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sexta-feira, março 30, 2012

OLHA QUE COISA MAIS LINDA


SER ALEGRE OU SER ALEGRE.

Fernanda Fadel
do BOL, em São Paulo

Na manhã desta sexta-feira (30), 15 mulheres em tratamento contra o câncer participaram de um desfile com o objetivo de redescobrir a própria beleza. O evento intitulado “Olha que coisa mais linda” foi realizado no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), uma das unidades do Hospital das Clínicas na capital paulista, e contou com a presença de familiares e amigos das modelos, além de pacientes de outras áreas e funcionários do hospital.
Ao som da famosa canção de Tom Jobim "Garota de Ipanema", as mulheres entraram na passarela usando lenços de seda coloridos e estampados na cabeça, deixando o público do salão com brilho nos olhos. O intuito do desfile é “mostrar o espírito da mulher guerreira”, como definiu a coordenadora de Humanização do local, Maria Helena da Cruz Sponton. “Esta é a primeira edição do evento, mas estamos planejando fazer este desfile anualmente”, contou Maria Helena.
Sônia Salles conta que ficou muito emocionada e feliz de ter participado do desfile "Olha que coisa mais linda" no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo). Paciente há 2 anos, Sônia aconselha as mulheres a se expor e a mostrar a sua beleza, "porque a luta não é fácil".

  Demis Freitas de Deus Lopes, de 33 anos, esteve na plateia do evento para prestigiar a mãe, Maria Luiza de Freitas de Deus, 58, que luta contra o câncer. Bastante emocionada, a filha de Maria contou: “Vê-la desfilando hoje é como se ela tivesse nascido de novo. Pensar que ela quase morreu e hoje está aqui, agora, linda”.
A paciente Sônia Salles, de 42 anos, acredita que as mulheres que estão em tratamento contra o câncer devem se expor para mostrar que estão vivas. Ela afirmou que o evento foi ótimo para mostrar que a beleza feminina permanece o tempo todo na mulher, mesmo com a presença do efeitos da doença no corpo: “Estou muito emocionada e feliz com esta iniciativa do Icesp”, disse a modelo.
As voluntárias do Hospital das Clínicas Ema Di Fiori, 65 e Maria Lúcia Von Zuben, 68, contam que se sentiram privilegiadas por fazer parte do evento. “Desde o começo, as pacientes se animaram com a ideia do desfile, apesar do receio”, diz Maria Lúcia. Ema acredita que esta iniciativa vai inspirar outras atividades de interação com pacientes do Hospital das Clínicas. “Deu pra ver o entusiasmo estampado no rosto delas. A equipe do Icesp está de parabéns”, completou a voluntária.

A luta e a música de uma guerreira
A pianista Maria Inês Martins Vasconcellos, de 64 anos, esteve entre o grupo de pacientes que desfilou na passarela do Instituto. Maria Inês ganhou destaque no Icesp ainda no ano passado, em agosto, quando fez uma apresentação de piano para os pacientes do hospital enquanto seu filho esteva internado para o tratamento do câncer. Meses depois, ela descobriu que também possuía a doença. “A gente se trata junto. Um aprende com o outro e, apesar de tudo, damos muita risada. Nesse momento há duas opções, ser alegre ou ser alegre”, conta a pianista.
Além de desfilar com o lenço enfeitando o cabelo, Maria Inês também tocou piano no evento: “Hoje eu pude homenagear este povo tão querido do hospital com a minha música. É com certeza um dos dias mais felizes da minha vida”. O marido da paciente, Roberto Greco, 61, confirma o satisfação de Maria Inês: “Eu já a vi tocando em grandes apresentações em outros países, mas nunca a vi tão emocionada como hoje”.
Com os cabelos ralos e o tratamento em dia, Maria Inês garante que a insegurança da mulher com câncer quanto às mudanças da beleza é passageira: “É apenas uma fase, o cabelo cresce, a sobrancelha aparece, tudo volta”. O marido diz que o físico é algo que muda com o tempo nas pessoas em qualquer estado de saúde, e ressalta: “Eu fiquei orgulhoso de vê-la desfilando, mas ela é linda sempre”.
As mulheres do evento ganharam os lenços do desfile e participaram de um ensaio com o fotógrafo Ricardo Matsumoto. Cada uma delas levou sua foto favorita.

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