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terça-feira, março 20, 2012

MINHA COLUNA-2

 É TRISTE MESMO.

Acho que me fiz a promessa de não mais dar publicidade a manifestações racistas, sobre isso Bonfim Salgado me lembrou Jorge Amado (Navegação de Cabotagem?), recomendando-me construir meu cemitério e lá colocar pessoas tais. Mas pode ter algum proveito buscar uma maneira positiva de falar de racismo, até mesmo em homenagem ao brilhante negro que foi o Bonfim. Dizia ele: “racismo é ignorância raivosa ou simplesmente ignorância”.
No Brasil racismo é simplesmente ignorância, assim como também o é a discriminação racial. Quando desce do topo da pirâmide é ignorância detestável, se parte da base não é mais que analfabetismo. O Brasil precisa de tempo para ir adiante de si mesmo nessa matéria.
Que o digam os indígenas. Mas também o craque do Vasco - uma das maiores celebridades atuais do futebol - o zagueiro Dedé, recentemente chamado de macaco enquanto trabalhava: "É triste. Não é fácil escutar um babaca chamar a gente de macaco. Fico triste por existirem pessoas assim, mas mantenho a minha cabeça erguida. Tenho orgulho da minha cor e orgulho de ser brasileiro", disse Dedé. "Não vai ser a primeira, nem a última vez, e isso não vai me abalar. Pelo contrário. Isso nos deu mais motivação".
Essa força do Dedé vem de longe, como, a esse respeito, nos mostram os números do primeiro Censo realizado no Brasil, em 1872. Nesse período ainda imperial tínhamos 9.930.478 habitantes, 15,2% dos quais escravos. Naturalmente que não chegou até nós a base conceitual sobre a qual patinou aquele Brasil... ou chegou? Para os racistas possivelmente sim (racismo é ignorância raivosa – disse-nos o Bonfim).
À época Minas Gerais foi a província com maior numero de escravos e também de habitantes, respectivamente 370 mil e 2.039.735; duas vezes e meia a população de São Paulo e, três vezes a do Rio de Janeiro.
Pretos e pardos eram uma maioria folgada de 58%, contra 38,1% de brancos e 3,9% de caboclos, esses, conceitualmente eram índios e mais quem apresentasse traços indígenas. Educação? 0% de escravos na escola, 18% dos brancos na escola, 54% desses estudantes eram meninas. Os homens 51,6%, as mulheres 48,4%, no geral 84,5% da população de analfabetos.
Os brasileiros natos eram 96,2% da população, o restante: africanos, portugueses, alemães, franceses, italianos. Ente tantos 99,7% católicos. A província de Santa Catarina tinha uma população 79% branca e o Rio de Janeiro 35% negra.
As profissões mais importantes: lavradores, serviçais domésticos, costureiras, criados e diaristas, operários, criadores e comerciantes.
Em meio a tudo isso existia 1.403 negros escravos alfabetizados, letrados. Um 0,1% ameaçador ao status quo vergonhoso que teimava desenhar o Brasil do futuro. Entre nós vem daí o racismo que atingiu o zagueiro Dedé ainda ontem. Mas foi daí que emergiu este forte Dedé.        

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