AMIGO/IRMÃO.
Publicado originalmente no Jornal Ambiente, Ano 2 Nº8/2012
Não
sei que destino me levou à cabeceira do caixão aonde jazia morto o corpo do
amigo/irmão José Antonio Bonfim Salgado (quando lhe telefonava e dizia ôi Zé
Antonio, ele respondia prontamente: fala mineiro velho). Assim como não sei
desse mesmo destino que aproximou tanto as nossas almas – minha á dele. Foi de
qualquer forma, um proveitoso destino.
Muito
se escreveu sobre o jornalista Bonfim Salgado quase nada me restando
acrescentar, mas há o que dizer sobre o Zé Antonio, cuja alma ainda se pode
sentir alegrando a minha casa. Velando pela minha saúde.*
Nesta fotografia: ele de boina.
A
propósito escrevi e disse dias atrás: O Bonfim era desses homens bons para
tudo, próprios para nada. Era como uma pedra num ponto qualquer do Rio
Amazonas, aonde outra pessoa não ia. Era uma pedra sobre a qual a água
trabalhava sempre. Pedra cercada de
água e água cercando pedra.
Isso
mesmo, tantas vezes o percebi bem capaz de intervir na turbulência da minha
alma intentando, com isso, esculpir o exterior que eu lhe mostrava com palavras
ou atitudes. Foi assim se tornando imprescindível para mim. Imprescindível também para a minha casa, que
se fez cada vez mais sua na medida em que se dividia, generosamente, com os
meus filhos e netos. Não sabem quanto doeu ver esses meus chorando a sua morte.
Nesta foto: Em pé, de boina.
Bonfim procedia assim: Fazia-nos todos
grandes. Era um amigo sempre irmão.
Por
tanto fazer pelos outros conseguiu viver em liberdade e para a liberdade, a
propósito de que dizia sempre em todos os lugares: “paguei na cadeia para que
se diga o que queira a meu respeito”. É justo, portanto, que todo o Amapá se
pronuncie sobre o Bonfim. Fez bem o estado em levá-lo ao tumulo sobre carro de
Bombeiros Militares. Fez-lhe a vontade. Dizia sempre: “pompas e circunstancias
fazem parte de certas biografias”.
Nesta foto: com a minha neta nos seus dois anos(*).
Digo-lhes sem a menor confidencia que a
injustiça nacional e local matou aos poucos o gigantesco Bonfim. Via nela,
injustiça, uma ameaça a todos nós, por causa disso, e não da pobreza, sempre
tinha dentro de si o céu e o inferno. E sabia e dizia que choraríamos por ele
quando morresse.
Bonfim era asim, atencioso com o Senador Gilvm de mesma maneira qu com
a criança: meu neto Camilo.
a criança: meu neto Camilo.
Pensador, eis a essência daquele Bonfim Salgado. Nunca se
recusou a essa tarefa e nem a distanciou do Amapá que queria ver ao nosso
alcance. Bonfim, também por isso, era ilustre e bom. Até foi humilde com alguns
que o aproveitaram com arrogância. Quando muito agastado com miudezas ia
acomodar a sua alma às sombras de Santo Antonio da Pedreira (também lá deverá
haver o que o imortalize).
Nesta foto: De camisa rosa, em ótima mesa de bate papo e bom vinho.
Juntos cortamos ruas dessa Macapá, eu correndo o risco que
está em todo inicio de viagem ele, sorvendo a conquista de passear as ruas que
antes abriu, especialmente as do seu bairro.
-“Meu Deus do céu, isso daqui para baixo era um deserto,
agora vamos daqui ao centro da cidade sem molhar os pés”.
Nesta foto: Sua esposa, seu neto, ele, Leonai, eu e Reginaldo.
Eis a introdução para
discorrer longamente sobre a bravura do “velho” Bené, seu pai e da Dona
Antonia, sua mãe. Em cujos braços subiu aos céus.
Tudo foi bom na minha, não sei como agradecer ter-me
aportado aonde logo desembarcaria o José Antonio Bonfim Salgado, um dos maiores
homens que conheci. Graças a Deus.
Nesta foto: da esquerda para a direita:
Lindoval Peres, Juiz César, eu, Pierre Alcolumbre e Tadeu Pelaes
cesarbernardosouza@bol.com.br
*A noticia e a luta que travo
contra o câncer o abalaram muitíssimo.
(*) Bonfim nunca faltou ao aniversário de qualquer dos meus netos
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