Aqui em baixo o povo junta e mistura tudo: governo
e governantes, política e políticos. O braço visível do Partido Socialista dos Trabalhadores
Unificados -PSTU, “organiza” esse “tudo junto e misturado” num linguajar que é
marca do partido – farinha do mesmo saco.
Tem lá sua razão, governantes e políticos são hábeis
discursadores capazes de induzir o povo a acreditar no que dizem. Qualquer duvida
que fique a “imprensa do eco” acaba de transformar em verdade. Outra coisa, no
entanto, é a realidade nua e crua com a qual deve lidar governo e política.
É no imenso universo
desse quadro cotidiano que surgem governantes e políticos muito hábeis,
talentosos mesmo, em transformar fatos em factoides. A expressão “factóides” foi criada pelo escritor Arthur Miller e se exemplifica bem a partir de fatos carregados de imagens: do fato em si, de quem se situa no centro do fato e de quem o narra.
Muitos
exemplos daríamos de fatos e factoides ocorrendo no Brasil, mas seria o mesmo
do mesmo. O Amapá é o nosso “mundo” e nele estão em profusão governantes e políticos
hábeis e ávidos demais em transformar fatos em factoides. Não lhes falta a “imprensa
do eco” para mantê-los devidamente na mídia. Aliás, nem sempre! A necessidade
de bajular normalmente afoga governantes e políticos em pseudofatos – ou seja,
agrega pejoração ao factóide.
Pelo
menos três fatos no Amapá estão dando origem a factoides e carona privilegiada
a políticos e governantes: câncer – petróleo – hospital.
Os
fatos oncológicos se repetem como se a vida por aqui corresse ainda em 2010,
apesar das marcas Unacon e Ijoma., mas predomina na mídia as imagens de
personagens em visita à diretoria do Hospital do Câncer em Barretos e a
transformação disso num factóide: não é realidade a anunciada conexão/cooperação
Barretos-Macapá.
Licitações a realizar-se à Rua
Aquarela do Brasil, nº 75, São Conrado, Rio de Janeiro/RJ.
Movimenta
cidades no Amapá a intensa discussão sobre royalties do petróleo territorial. Já
há decisão de transferi-los integralmente para a educação. Autoridades e políticos
estão gerando agora noticias e imagens de si mesmos e de suas instituições “defendendo”
interesses coletivos sobre um fato que a presidente Dilma Rousseff deu contornos
de realidade em janeiro de 2010, fato que vai a leilão amanhã e depois, 14 e
15/05 sob as regras da 11ª Rodada de Licitações da ANP, ref: item 4.1 do Edital
de Licitações a realizar-se à Rua Aquarela do Brasil, nº 75, São Conrado, Rio
de Janeiro/RJ.
Ora,
dizer que vamos mudar realidades inerentes ao leilão de amanhã, votar leis
municipais já destinando seus royalties, despender tantos esforços de mídia consagrando
figuras centrais e periféricas ao que ainda não ocorreu, não é mais que
factoide.
É
fato que a demanda sufocou e anulou a capacidade de suporte do Hospital de
Pediatria em Macapá, daí aos fatos ali gerados. Contudo, quando o governador
resolve ocupar o centro da imagem e da noticia falando de milhões para a
repaginação do hospital sem dizer das providencias que tomou em favor dos
pacientes ali internados enquanto durar a obra, ele oculta o fato e,
indissociavelmente gera e vai para o centro do factóide.

O
governador viaja amanhã para os Estados Unidos (meia dúzia de secretários o
acompanham), a convite da International Conservation, que o ciceroneará por lá abrindo
portas para negócios com a biodiversidade amapaense.
Mas
a ONG dá no cravo e na ferradura, pois está diz oDr.
Guilherme
Fraga Dutra, diretor do Programa Marinho da Conservação Internacional Brasil, sobre o “nosso”
petróleo:
“O leilão mostra que há falta de planejamento do
governo, visto que muitas áreas não têm dados ambientais detalhados. Parece haver uma desconexão dos
poderes. A ANP oferece os blocos; as empresas compram, e, depois, não conseguem
a licença. E isso é ruim para todos. Do Maranhão ao Amapá, há a maior costa de
manguezais do país. No Maranhão, há um dos maiores bancos de corais do país, o
Parque do Parcel de Manuel Luís, que está próximo de blocos”.
Diz
mais: “Os
maiores riscos estão relacionados com a possibilidade de vazamento de óleo, que
poderia afetar áreas sensíveis e atividades econômicas como a pesca e o
turismo. Outro desafio é criar estruturas de combate ao vazamento numa região
tão isolada. Sempre há a possibilidade de o estudo ambiental concluir que o
projeto é incompatível com a região. Dados secundários não são ruins. Para a
margem equatorial, há poucos dados ambientais como um todo, então será
necessária a coleta de informações pelo empreendedor”.
Como se
fatos e factóides já não houvesse o suficiente para a o comercio de sonhos, diz
o Dr. Paulo César Rosman, professor de Engenharia Costeira da Coppe: “trata-se
de uma das áreas mais críticas, a Bacia da Foz do Amazonas. Em caso de
vazamento, as correntes marinhas predominantes da região vão em direção ao
Norte, levando, assim, o óleo em direção à Venezuela em caso de vazamento. Há risco
de contaminação acidental em outros países. É um fato inédito nos
licenciamentos, o que demandará negociação com os países potencialmente
afetados e definirá uma maior complexidade no processo de licenciamento”.
Pois é,
recentemente alguém da grande mídia nacional explicou a “lógica” do factoide: “se o governador
vai ao Maracanã cobra um pênalti, mas não mostra em que situação estão as obras
no estádio ... é factoide”.
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