Algumas
vezes escrevi sobre o Fininho, mas parece que nunca o fiz. Ou ele ou os textos não
despertaram nenhuma curiosidade sobre esse personagem que me encanta. Fininho morreu
há muito tempo, não como quis, mas onde quis: foi encontrado morto girando
pendurado numa paleta do ventilador do teto do saloon onde viveu seus dias de
glória.
Fininho
é do tempo da conquista do velho oeste americano, celebre porque foi um
inveterado fora da lei. O cinema americano o ignorou olimpicamente porque era
um fora da lei do tipo bonzinho: podia matar em duelo, mas não portava armas e nunca
brigou com ninguém; podia atirar em ovelhas no pasto, e conforme o caso no
pastor, mas virou consumidor de churrasco de costeletas de carneiro; podia matar quantos índios
quisesse e, no entanto, foi amante de Lua Partida. Em fim, foi morto porque
trapaceou no carteado.

De
minha parte desconfio que o motivo do desprezo do cinema americano por ele era
bem outro. Naquela época a turma do weastern tinha identidade própria: Jesse –
Jhon – Gringo – Arizona – Texas Kid...... Fininho? De quê: Silva? Souza? Rodrigues? Pantoja?
Sampaio????
Não
tinha nome para cinema, indiscutível. Mas fez história nas terras do Buffalo Bill.
Por exemplo a escala de cortesia que criou no saloon, depois que encontrou suas
pepitas de ouro: pastor um whisky, vaqueiro
dois, condenado à véspera do enforcamento três, professor quatro, jornalista
cinco. Dizem que as investigações revelaram que valorizar mais o jornalista que
o professor foi a motivação do seu castigo de morte. Mas já se disse que não,
vaqueiros o teriam executado pela pessima posição na tabela.
Deixo
para mais adiante, noutra oportunidade falar um pouco mais do Fininho, quem sabe
recontando a história da anta e do elefante de circo.
Por
hora me basta voltar um pouco à razão pela qual a história registrou a tabela
de cortesia como motivadora do seu castigo de morte: cinco doses gratuitas de
whisky para jornalistas.
Ele,
Fininho, teria deixado escrito em seu diário, nas paginas de uma ou duas dessas agendas que
até hoje a “Colt 45” distribui em algumas escolas americanas:
“o
jornalista faz a fama dos outros, ajuda os outros subir na vida, mas ele
mesmo...”
Sábio
ou visionário apesar do nome, pode ser que Fininho tenha vindo ao futuro,
justamente ao Amapá dos séculos passado e atual. Aqui tem muito disso!
Quase
todos os governantes que por aqui passaram souberam “merecer” enaltecimentos de
jornalistas. Bem orientados cuidaram de “agradar” aos mais e melhor
posicionados nas mídias, na imprensa. Fez-se escola.
Mas
escola do péssimo jornalismo, essa que um colega chuta a canela do outro que não se
alinha com o plantão de poder, que vê como perigoso aquele outro colega que
ensaia a busca por ser mais um a dividir a boquinha.
Fininho
– o estudei bastante – era um gozador. Esse tipo de gente desaparece, mas não morre.
Quem sabe não tenha sido ele a instituir por aqui a seguinte tabela para o Boteco do
Poder: blogueirozinho uma gengibirra; blogueiro, tuiteiro e facebooqueiro duas;
radialista semanal três; radialista e repórter diário quatro; jornalista, radialista,
ancora televisivo, tuiteiro, etc, diarista e plantonista cinco doses gratuitas de
gengibirra do Laguinho - padrão marabaixo.
Fininho
– insisto – era um gozador, gente que não morre. Certamente vai mudar a tabela
de prêmios depois do petróleo e dos dois bilhões e oitocentos milhões de reais tomados
a empréstimo do BNDES. Não serão mais pequenas doses de gengibirra.
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