Sinceramente?
Estou muito surpreso com os resultados do julgamento do Mensalão, no Supremo
Tribunal Federal. Talvez você também o esteja.
Todos
esses dias finais do julgamento em que os ministros entraram a calcular o
tamanho das sentenças dos réus me pus a relembrar a história do elefante que
sumiu do circo com o sol a pino.
Dizia
eu em 2005: houve um sujeito desocupado, porém muito inteligente que resolveu praticar
uma vingança contra o domador avacalhado com a ordem estabelecida no pequeno
circo que fazia temporada prolongada em sua cidade. Resolveu pela falência do
circo, mas só depois de desmoralizar toda a troupe.
Assim,
planejou sair com o leão, o tigre, o macaco e o elefante do circo pela porta da
frente, um de cada vez. Disfarçaria o leão em fanqueiro, o tigre de bengala em
gato de estimação, o macaco em mascote de boné. Essa operação, pensava ele,
criaria uma espécie de “ilusão” de ótica, em cuja esteira imaginava ser fácil
sair com o elefante atrás de si. Assim fez.
Conforme
seus planos, sem esses animais o circo não funcionaria, o vigia perderia o
emprego, o palhaço se tornaria triste e sem graça, o domador não teria outro oficio,
e ele vingador, conseguiria o objetivo de ver o circo pelas costas, consumando
assim sua vingança.
Mas
era tudo uma grande burrice, pois por mais que conseguisse subtrair aos
espetáculos os animais adestrados, não lhe seria possível esconder do vigia do
circo um elefante, um tigre, e depois, por tantos dias, alimentar em casa
tantos animais vorazes.
Ocorre
que a escola da ladroagem ensina que só é real o que se vê. Ele, julgando-se bom
ladrão avaliara que o vigia do circo não representava obstáculo aos seus
planos, em mesmo tempo que a sua experiência no ramo da malandragem indicava
que a população daquela cidade não se afastaria muito da velha e prudente “lei
do silencio”.
Assim
considerando e sem nenhum medo de punição ele insistiu em sair do circo com o
elefante, mesmo com o sol a pino. Foi, como sabia que seria, interpelado pelo vigia sem muita convicção, por
que puxava pela corda para fora do circo
o enorme elefante. Ao que respondeu com muita naturalidade: Elefante? Que
elefante?
Pois
foi mais ou menos assim, com a tática do “ladrão de elefante”, que a turma do
mensalão hoje condenada no STF resolveu responder a interrogatórios no Congresso
Nacional, à época. Ali passaram a
impressão de que nenhum deles devia satisfação aos parlamentares das comissões especiais
e que podiam sim sair pela porta principal do Congresso puxando uma manada de
elefantes ou quantas malas pretas quisessem sem nenhum incomodo.
Tinham
a certeza da impunidade - indícios não faltavam.
Primeiro
encheram os bolsos, as malas e as cuecas com dinheiro facilmente desviado, depois,
“legalizaram” a grana passando-a livremente por bancos. Uma espetacular manipulação
de dinheiro público à custa de mensalão, caixa dois, recursos não contabilizados,
etc. Tudo sem nenhum cuidado do Banco Central, do Coaf ou do Tribunal de Contas
da União. Incrível, né?
Firmes
na intenção de desmoralizar o Congresso Nacional a maioria dos membros da turma
passou a desfilar arrogância frente a parlamentares interrogadores e câmeras de
televisão:
O
senhor empresário Marcos Valério já ouviu falar em mensalão, caixa dois,
recursos não contabilizados ou coisa que o valha? E as senhoras secretárias
Carina e Simone, ? E a senhora, dona Renilda? E o senhor, tesoureiro Delubio? E
o senhor secretário-geral Silvinho? E o senhor presidente Genuíno? E vossa
excelência ex ministro Zé Dirceu?
Senhores
congressistas, senhoras congressistas, homens e mulheres desse país: não vimos
nada, não sabemos de nada, não ouvimos nada.
Caixa
dois? Que caixa dois? Mensalão? Que mensalão?
Anos
depois, só agora em fins de 2012, é que a turma percebeu que o “porteiro do
circo” era um tal Dr. Joaquim Barbosa.
Porteiro
ou domador?????
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