A crise
de abastecimento de gasolina e álcool no Amapá não é novidade em lugar algum –
deu na Globo, foi para o mundo. Há, no entanto, o risco de o recado embutido na
crise não chegar, mais uma vez, aos ouvidos e circuitos de decisões das
autoridades do setor. Únicas responsáveis pela crise.
Esses carros estão a pelo menos um quilômetro do posto...
que ainda receberá a gasolina.
Também
não acrescenta nada discorrer aqui, alguém como eu, sobre o imenso prejuízo
financeiro que a “crise da gasolina” está impondo à pequena economia regional.
As tais autoridades do setor certamente sabem avaliar o quadro e sobre ele
aplicar os dados e informações especificas que lhes chegam da área técnica.

Desnecessário
jogar mais luz sobre o já tão esgarçado tecido social amapaense, bem próximo de
rasgaduras por causa da impaciência e impotência Dante da crise. É tanto que
outras autoridades do estado já determinaram proibição de venda desses
combustíveis em vasilhames, ignorando o cenário sócio econômico regional que
tem como moldura o maior rio do mundo e sobre os milhares de pequenas
embarcações integradas ao sistema produtivo local que, de jeito nenhum, pode ir
ao posto em terra encher o tanque. Postos flutuantes? Não tem e se tem também
estão desabastecidos.
Entretanto,
há uma discussão bem maior indissociável
de tudo isso: a ambiental.

O
pressuposto para a solução prolongada desse problema no Amapá está na ampliação
da capacidade de armazenamento de combustíveis.
Base existente ainda é da década de 1950/60, quando os atuais municípios
de Santana, Porto Grande, Ferreira Gomes, Itaubal, Cutias, Pedra Branca e Serra
do Navio eram Macapá. Uma grande Macapá com apenas 29 mil habitantes.
–Ibge/Irda. Essa
imensa Macapá foi crescendo: 55 mil habitantes em 1970; 93 mil em 1980; 154 mil
em 1990; 280 mil em 2000. Mas o terminal de abastecimento sempre o mesmo.
Chegamos agora, Macapá e Santana com mais de 500 mil habitantes com a mesma
capacidade instalada de armazenamento. É
a causa da crise.

É
demorada uma obra de construção de novo terminal, mas terá que começar o quanto
antes. Há bons terrenos, de boa localização e tamanho apropriados para isso?
Pouquíssimos, mas é preciso ganhar tempo sobretudo no balcão da burocracia de
licenciamento ambiental.
E por quê
tanta pressa? Porque o acumulo de balsas petroleiras ancoradas na orla de
Macapá/Santana é bomba que por dá cá aquele acaso pode explodir. Sabemos todos
que não há disponibilidade técnica no Amapá para conter derramamentos ou
controlar incêndio produzidos por milhões de litros de gasolina ou álcool.
Aliás, é
ate um pouco assustador que fiscais das leis ambientais ainda não tenham
ancorado a canoinha ao lado dessas gigantescas bombas, digo, balsas cheias de
pólvora, digo, gasolina e álcool.
Vidas e
biodiversidade agradeceriam essa fiscalização permanente e os cuidados
emergenciais tecnicamente bem tomados... agora... já.
Seriam as
primeiras boas lições da crise.
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