Embora
pareça à maioria da população um período de chateação que atrapalha as novelas
e até mexe com a exibição das lutas sangrentas entre brutamontes –MMA, horário eleitoral
é cultura. Mensalão, também.

A
modalidade de luta a que me refiro se designaria em português por artes marcais
mistas, mas assim não dá “ibope”. Daí que, para mais ibope e correspondente audiência
a televisão vende o esporte como M(mixed) M(martial) A(arts).
Já
disse que gosto do horário eleitoral, ali muitos candidatos conseguem esconder
sua cultura. Em suas “propostas” e ou em suas palavras dá para inferir boa
parte da sua “carga cultural” – genótipo não mapeável (ainda).
Voltando
ao MMA, o seu ringue está sobejamente popularizado., pancada e sangue faz a audiência
e campeões – quanto mais, mais. Novidade? Nos últimos oitocentos anos, não.
Em
1194, “em liça preparada na cidade de Ashby ocorreu um memorável combate entre
gladiadores, mas o povo e muitos nobres e até as damas sofreram decepção ante a
escolha de armas corteses, porque a mesma classe de pessoas que hoje em dia,
nos teatros, quanto mais pungentes são as chamas a que assiste, maiores
aplausos lhes dispensa.
Tomava-se
nesse época, pelos torneios interesse proporcional ao perigo que corriam os combatentes”.
O
que dizermos nós, do povo, sobre o mensalão? Que é cultural- não que historias
afins se repitam tim tim por tim tim. É que lá no século XII, por volta de 1194
essa referencia tem registro, emblemático:

“...Roberto,
Duque da Normandia possuía todos os méritos para governar: bom chefe, intrépido
cavaleiro, generoso para com os amigos e para com a igreja, cruzado e
conquistador do Santo Sepulcro... morreu porque se opunha à vontade do povo que
o queria para rei. Cumpria escolher na família real o príncipe mais apto de
exercer o poder, isso é, aquele cuja escolha melhor possa servir os interesses da
nobreza. João é inferior em qualidades pessoais, mas oferece privilégios,
recompensas, riquezas, imunidades, honras... não pode haver duvida sobre qual
deve ser o rei: a nobreza deve se sustentar nesses interesses”.
Mais,
no século XVI (1549-53) tivemos no Brasil o “governo da boquinha” (Tomé de
Souza). No reinado de D. João (1689-1750) houve o escandaloso caso das compras
superfaturadas de mantas para o Exercito. Em 1565 o governo brasileiro proibiu
o jogo de cartas, mas tomou exclusivamente para si a comercialização de
baralhos. Em 1723 começou a construção dos Arcos da Lapa,que só terminou 102
anos depois.
“A
desconfiança era tanta que o tesouro nacional ficava guardado em uma arca
especial com três fechaduras: uma chave ficava com a Câmara Municipal, outra com
o superior dos jesuítas e outra com o governador. Apesar da estratégia
aparentemente segura, parte do dinheiro foi roubada”.
Quase
nos dias de hoje, embora no século XX (1960) o então governador do Estado da
Guanabara se envolveu com um bicheiro, Barulho – CPI instalada deu em nada.
E
viemos vindo passando por “rouba, mas faz”, “malufismo”, “caçador de marajá”, “mensalão”,
outra vez bicheiro, governadores, CPI e nada.
A
marketeria nacional trabalha outras e essa cultura, com extremo profissionalismo
“prepara” candidatos prontos para consumo. Algo assim como transformar a antiga
briga franca entre brutos em pomposo Mixed Martial Arts.
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