LULA...
UFA!!!
Cesar
Bernardo de Souza
Certamente
ele já sabe, mas é bom reafirmar ao Presidente Lula que a noticia de sua doença
chegou sangrando o coração de cada brasileiro. Causou dor intensa ao país, que
por instantes relembrou a luta e a dor do Vice presidente José Alencar.
A
mim especialmente doeu sobremaneira a noticia de câncer acometendo também a
ele, e amedrontou muito. Um pouco antes dele eu recebi a minha noticia de
câncer. Algo assustador, tão ou mais que a própria doença, talvez mais ainda para
quem tem mais a perder.
Eu
já estava em quimioterapia quando o presidente ainda se preparava para a sua
jornada. Os repórteres das maiores televisões brasileiras se encarregaram de
passar adiante uma estupefação: a “bolsa” que usaria o presidente, depois o
cateter que lhe seria implantado parecendo difícil citar os nomes técnicos: bomba
de infusão e portocath, além da agulha especial nunca citada. Aqui em Macapá eu
já era um dos usuários dessa tecnologia.
Por
causa de famosos como ele e outros menos celebres, porém contemporaneamente doentes como nós, a mídia
não nos deixava tirar a cabeça do câncer. Também não o câncer da cabeça. No meu
caso foram noites incontáveis sem pregar olhos, uma torcida dolorosa para que
depressa chegasse o amanhecer. Medo e dor povoaram essas noites indefinidamente
ao longo dos meses seguintes à cirurgia e seções de quimioterapia. E tinha os
vômitos, a diarreia, a intolerância a perfumes, às vezes até à luz.
Fiquei
com muita pena do presidente quando ouvi que faria seções de cento e vinte e
seis horas continuas de quimioterapia a intervalos de vinte e um dias. As
minhas duravam quarenta e seis horas a cada quinze dias, isso o suficiente para
saber o quanto é necessário se fazer forte para suportar tamanho peso. É aqui
que entra o portocath e a bomba de infusão.
Desejei
essa força para Lula, pedi a Deus por ele quando veio a informação de que
passaria da quimioterapia à radioterapia. Que provação!!!
Colegas
meus de leito hospitalar me fizeram mais conhecedor sobre os horrores da
radioterapia que enfrentavam, buscava neles uma preparação para dias futuros
que proximamente eu devesse vivenciar.
Mas
tudo passa. Hoje a grande noticia nacional é o bem estar do presidente Lula.
Dia de esperança para nós que ainda estamos na “estrada”. O bem de Lula é a esperança
de cura que nos alegra e fortalece, grandemente.
“Habemos
Lula”, dizemos nós do colegiado dos doentes de câncer no Brasil. “Salve Lula,
os que vão morrer o saúdam!” “Deus salve o presidente!”
Isso
mesmo, mais vozes devem saudá-lo nessa reentrada de vida: ele merece.
Mas
também nós. Temos a lhe pedir pelos doentes daqui, onde o câncer não encontra
bons hospitais, bons tratamentos, exames complementares a lhe dar combate. Bons
médicos e paramédicos os temos. E o Ijoma: Instituto do Câncer “Joel
Magalhães”. Ainda bem.
Pode
então o prestigiadíssimo presidente Lula nos apadrinhar. Simples a tarefa:
dizer de viva voz ao Brasil que o Amapá precisa dos brasileiros para pelo menos
tornar aceitável a convivência com o câncer. Aqui sou -eleito– “embaixador do câncer”, por isso
tenho falado em nome dos companheiros e companheiras que desejam se curar. Eu
mesmo decidi que lutaria pela minha vida aqui mesmo em Macapá: importante que
declarássemos guerra ao câncer em favor, igualmente, de todos os doentes daqui
ou aqui.
Tudo
aqui precisa melhorar. Radioterapia não existe, nunca existiu. E tem que
existir.
Estamos
alegres pelo sucesso do colega Lula, mas estamos pedindo que ele se importe um
pouquinho conosco. Ele pode. Ele deve.
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