segunda-feira,
2 de agosto de 2010

- Nome: Zé Ninguém.
- Idade: 25 anos de carreira e correrias.
- Profissão: Ladrão.
- Como?
- Ladrão, por quê?
- Isso é uma desfaçatez. Como ousa o senhor admitir
sem mais e nem menos que é ladrão? E ainda quer emprego, diz o burocrata.
- Claro, diz Zé Ninguém. Com emprego, carteira
assinada, vale transporte, vale refeição e mais um mínimo, no mínimo, dá pra
deixar de roubar. O senhor não acha?, diz o ladrão.
- Fora daqui, vocifera o burocrata.
Abatido o ladrão honesto volta à sua vida de roubos
e correrias. No Brasil tudo é difícil, filosofa. Até mesmo ser um velho e
decente ladrão honesto...
Num país em que todo mundo rouba todo mundo, melhor
dizendo, num país onde a maioria rouba e a minoria é roubada, não dá pra ter
esperanças. Aliás, esperança é a primeira coisa que a chamada classe política
nos rouba. Ladrões de todos os naipes roubam a merenda das nossas escolas;
roubam a beleza da Última Flor do Lácio, inculta e bela; roubam nos pesos e
medidas; roubam via internet, via Correios, via caminhões de carga, roubam-nos
nas esquinas e nos semáforos. Roubam-nos até a mulher amada. Roubam tudo e
ainda querem troco. Roubam-nos a vida. A nossa vida, a vida dos nossos filhos e
a dos filhos dos nossos filhos. Roubam tanto, que nem mais sabem o quanto
e o que roubam. São tantos os milhões que pensam ser seus, e não são...
E ainda dizem que estamos em quinto lugar? Ah! Que
saudades dos tempos em que éramos os primeiros na arte de roubar. Pelo
menos sabíamos o povo que éramos.
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