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terça-feira, março 27, 2012

O 7º BILIONÉSIMO CIDADÃO


ESVREVA A SUA.
Cesar Bernardo de Souza

            O escritor Salman Rushdie escreveu uma carta para o cidadão 6.000.000.000º do planeta, essencialmente ele analisou nesta carta o futuro dessa criança que nasceria na Índia, provavelmente. Nasceu na Europa.
Um trecho da carta diz, textualmente: “Querido Seis Bilionésimo Ser Humano. Como mais novo membro de uma espécie notoriamente curiosa, é provável que você não demore muito para começar a fazer as duas perguntas-chave, os dois xix da questão, com as quais os outros 5.999.999.999 de nós temos nos batido por algum tempo: Como viemos parar aqui? E, agora que estamos aqui, como devemos viver?.”
            Daí em diante o escritor fala ao 6º bilionésimo cidadão sobre Deus, sobre as religiões, sobre seus líderes e sobre seus seguidores. Desliza suavemente num raciocínio admirável, mas não surpreendente ao “avisar” ao seu missivista que a história da humanidade foi até agora muito sedutora, apesar dos aurigas e dos avatares que conseguiram transformar a crença em prisão.
            Previne que o missivista tem chance de presenciar o nascimento do nove bilionésimo cidadão do planeta porque, admite-se que “colapsos” dos programas de planejamento familiar nos países mais populosos ocorrerão por conta do subjugo das religiões: “Se gente demais está nascendo como resultado, em parte, das censuras ao controle de natalidade, gente demais também está morrendo porque a cultura religiosa ao se recusar a encarar os fatos da sexualidade humana recusa-se também a lutar contra a disseminação das doenças sexualmente transmissíveis”- diz Rushdie.
            As guerras ditas santas são, para o escritor, as grades da grande prisão que vislumbramos sempre que nos perguntamos como viemos parar aqui. Cético com a obra humana literária, ele diz ao seu missivista para não buscar essa resposta em livros da nossa história.
O imperfeito conhecimento humano, diz ele, talvez seja uma rua esburacada, porém é o único caminho para a sabedoria que vale a pena trilhar.
            E cita Virgilio que, ao acreditar que o apicultor Aristeu era capaz de gerar espontaneamente novas abelhas a partir da carcaça putrefata de uma vaca, estava mais próximo da verdade sobre as origens do que todos os grandes livros do passado. 
Pois bem, essa pessoa a quem Rushdie escreveu a carta nasceu na Bósnia, em Sarajevo, às 0h02 do dia 12 de outubro de 1999. Doze anos passados, dias atrás, dois minutos antes da meia-noite deste domingo, nasceu a menina Danica Mae Camacho, em Manila, nas Filipinas, confirmada pela ONUN como a cidadã 7.000.000.000ª  (7 bilionésima) do planeta. Escreva a ela a sua carta. Publique-a.
 

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