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sábado, abril 07, 2012

MAIS BONFIM SALGADO


AMIGO/IRMÃO.
Publicado originalmente no Jornal Ambiente, Ano 2 Nº8/2012

Não sei que destino me levou à cabeceira do caixão aonde jazia morto o corpo do amigo/irmão José Antonio Bonfim Salgado (quando lhe telefonava e dizia ôi Zé Antonio, ele respondia prontamente: fala mineiro velho). Assim como não sei desse mesmo destino que aproximou tanto as nossas almas – minha á dele. Foi de qualquer forma, um proveitoso destino.
Muito se escreveu sobre o jornalista Bonfim Salgado quase nada me restando acrescentar, mas há o que dizer sobre o Zé Antonio, cuja alma ainda se pode sentir alegrando a minha casa. Velando pela minha saúde.*
 Nesta fotografia: ele de boina.
A propósito escrevi e disse dias atrás: O Bonfim era desses homens bons para tudo, próprios para nada. Era como uma pedra num ponto qualquer do Rio Amazonas, aonde outra pessoa não ia. Era uma pedra sobre a qual a água trabalhava sempre. Pedra cercada de água e água cercando pedra.
Isso mesmo, tantas vezes o percebi bem capaz de intervir na turbulência da minha alma intentando, com isso, esculpir o exterior que eu lhe mostrava com palavras ou atitudes. Foi assim se tornando imprescindível para mim.  Imprescindível também para a minha casa, que se fez cada vez mais sua na medida em que se dividia, generosamente, com os meus filhos e netos. Não sabem quanto doeu ver esses meus chorando a sua morte.
 Nesta foto: Em pé, de boina.
 Bonfim procedia assim: Fazia-nos todos grandes. Era um amigo sempre irmão. 
Por tanto fazer pelos outros conseguiu viver em liberdade e para a liberdade, a propósito de que dizia sempre em todos os lugares: “paguei na cadeia para que se diga o que queira a meu respeito”. É justo, portanto, que todo o Amapá se pronuncie sobre o Bonfim. Fez bem o estado em levá-lo ao tumulo sobre carro de Bombeiros Militares. Fez-lhe a vontade. Dizia sempre: “pompas e circunstancias fazem parte de certas biografias”.
Nesta foto: com a minha neta nos seus dois anos(*).
 Digo-lhes sem a menor confidencia que a injustiça nacional e local matou aos poucos o gigantesco Bonfim. Via nela, injustiça, uma ameaça a todos nós, por causa disso, e não da pobreza, sempre tinha dentro de si o céu e o inferno. E sabia e dizia que choraríamos por ele quando morresse.  
 Bonfim era asim, atencioso com o Senador Gilvm de mesma maneira qu com 
a criança: meu neto Camilo.

Pensador, eis a essência daquele Bonfim Salgado. Nunca se recusou a essa tarefa e nem a distanciou do Amapá que queria ver ao nosso alcance. Bonfim, também por isso, era ilustre e bom. Até foi humilde com alguns que o aproveitaram com arrogância. Quando muito agastado com miudezas ia acomodar a sua alma às sombras de Santo Antonio da Pedreira (também lá deverá haver o que o imortalize).
 Nesta foto: De camisa rosa, em ótima mesa de bate papo e bom vinho.
Juntos cortamos ruas dessa Macapá, eu correndo o risco que está em todo inicio de viagem ele, sorvendo a conquista de passear as ruas que antes abriu, especialmente as do seu bairro.
-“Meu Deus do céu, isso daqui para baixo era um deserto, agora vamos daqui ao centro da cidade sem molhar os pés”.
 Nesta foto: Sua esposa, seu neto, ele, Leonai, eu e Reginaldo.
 Eis a introdução para discorrer longamente sobre a bravura do “velho” Bené, seu pai e da Dona Antonia, sua mãe. Em cujos braços subiu aos céus.   
Tudo foi bom na minha, não sei como agradecer ter-me aportado aonde logo desembarcaria o José Antonio Bonfim Salgado, um dos maiores homens que conheci. Graças a Deus.
Nesta foto: da esquerda para a direita: 
Lindoval Peres, Juiz César, eu, Pierre Alcolumbre e Tadeu Pelaes


cesarbernardosouza@bol.com.br  
*A noticia e a luta que travo contra o câncer o abalaram muitíssimo.
(*) Bonfim nunca faltou ao aniversário de qualquer dos meus netos




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