O governador do Amapá
considera bom seu governo, mas acha que é a imprensa que o torna ruim. A
imprensa, disse ele, “não consegue ver o que estamos fazendo”. É uma injustiça
- da imprensa ou dele. Mas é caso de fácil solução.
A última reclamação
publica do governador contra a imprensa foi registrada no discurso que fez na
inauguração do Superfácil Beirol. Ouvi o governador dizer, mas não encontro a
reprodução das suas palavras na imprensa escrita. Mais um registro de má
vontade da imprensa em desfavor do governador?
A regra para o político é
– e Camilo não foge a ela – falar publicamente para a imprensa repercutir. (bom
jornalista é o que faz melhor a fama alheia).
Depois que inventaram o
“politicamente correto” diz-se o que quer, e a imprensa livre “explica” o que
era preciso ser dito.
A reclamação de Camilo
lembrou uma das ultimas afirmações do Ministro presidente do Supremo Tribunal
Federal, Joaquim Barbosa, dizendo a estudantes de Brasília que os partidos
brasileiros são "de mentirinha".
A afirmação deu o que
falar principalmente “no âmbito” dos partidos. Já na imprensa a mesma afirmação
foi explicada dessa, daquela e daqueloutra forma. E daí, não Foi o Ministro
presidente do Supremo que a fez? Se não for verdade, não será que mais uma
mentirinha.
Assim sendo, como, aqui no
Amapá, o governador e a imprensa podem chegar a bom termo? Dois caminhos penso
eu podem ser trilhados de ambas as partes: o da verdade ou da mentirinha.
Mas assim: verdade
verdadeira dói; mentira escrachada desacredita e também dói. O que custa ao
governador reunir a “sua” imprensa e se acertar?
“Olha, no meu governo
terminamos ou estamos dando andamento nos seguintes projetos criados e
iniciados no governo passado. Começamos e vamos inaugurar os seguintes projetos
criados e iniciados no meu governo. Proporcionalmente vocês, a “minha”
imprensa, é maioria na mídia. Devem ser jornalistas capazes de fazer contra
ponto à imprensa que anda criando mentirinhas contra o governo, e às vezes
contra o próprio governador”.
Não seria simples? O
problema é que a reclamação do governador tem amplitude grande demais, a saber:
ele tem mesmo uma parte da mídia e da imprensa a favor do seu governo? Qual o
tamanho disso? Por que não há boa defesa das verdades verdadeiras do governo,
levando o governador a se queixar publicamente?
E a imprensa
“oposicionista”, que tamanho tem, por que perturba tanto, quanto de
credibilidade tem na população? Como faz para esconder as verdades do governo?
Que problema essa imprensa oposicionista quer resolver com o governador?
E a população, só enxerga
o que a imprensa oposicionista consegue mostrar? Ou por outra, por que não
consegue acreditar na imprensa situacionista?
O quadro atual no Amapá de
verdades e mentirinhas entre governo e imprensa pode estar refletindo a
“síndrome da eleição mal resolvida”. Em 2010 foi zero vírgula pouca coisa por
cento que separou os candidatos ao governo no primeiro turno: Lucas Barreto
28,93, Camilo 28.68%, e Jorge Amanajás
28,19. No segundo turno, mãos sujas para lá mãos limpas para cá deu Camilo 53.77%
e Lucas 46.23%.
Números são números,
independem de que lado esteja essa ou aquela imprensa, esse o aquele dono de
mídia. Se bem que hoje temos um desassombrado Ministro Presidente do Supremo,
que de repente pode em outra universidade, para outros estudantes afirmar que
“no Brasil há mentirinhas em resultados de eleições”. Só falta essa.