em invadir a França, não se voltaram contra os combatentes estabelecidos nas Astúrias. Em 718, Pelágio, chefe dos visigodos aproveitou a desorganização mulçumana e iniciou o processo de reconquista dos territórios hispânicos. As investidas eram muito bem realizadas e causaram significativas baixas entre os mouros. Em 722, aconteceu a Batalha de Covadonga, ocasião em que, sob o comando de Pelágio, os visigodos obtiveram a primeira grande vitória cristã contra os invasores árabes. Na noite de 25 de julho do ano 813, data do martírio de Tiago em 44 dC, o eremita Pelaio contemplava o céu e observou que uma chuva de estrelas se derramava sobre o mesmo ponto do bosque de Lidredón, proporcionando uma luminosidade intensa. Imediatamente ele comunicou o fato ao bispo de Iria Flávia, Teodomiro, que associou o fenômeno a uma indicação divina e ordenou fossem feitas as escavações no local, encontrando-se uma arca de mármore com as relíquias de Tiago Maior. O ponto onde a urna foi encontrada passou a ser conhecido como Campus Estelae, derivando para mais tarde para Compostela.
Santiago Conquistador Mata Mouros |
Os visigodos refugiaram-se nas regiões montanhosas das Astúrias, onde passaram a organizar o movimento de reconquista. Os mulçumanos mouros eram numerosos, mas desorganizados. Como estavam mais interessados em invadir a França, não se voltaram contra os combatentes estabelecidos nas Astúrias. Em 718, Pelágio, chefe dos visigodos aproveitou a desorganização mulçumana e iniciou o processo de reconquista dos territórios hispânicos. As investidas eram muito bem realizadas e causaram significativas baixas entre os mouros. Em 722, aconteceu a Batalha de Covadonga, ocasião em que, sob o comando de Pelágio, os visigodos obtiveram a primeira grande vitória cristã contra os invasores árabes. Na noite de 25 de julho do ano 813, data do martírio de Tiago em 44 dC, o eremita Pelaio contemplava o céu e observou que uma chuva de estrelas se derramava sobre o mesmo ponto do bosque de Lidredón, proporcionando uma luminosidade intensa. Imediatamente ele comunicou o fato ao bispo de Iria Flávia, Teodomiro, que associou o fenômeno a uma indicação divina e ordenou fossem feitas as escavações no local, encontrando-se uma arca de mármore com as relíquias de Tiago Maior. O ponto onde a urna foi encontrada passou a ser conhecido como Campus Estelae, derivando para mais tarde para Compostela.
O local da importante descoberta passou a ser um centro de
peregrinações. Tiago Maior já havia sido declarado santo pela Igreja
Católica e despontava como uma importante referência do cristianismo da
Península Ibérica. Os mulçumanos costumavam clamar por Alá e por Maomé,
seu profeta quando iam participar das batalhas. Antes da descoberta do
túmulo de Tiago Maior os hispânicos não tinham uma figura que os
unificassem na luta contra os seguidores de Maomé. O nome Tiago deriva
do latim Iacobus, forma como ficou o nome hebraico Jacob, que em
português de diz e escreve Jacó. Na faixa ocidental da Península Ibérica
prevalecia o termo Iaco ou Iago devido a supressão do sufixo latino
bus. Assim, Santo Iago virou Sant’Iago em espanhol. Na língua catalã
tornou-se Jácome, Jaume ou Jaime. Na língua alemã e nos idiomas nórdicos
é Jacob. Em francês Jacques e em inglês é James. Por ocasião da Batalha
de Clavijo, travada por mouros e cristão no dia 23 de maio do ano 844, o
exército espanhol já havia adotado Santiago como patrono e seus
integrantes invocaram o destemido apóstolo de Jesus Cristo como
protetor. Os mouros levavam uma grande vantagem numérica, mas não
estavam imbuídos dos mesmos propósitos religiosos e patrióticos dos
espanhóis. Os mulçumanos eram comandados pelo Califa Abderraman II. Os
espanhóis tinham como líder Ramiro I, rei de Leon. O embate aconteceu
numa região situada a 17 km da cidade de Logroño próximo a aldeia de
Clavijo. No de decorrer dessa batalha que surgiu no meio das fileiras
cristãs um personagem que trajava túnica, montava um veloz cavalo
branco, levava na mão esquerda um estandarte com a Cruz de Cristo e na
mão direita uma espada com a qual decapitava com extrema facilidade os
inimigos. A luminosidade que envolvia o cavaleiro e sua montaria fazia
os mouros fugirem apavorados, sendo facilmente passados a fio de espada.
Ao final da pugna que indicou a vitória dos cristãos, o extraordinário
cavaleiro não foi encontrado. Nos demais combates, os espanhóis já
possuíam a Ordem dos Cavaleiros de Santiago da Espada e iniciavam as
refegas com a expressão “Santiago y Cierre Espana” ou seja Santiago e
tranca Espanha. A invocação inicial era dirigida a Santiago Matamoros ou
Matamouros.
Os
lusitanos também se valeram da fé inspirada em Santiago Matamoros para
combaterem os árabes. Também declararam o santo como patrono de seus
exércitos e criaram uma ordem militar similar a que existia na Espanha.
Quando ocuparam a região do atual Marrocos, foram estimulados pelo Sumo
Pontífice para combaterem com denodo os inimigos do cristianismo. Essa é
a razão da devoção que os portugueses têm por Santiago ou São Tiago.
Não são apenas os católicos que festejam Santiago.
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