Na década de 1980 o
Jornalista Mário Simas Filho escreveu um texto
emblemático sobre crianças nas ruas: “Chega de matar crianças”, dizia –
“Os brasileiros ficam indignados com as denuncias de corrupção no governo,
aplaudem quando uma autoridade perde o emprego por enriquecimento ilícito e são
capazes de correr ao banco a cada indicio de mudanças econômicas. É
impressionante, porém, como esses brasileiros se calam diante do massacre dos
meninos de rua...”.
Em 1994 o Congresso Nacional instalou a CPI do
Menor, um assunto interessante que mais ainda importou aos que conheciam a
deputada federal Fátima Pelaes, escolhida que foi Relatora da CPI.
Ainda hoje Fátima é
deputada federal pelo Amapá. Escrevi um livro com essa “inspiração”, o Doutor
das Calçadas, que seguirá para a editora assim que juntar todo o dinheiro
necessário para a publicação.
Em 2012 conheci que no
estado do Ceará um tal Conselho de Apoio ao Ministério Público realizava a 4ª
campanha “Não dê esmola à criança em situação de rua”. Francisco Edson Landim
era o nome do Promotor de Justiça líder do movimento. Outra vez achei que em
meu livro cabia mais do assunto.
O Doutor das Calçadas é
ficcionista, começa aqui em Macapá e termina na grande cidade de Belém: uma
criança nascida abandonada em Macapá termina a vida adolescente abandonada e
doente em Belém – em tese, vitima de AIDS.
Até hoje a criança
brasileira perambula por aí exibindo sinais de abandono, inclusive muitas
daquelas que nunca conheceram a pobreza financeira.
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Elas estão aí, como parte da fotografia do Mercado de Peixes |
Regra geral: Criança pedindo esmola é criança fora do
ambiente familiar, convivendo nas ruas e se aproximando mais e mais da
criminalidade e das drogas.
Uma regra especifica: quanto mais as pessoas dão esmolas, mais
crianças se dispõem a pedi-las.
Generalização das regras: Além de ineficaz do ponto de vista social, na medida em que o recebimento das esmolas não resolve o problema que aflige essas crianças, o mais grave são as consequências desse hábito.
Além das regras estão as verdades sobre cada criança solta nas ruas, pequeninas ou robustas pessoas que parecem invisíveis. Não se quer ver ou finge-se não saber que se trata, em maioria, de vitimas de rejeição dos familiares, maus tratos, violência dos parentes e da implacável crueldade de traficantes de drogas, assassinos, ladrões profissionais, exploração policial e até de ONGs que nascem para “protegê-las”- vender miséria infanto juvenil é estrada muito bem pavimentada para se chegar a farta arrecadação de fundos.
Enquanto isso – parte importante do sistema – a sobrevivência vai determinando à maioria que se cometa crimes para obter o dinheiro, usem drogas e se entreguem à bebidas alcoólicas para abrandar a fome, peçam esmolas, no transito façam malabarismo e lavem vidros dos carros, engraxem sapatos, comam sobras dos lixos, vendam balas e doces em todo o canto.
Generalização das regras: Além de ineficaz do ponto de vista social, na medida em que o recebimento das esmolas não resolve o problema que aflige essas crianças, o mais grave são as consequências desse hábito.
Além das regras estão as verdades sobre cada criança solta nas ruas, pequeninas ou robustas pessoas que parecem invisíveis. Não se quer ver ou finge-se não saber que se trata, em maioria, de vitimas de rejeição dos familiares, maus tratos, violência dos parentes e da implacável crueldade de traficantes de drogas, assassinos, ladrões profissionais, exploração policial e até de ONGs que nascem para “protegê-las”- vender miséria infanto juvenil é estrada muito bem pavimentada para se chegar a farta arrecadação de fundos.
Enquanto isso – parte importante do sistema – a sobrevivência vai determinando à maioria que se cometa crimes para obter o dinheiro, usem drogas e se entreguem à bebidas alcoólicas para abrandar a fome, peçam esmolas, no transito façam malabarismo e lavem vidros dos carros, engraxem sapatos, comam sobras dos lixos, vendam balas e doces em todo o canto.
Na outra ponta – parte
importante do sistema – vamos dizendo que precisamos definir políticas
públicas, reduzir distancias entre pobres e ricos, incluir ou envolver as
crianças na resolução dos seus problemas, obter mais conscientização das
pessoas através da mídia, dos artistas e da arte televisiva e cinematográfica.
Hoje fui ao mercado de
peixes e vi a negação de tudo isso na presença de crianças “de colo” pedindo
dinheiro em troca do singelo “trabalho” de vigiar meu carro. Muitas delas lindas
crianças que se confundem hoje com aquelas descritas na ficção do O Doutor das
Calçadas: “são até bonitas, mas muito sujas”.
Um comentário:
A infância é o mais perfeito indicador do desenvolvimento de uma nação. Revela melhor a realidade do que o ritmo de crescimento econômico ou renda per capita. A criança e o elo mais fraco e exposto da cadeia social. Se um país e uma árvore, a criança e um fruto. E esta para o progresso social e econômico como a semente para a plantação. Nenhuma nação conseguiu progredir sem investir na educação, o que significa investir na infância. Por um motivo bem simples: ninguém planta nada se não tiver uma semente.
Nota-se a ausência de cidadania quando uma sociedade gera um menino de rua. Ele é o sintoma mais agudo da crise social. Os pais são pobres e não conseguem garantir a educação dos filhos. Eles vão continuar pobres, já que não arrumam bons empregos. E ai, seus filhos também não terão condições de progredir. Esse círculo vicioso não atinge só os pobres. Revela uma sociedade que fecha oportunidades a todos.
A rua serve para a criança como uma escola preparatória. Do menino marginal, esculpe-se o adulto marginal, talhado diariamente por uma sociedade violenta que lhe nega condições básicas de vida. Por trás de um garoto abandonado existe um adulto abandonado. E o garoto abandonado de hoje é o adulto abandonado de amanhã. Ê um círculo vicioso, onde todos são, em menor ou maior escala, vítimas. São vítimas de uma sociedade que não consegue garantir um mínimo de paz social. Entender a infância marginal significa entender por que um menino vai para a rua e não a escola.
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