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sexta-feira, novembro 09, 2012

PORTEIRO OU DOMADOR?



 Sinceramente? Estou muito surpreso com os resultados do julgamento do Mensalão, no Supremo Tribunal Federal. Talvez você também o esteja.
Todos esses dias finais do julgamento em que os ministros entraram a calcular o tamanho das sentenças dos réus me pus a relembrar a história do elefante que sumiu do circo com o sol a pino.
Dizia eu em 2005: houve um sujeito desocupado, porém muito inteligente que resolveu praticar uma vingança contra o domador avacalhado com a ordem estabelecida no pequeno circo que fazia temporada prolongada em sua cidade. Resolveu pela falência do circo, mas só depois de desmoralizar toda a troupe.
Assim, planejou sair com o leão, o tigre, o macaco e o elefante do circo pela porta da frente, um de cada vez. Disfarçaria o leão em fanqueiro, o tigre de bengala em gato de estimação, o macaco em mascote de boné. Essa operação, pensava ele, criaria uma espécie de “ilusão” de ótica, em cuja esteira imaginava ser fácil sair com o elefante atrás de si. Assim fez.
Conforme seus planos, sem esses animais o circo não funcionaria, o vigia perderia o emprego, o palhaço se tornaria triste e sem graça, o domador não teria outro oficio, e ele vingador, conseguiria o objetivo de ver o circo pelas costas, consumando assim sua vingança.
Mas era tudo uma grande burrice, pois por mais que conseguisse subtrair aos espetáculos os animais adestrados, não lhe seria possível esconder do vigia do circo um elefante, um tigre, e depois, por tantos dias, alimentar em casa tantos animais vorazes.
Ocorre que a escola da ladroagem ensina que só é real o que se vê. Ele, julgando-se bom ladrão avaliara que o vigia do circo não representava obstáculo aos seus planos, em mesmo tempo que a sua experiência no ramo da malandragem indicava que a população daquela cidade não se afastaria muito da velha e prudente “lei do silencio”.
Assim considerando e sem nenhum medo de punição ele insistiu em sair do circo com o elefante, mesmo com o sol a pino. Foi, como sabia que seria,  interpelado pelo vigia sem muita convicção, por que  puxava pela corda para fora do circo o enorme elefante. Ao que respondeu com muita naturalidade: Elefante? Que elefante?
Pois foi mais ou menos assim, com a tática do “ladrão de elefante”, que a turma do mensalão hoje condenada no STF resolveu responder a interrogatórios no Congresso Nacional, à época.  Ali passaram a impressão de que nenhum deles devia satisfação aos parlamentares das comissões especiais e que podiam sim sair pela porta principal do Congresso puxando uma manada de elefantes ou quantas malas pretas quisessem sem nenhum incomodo.
Tinham a certeza da impunidade - indícios não faltavam.
Primeiro encheram os bolsos, as malas e as cuecas com dinheiro facilmente desviado, depois, “legalizaram” a grana passando-a livremente por bancos. Uma espetacular manipulação de dinheiro público à custa de mensalão, caixa dois, recursos não contabilizados, etc. Tudo sem nenhum cuidado do Banco Central, do Coaf ou do Tribunal de Contas da União. Incrível, né?
Firmes na intenção de desmoralizar o Congresso Nacional a maioria dos membros da turma passou a desfilar arrogância frente a parlamentares interrogadores e câmeras de televisão:
O senhor empresário Marcos Valério já ouviu falar em mensalão, caixa dois, recursos não contabilizados ou coisa que o valha? E as senhoras secretárias Carina e Simone, ? E a senhora, dona Renilda? E o senhor, tesoureiro Delubio? E o senhor secretário-geral Silvinho? E o senhor presidente Genuíno? E vossa excelência ex ministro Zé Dirceu?
Senhores congressistas, senhoras congressistas, homens e mulheres desse país: não vimos nada, não sabemos de nada, não ouvimos nada.
Caixa dois? Que caixa dois? Mensalão? Que mensalão?
Anos depois, só agora em fins de 2012, é que a turma percebeu que o “porteiro do circo” era um tal Dr. Joaquim Barbosa.
Porteiro ou domador?????
  




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