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quinta-feira, abril 26, 2012

Carlos Bezerra 2


LEVANTE E ESCREVA
Dezembro/2002

O colega da página ao lado está muito doente, muito certamente  leitores do Diário do Amapá e ouvintes do Luiz Melo Entrevista já sentiram falta das letras e da voz arrastada do Carlos Bezerra. Ainda ontem ele carimbou uma crônica e assinou em baixo., a grande verdade é que o gigantesco guerreiro está lutando tudo que pode pela vida.
Em abril de 1999 Carlos adoeceu gravemente, a sua ausência prolongada nos meios de comunicação impôs à cidade de Macapá um silêncio doloroso e barulhento, cujo estardalhaço incomodou também Santana e todos os lugares até onde se pode ouvir a Antena 1.
Escrevi a seu respeito: “. . . o vazio marcado pela ausência da sua caneta passa de uma página para a outra desse nosso jornal, reverbera e repercute por toda a cidade já acostumada às suas crônicas diárias, lidas todas as manhãs nos microfones da Antena 1 . . . Já disse que sobre o Carlos Bezerra direi tudo que puder enquanto ele for vivo o suficiente para concordar ou discordar do que disser a seu respeito. . .  Dessa vez só tenho a dizer que desejo-lhe prontíssimo restabelecimento. . .
Das letras de Carlos Bezerra li “José da Silva, o brasileiro” e fiquei na expectativa de ler também de sua lavra “João de Souza, o amapaense”. E não é só, quero ver mantido meu direito de lê-lo todos os dias, escreva ele sobre o que quiser e como quiser. Portanto, até por egoísmo exijo que o Carlos Bezerra deixe já o leito do hospital, levante e escreva...”
Hoje, três anos e oito meses depois quase posso repetir tudo que escrevi, com a diferença de que é preciso cuidado em não emocioná-lo mais do que pode suportar nesses momentos de tão grande esforço para outra vez deixar o leito hospitalar., praticamente o de mesmo número na mesma ala do mesmo hospital.
Dona Antonia, esposa, está a postos, firme como esteio de aquariquara. É ela que primeiro atende o telefone, para dizer com voz firme que o Carlos está melhor, que passou bem a noite, que já está voltando a ser o rabujento de sempre. É também dona Antonia que corre atrás dos alimentos, dos remédios, dos atendimentos e do conforto que o Carlos precisa receber enquanto convalesce. Como se não bastasse ver prostrado o gigante Bezerra, dona Antonia ainda tem que livrar a residência do corte de energia elétrica por falta de pagamento, imagina!
Dias bicudos não é Carlos Bezerra? Mas não muito diferentes daqueles de abril de 1999, no século e milênio passados, quando daí mesmo do quarto desse hospital talvez tenha lido o que escreveu o Hélio Pennafort no ETECÉTERA do Dito Popular, publicado em 07/04:  “Depois de umas quantas horas de passeio pelo rio, nada melhor do que pegar uma sombra no bambuzal que enfeita a ribanceira”.   
A analogia é a seguinte, querido amigo: Depois de tantos dias neste hospital, de tantos vazios no jornal Diário do Amapá, de tanto silêncio na Antena 1, de tantas angustias nos corações dos seus amigos, nada melhor do que voltar devagarinho para casa, para o quarteirão, para o bairro, para a cidade, para a vida dura de jornalista.
Por Deus, Carlos, levante e escreva., estamos aguardando, companheiro.  
             

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